terça-feira, 4 de agosto de 2020
Programa da revista Pesquisa FAPESP discute EaD com participação do Grupo LER
O Coordenador do Grupo LER/CNPq e professor da UFC, Eduardo Junqueira, participou de programa recente da revista Pesquisa FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) que discutiu características e desafios da EaD no contexto da pandemia provocada pelo Covid-19 (link para o vídeo do programa). Participaram também do programa a professora da USP, Regina Baldini, o gerente de políticas educacionais da Todos pela Educação, Gabriel Corrêa, e a professora da FAAP, Moira Toledo. O programa se originou de reportagem publicada anteriormente sobre a temática na revista (link).
quarta-feira, 22 de julho de 2020
Atualização do conceito de Networked Learning
Há décadas um grupo de pesquisadores europeus, dentre outros, reunidos em um consórcio científico (link) trabalha na construção de uma área de saber em torno do conceito de networked learning (aprendizagem conectada em rede) através de colaboração científica, conferências e publicações. O conceito possui fundamentação teórica das áreas do sócio-construtivismo, pedagogia crítica, teorias pós-humanista e feminista pós-estruturalista, CSCL e comunicação mediada por computador, dentre outras. Agora, esse grupo está desenvolvendo ações para atualizar o conceito.
No momento, circula um artigo (link), publicado na Postdigital Science and Education, que revê a história da construção desse conceito e propõe a seguinte atualização: "A aprendizagem em rede envolve processos de investigação colaborativa, cooperativa e coletiva, criação de conhecimento e ação com conhecimento, sustentada por relações de confiança, motivadas por um senso de desafio compartilhado e possibilitadas por tecnologias de convívio. O aprendizado em rede promove conexões: entre pessoas, entre locais de aprendizado e ação, entre idéias, recursos e soluções, através do tempo, espaço e mídia".
A partir do mês de setembro será aberto um canal de interação on-line para que pesquisadores de área contribuam para esse processo de atualização e ampliação da área de saber.
No momento, circula um artigo (link), publicado na Postdigital Science and Education, que revê a história da construção desse conceito e propõe a seguinte atualização: "A aprendizagem em rede envolve processos de investigação colaborativa, cooperativa e coletiva, criação de conhecimento e ação com conhecimento, sustentada por relações de confiança, motivadas por um senso de desafio compartilhado e possibilitadas por tecnologias de convívio. O aprendizado em rede promove conexões: entre pessoas, entre locais de aprendizado e ação, entre idéias, recursos e soluções, através do tempo, espaço e mídia".
A partir do mês de setembro será aberto um canal de interação on-line para que pesquisadores de área contribuam para esse processo de atualização e ampliação da área de saber.
quarta-feira, 1 de julho de 2020
Relatório inédito analisa como o público compreende práticas de dataficação em redes digitais
A dataficação opera no novo contexto de codificação das relações humanas nas redes digitais e se refere ao processo de quantificar todos os aspectos das interações socais nas redes e transformá-los em código através de processo automatizados e nem sempre transparentes para os usuários com fins mercadológicos e políticos. O mais detalhado relatório sobre pesquisas e seus resultados na área da dataficação, intitulado "Public understanding and perceptions of data practices: a review of existing research", acaba de ser publicado e está disponível para consulta neste link e integra os conteúdos do website Living with Data. A publicação é dividida em três seções: uma síntese dos principais resultados de pesquisas científica e outros artigos diversos na temática indicando como o público compreende a dataficação (incluindo relatórios de organizações diversas, etc.); um relatório completo e detalhado contendo os resultados das análises de todo o material publicado na temática entre 2015 e 2020, e um compêndio com a lista de todas a publicações identificadas na pesquisa.
Os resultados do estudo foram agrupados em 10 temas sobre as principais questões que envolvem a dataficação, dentre eles os níveis de conhecimento e de preocupação das pessoas sobre a dataficação, os fatores emocionais e de confiabilidade envolvidos, as percepções as pessoas sobre mudanças necessárias nas práticas de dataficação. De modo geral, os pesquisadores da University of Sheffield apresentaram a seguinte conclusão geral, em tradução livre:
"I - A questão dos dados é uma questão humana. Isto significa que a governança relacionada a dados
e a tomada de decisões deve ser centrada no ser humano. Ela precisa começar com as experiências e percepções das pessoas afetados pelas práticas de dados.
II - O contexto é importante. Quem reúne dados, o que e quais dados são coletados, para que
propósito e com que efeitos, influenciam atitudes das pessoas.
III - As desigualdades são importantes. As desigualdades sociais influenciam os níveis de conhecimento e compreensão, preocupações, grau de confiança e sentimentos sobre práticas de dados."
Os resultados do estudo foram agrupados em 10 temas sobre as principais questões que envolvem a dataficação, dentre eles os níveis de conhecimento e de preocupação das pessoas sobre a dataficação, os fatores emocionais e de confiabilidade envolvidos, as percepções as pessoas sobre mudanças necessárias nas práticas de dataficação. De modo geral, os pesquisadores da University of Sheffield apresentaram a seguinte conclusão geral, em tradução livre:
"I - A questão dos dados é uma questão humana. Isto significa que a governança relacionada a dados
e a tomada de decisões deve ser centrada no ser humano. Ela precisa começar com as experiências e percepções das pessoas afetados pelas práticas de dados.
II - O contexto é importante. Quem reúne dados, o que e quais dados são coletados, para que
propósito e com que efeitos, influenciam atitudes das pessoas.
III - As desigualdades são importantes. As desigualdades sociais influenciam os níveis de conhecimento e compreensão, preocupações, grau de confiança e sentimentos sobre práticas de dados."
terça-feira, 30 de junho de 2020
Artigo analisa o uso de inteligência artificial em fóruns assíncronos
Artigo do tipo relato de campo publicado por pesquisadores da North Texas University, em conferência da EDEN, European Distante and E-Learning Network, promove debate e reflexões sobre o polêmico e muito recente uso de inteligência artificial em atividades de aprendizagem online, O estudo se baseou em IA integrada em uma disciplina de biologia do primeiro semestre da universidade (link para o artigo). Importante salientar que esse uso não pode levar à substituição de professores e nem à precarização das atividades docentes.
Como relatado no artigo, os pesquisadores "...investigaram o impacto de uma plataforma de discussão baseada na IA, Packback, no aprendizado dos alunos e no fluxo de trabalho do professor em cursos on-line. O Packback aborda as discussões on-line usando um protocolo baseado no método socrático de questionar, atribuir aos alunos uma 'pontuação de curiosidade' e criar um boletim informativo de postagens em destaque. Inclui moderação automatizada de postagens inapropriadas. A IA, com base no comprimento das postagens, na estrutura da sentença e na presença de uma citação de fonte, entre outras variáveis, calcula as notas de classificação e curiosidade/interesse. A plataforma possui outros recursos que imitam um local de rede social e gamificam a experiência"(tradução livre). Ainda segundo os autores, "como a IA classifica e modera as postagens, os professores podem se concentrar em interações mais significativas com os alunos, como fornecer elogios públicos ou feedback particular/individualizado. Isso ajuda a estabelecer um senso de presença no ensino".
Dados foram coletados com apenas 3 tutores de atuaram na disciplina ofertada nessa sistemática e que relataram sobre impactos mas também ambiguidades da IA. Um ponto levantado pelos tutores foi a necessidade de saber melhor como o IA calcula as notas atribuídas às postagens e se elas incluem também o feedback dos tutores publicados no fórum, caracterizando assim o elemento de "ambiguidade" nomeado pelos pesquisadores -- forma de cálculo das notas, estrutura das postagens na plataforma, dentre outros.
Os autores identificaram elementos de incerteza mas também de curiosidade dos tutores sobre o funcionamento e uso da IA e também concluíram que: "os tutores enfrentaram o desafio de aprender uma nova tecnologia, entender como a IA funcionava e descobrir como melhor complementá-la com a intervenção humana, com interrupções mínimas na aprendizagem dos alunos ... Pesquisas adicionais estão em andamento e a equipe de pesquisa está entrevistando mais alunos e educadores ... para aumentar a validade dessas tendências ou identificar outros padrões emergentes nas disciplinas".

Dados foram coletados com apenas 3 tutores de atuaram na disciplina ofertada nessa sistemática e que relataram sobre impactos mas também ambiguidades da IA. Um ponto levantado pelos tutores foi a necessidade de saber melhor como o IA calcula as notas atribuídas às postagens e se elas incluem também o feedback dos tutores publicados no fórum, caracterizando assim o elemento de "ambiguidade" nomeado pelos pesquisadores -- forma de cálculo das notas, estrutura das postagens na plataforma, dentre outros.
Os autores identificaram elementos de incerteza mas também de curiosidade dos tutores sobre o funcionamento e uso da IA e também concluíram que: "os tutores enfrentaram o desafio de aprender uma nova tecnologia, entender como a IA funcionava e descobrir como melhor complementá-la com a intervenção humana, com interrupções mínimas na aprendizagem dos alunos ... Pesquisas adicionais estão em andamento e a equipe de pesquisa está entrevistando mais alunos e educadores ... para aumentar a validade dessas tendências ou identificar outros padrões emergentes nas disciplinas".
quarta-feira, 17 de junho de 2020
Novo e-book reúne relatos de campo das práticas de educadores durante a pandemia
Acaba de ser disponibilizada pela AACE-Association for the Advancement of Computing in Education uma coleta de curtos relatos de campo de autores-educadores sobre experiências vivenciadas na transição emergencial do modelo presencial para o remoto online (link para download gratuito) nos EUA em particular. Teaching, Technology, and Teacher Education During the COVID-19 Pandemic: Stories from the Field é uma obra bastante robusta, com 133 relatos em mais de 600 páginas, e está divida nos tópicos:
Todos os capítulos contém, além da Introdução, os tópicos: Inovação (da prática emergencial relatada), Resultados, Implicações, Pesquisas futuras, Referências e Apêndices. O livro é resultado do grande número de relatos submetidos para a chamada de artigos de edição temática já publicada pelo Journal of Technology and Teacher Education (link). Foram recebidos mais de 200 trabalhos e um novo processo de revisão originou a coletânea lançada agora em formato de e-book.
Segundo os editores, "por meio da edição especial e deste livro, adotamos um rápido 'modelo médico' de ir de uma 'solicitação de trabalhos' à publicação de uma edição especial em cerca de seis semanas e a um livro em cerca de oito semanas. Este foi realmente um experimento para nós, como editores e para muitos no campo que estavam escrevendo para nós, revisando para nós ou apenas observando o que estávamos fazendo. Acreditamos que esse modelo acelerado tem mérito e deve ser considerado para futuras publicações. Isso seria particularmente verdadeiro durante eventos que requerem resposta imediata (por exemplo, uma pandemia)".
- Estratégias pedagógicas online;
- Comunidade e colaboração;
- Experiências alternativas de campo na formação inicial de professores;
- Métodos e Pedagogia de Formação Inicial de Professores;
- Desenvolvimento profissional de educadores da educação básica;
- Ferramentas digitais;
- Questões de Equidade.
Todos os capítulos contém, além da Introdução, os tópicos: Inovação (da prática emergencial relatada), Resultados, Implicações, Pesquisas futuras, Referências e Apêndices. O livro é resultado do grande número de relatos submetidos para a chamada de artigos de edição temática já publicada pelo Journal of Technology and Teacher Education (link). Foram recebidos mais de 200 trabalhos e um novo processo de revisão originou a coletânea lançada agora em formato de e-book.
Segundo os editores, "por meio da edição especial e deste livro, adotamos um rápido 'modelo médico' de ir de uma 'solicitação de trabalhos' à publicação de uma edição especial em cerca de seis semanas e a um livro em cerca de oito semanas. Este foi realmente um experimento para nós, como editores e para muitos no campo que estavam escrevendo para nós, revisando para nós ou apenas observando o que estávamos fazendo. Acreditamos que esse modelo acelerado tem mérito e deve ser considerado para futuras publicações. Isso seria particularmente verdadeiro durante eventos que requerem resposta imediata (por exemplo, uma pandemia)".
terça-feira, 16 de junho de 2020
Erros comuns no ensino online e práticas mais adequadas às redes digitais
Uma das maiores dificuldades da transição do presencial para o online está no fato de que o contexto das redes sociais digitais, da internet, é muito diferente da sala de aula presencial, particularmente no que se refere à sociabilidade horizontal das redes em contraste com a autoridade e centralidade do professor. Não há soluções fáceis nem rápidas para esse dilema, mas cito um relato de pesquisa com adultos que nos ajuda a compreendê-lo um pouco mais para buscar práticas mais adequadas.
O artigo intitulado Learning in Social Networks: Rationale and Ideas for Its Implementation in Higher Education (Aprendizagem nas redes sociais: justificativa e idéias para sua implementação no ensino superior) (link) das pesquisadoras Ibis M. Alvarez e Marialexa Olivera-Smith, relata estudo estudo de 2013 mas que se mantém bastante atual. Elas investigaram processos informais de aprendizagem nas redes sociais digitais para discutir e refletir sobre dilemas da aprendizagem formal online. Segundo as autoras, processos informais de aprendizagem nas redes sociais resultam de múltiplas conexões e trocas entre participantes, que assumem tanto o papel de professor quanto de aprendizes, diferente da tradicional hierarquia de saberes da educação formal.
As pesquisadoras afirmam que "uma das questões mais delicadas sobre o uso das redes sociais no ensino superior é que atraem estudantes justamente porque não são controlados institucionalmente como AVAs, o que a maioria das universidades implementa com um único objetivo (a saber, o aprendizado)". Diante dessa constatação, no que se refere ao papel do professor nas redes, elas sugerem:
O artigo intitulado Learning in Social Networks: Rationale and Ideas for Its Implementation in Higher Education (Aprendizagem nas redes sociais: justificativa e idéias para sua implementação no ensino superior) (link) das pesquisadoras Ibis M. Alvarez e Marialexa Olivera-Smith, relata estudo estudo de 2013 mas que se mantém bastante atual. Elas investigaram processos informais de aprendizagem nas redes sociais digitais para discutir e refletir sobre dilemas da aprendizagem formal online. Segundo as autoras, processos informais de aprendizagem nas redes sociais resultam de múltiplas conexões e trocas entre participantes, que assumem tanto o papel de professor quanto de aprendizes, diferente da tradicional hierarquia de saberes da educação formal.
As pesquisadoras afirmam que "uma das questões mais delicadas sobre o uso das redes sociais no ensino superior é que atraem estudantes justamente porque não são controlados institucionalmente como AVAs, o que a maioria das universidades implementa com um único objetivo (a saber, o aprendizado)". Diante dessa constatação, no que se refere ao papel do professor nas redes, elas sugerem:
- Permitir que o grupo seja emergente em sua aprendizagem.
- Permitir que os participantes busquem seus próprios ritmos e formas de trabalhar juntos.
- Acompanhar atentamente o grupo, sem interferir, mas estando pronto para ajudar.
- Usar organizadores avançados para criar uma estrutura pedagógica para os participantes usarem quando estiverem prontos.
- Criar ações de "andaimes" (scaffolding) específicos em contextos específicos.
E propõem, ainda:
- A promoção de trabalho colaborativo ao invés de práticas de disseminação de informações.
- A introdução da auto-regulação da aprendizagem ao invés de trabalho dirigido pelo professor.
- Contribuir para o desenvolvimento de um senso de comunidade.
- Acomodar diferenças individuais.
- Estabelecer práticas de avaliação conectadas com tarefas típicas das redes digitais.
Marcadores:
aprendizagem online,
distance education,
docencia online,
ead,
educacao a distancia,
educacao superior,
ensino online,
higher education,
redes sociais,
social networks
segunda-feira, 15 de junho de 2020
IP.TV, usada por milhões na rede pública de ensino, tem ligações com bolsonaristas, revela The Intercept
Reportagem do site de notícias The Intercept (link) revela que a Ip.TV está sendo utilizada por 7,7 milhões de alunos em SP, Paraná, Amazonas, Pará e Piauí e é acusada de ser ligada a políticos bolsonaristas. Os repórteres Amanda Audi e Pedro Zambarda afirmam que "em um dos apps, os alunos são expostos diretamente a mentiras e teorias da conspiração bolsonaristas" e que "os aplicativos têm problemas: apresentam defeitos de transmissão de som e imagem e não funcionam em celulares mais antigos. Mais grave, entregam à IP.TV, a empresa que os desenvolveu, uma série de dados pessoais de estudantes menores de idade e seus professores". No aplicativo Mano, de streaming dessa empresa, o principal canal é a TV Bolsonaro e está acessível a todos os alunos usuários do serviço.
Segundo a reportagem, "para usar os aplicativos, professores e estudantes são obrigados a concordar com as políticas de privacidade, que incluem o acesso da IP.TV a dados das secretarias de educação, com informações como nome, e-mail, ano e série cursados. Além do álbum de fotos, os apps também podem ter acesso ao microfone do celular e a trocas de mensagens em grupos de bate-papo, que podem ficar guardadas por até seis meses. O Mano ainda pode exibir publicidade aos usuários – apesar de a IP.TV garantir que isso nunca foi feito".
Segundo a reportagem, "para usar os aplicativos, professores e estudantes são obrigados a concordar com as políticas de privacidade, que incluem o acesso da IP.TV a dados das secretarias de educação, com informações como nome, e-mail, ano e série cursados. Além do álbum de fotos, os apps também podem ter acesso ao microfone do celular e a trocas de mensagens em grupos de bate-papo, que podem ficar guardadas por até seis meses. O Mano ainda pode exibir publicidade aos usuários – apesar de a IP.TV garantir que isso nunca foi feito".
"Aprendizagem online não é o futuro", afirma professor de universidade da Califórnia
O provocativo artigo intitulado Online Learning Is Not the Future (link) merece a nossa atenção por alguns motivos. O mais importante é que o professor Peter Herman, da área de literatura inglesa, mostra opiniões de seus alunos (considerados por ele nativos digitais, e residentes da Califórnia) que, pela primeira vez, vivenciaram cerca de metade do curso presencial e, com a chegada da pandemia do Covid-19, a outra metade do curso online. Ou seja, eles puderam comparar o mesmo curso nas duas modalidades. Obviamente, a segunda metade se deu de forma emergencial e com todos os problemas gerados pela pandemia. Ainda assim, os depoimentos dos alunos precisam ser ouvidos, argumenta Herman.
O mais contundente deles afirmou: "Alguns dos melhores cursos que fiz durante meu tempo na faculdade foram em turmas pequenas, onde o professor e os alunos desenvolvem um senso de confiança um com o outro. Essa confiança só pode ser alcançada pelo contato pessoa a pessoa. Existe esse nível de intimidade que simplesmente não pode se desenvolver em um ambiente online. A experiência da faculdade é realmente sobre fazer conexões humanas" (tradução livre).
Em geral, os alunos reclamaram que "não pago mensalidade para assistir vídeos no Youtube sozinho"-- uma forte crítica a conteúdos gravados sem atividades interativas -- e da ausência/distanciamento do professor e da falta de práticas dialogadas de aprendizagem (professor-aluno; aluno-aluno). Outros depoimentos:
O mais contundente deles afirmou: "Alguns dos melhores cursos que fiz durante meu tempo na faculdade foram em turmas pequenas, onde o professor e os alunos desenvolvem um senso de confiança um com o outro. Essa confiança só pode ser alcançada pelo contato pessoa a pessoa. Existe esse nível de intimidade que simplesmente não pode se desenvolver em um ambiente online. A experiência da faculdade é realmente sobre fazer conexões humanas" (tradução livre).
Em geral, os alunos reclamaram que "não pago mensalidade para assistir vídeos no Youtube sozinho"-- uma forte crítica a conteúdos gravados sem atividades interativas -- e da ausência/distanciamento do professor e da falta de práticas dialogadas de aprendizagem (professor-aluno; aluno-aluno). Outros depoimentos:
- "[O curso] parecia fácil demais", escreveu um terceiro. "Não me senti desafiado como na primeira metade do semestre e senti que a qualidade do aprendizado havia caído muito."
- "Vi as palestras postadas, mas não estava aprendendo o material", escreveu outro. Ao todo, a mudança on-line causou "um profundo sentimento de perda".
- Um vídeo pré-gravado “é de longe o menos eficiente e benéfico [modo de aprendizado]. Vídeos pré-gravados não dão aos alunos espaço para fazer perguntas ou participar de discussões em classe”.
sexta-feira, 12 de junho de 2020
Revista Distance Education publica número temático sobre práticas de educação aberta
A revista Distance Education (link) acaba de publicar número temático sobre educação aberta (open education) intitulado Avançando com as práticas de educação aberta. Os editores propõem que as open educational practices (OEP) - práticas educacionais abertas - sejam compreendidas "como um construto multidimensional e interdisciplinar que engloba uma gama diversificada de práticas abertas - incluindo aumento do acesso a oportunidades e materiais educacionais, abordagens abertas à aprendizagem, ensino, pedagogia e conhecimentos científicos, e uso educacional de dados e softwares abertos".
E elaboram a problemática, no campo da pesquisa, ao argumentarem que: "no quadro conceitual do OEP, são práticas (em vez de, digamos, recursos ou cursos) que são descritas como abertas. No entanto, o que exatamente torna uma prática aberta ou fechada permanece uma questão em aberto; suas respostas são múltiplas e provisórias. A ênfase na abertura das práticas permite o uso da OEP como uma lente crítica através da qual se pode examinar exatamente o que, em um determinado caso, é aberto; para qual finalidade; e em benefício de quem (Havemann, 2020). Esses ângulos críticos são muito necessários para promover o debate acadêmico e, mais importante, as próprias práticas".
O número temático traz artigos que abordam a prática aberta inclusiva; a interseção entre justiça social, enriquecimento cultural e aprendizado ao longo da vida; a falta de diversidade epistêmica na OEP; as experiências dos alunos; as lições aprendidas com o uso de livros abertos, OEP na educação básica; o significado e a forma de colaboração na prática aberta e, por fim, a capacitação no e através do OEP.
Destaque para o artigo Affordances, challenges, and impact of open pedagogy: examining students’ voices, de Evrin Baran e Dan AlZoubi. O estudo relata resultados de relatórios reflexivos e entrevistas com 13 estudantes engajados em práticas de pedagogia aberta em torno dos temas de curadoria de conteúdo, feedback de colegas, envolvimento da comunidade, desenvolvimento, reflexão e scaffolding (assistência ativa), e apresenta um modelo de pedagogia aberta em ação para debate e reflexão.
E elaboram a problemática, no campo da pesquisa, ao argumentarem que: "no quadro conceitual do OEP, são práticas (em vez de, digamos, recursos ou cursos) que são descritas como abertas. No entanto, o que exatamente torna uma prática aberta ou fechada permanece uma questão em aberto; suas respostas são múltiplas e provisórias. A ênfase na abertura das práticas permite o uso da OEP como uma lente crítica através da qual se pode examinar exatamente o que, em um determinado caso, é aberto; para qual finalidade; e em benefício de quem (Havemann, 2020). Esses ângulos críticos são muito necessários para promover o debate acadêmico e, mais importante, as próprias práticas".
O número temático traz artigos que abordam a prática aberta inclusiva; a interseção entre justiça social, enriquecimento cultural e aprendizado ao longo da vida; a falta de diversidade epistêmica na OEP; as experiências dos alunos; as lições aprendidas com o uso de livros abertos, OEP na educação básica; o significado e a forma de colaboração na prática aberta e, por fim, a capacitação no e através do OEP.
Destaque para o artigo Affordances, challenges, and impact of open pedagogy: examining students’ voices, de Evrin Baran e Dan AlZoubi. O estudo relata resultados de relatórios reflexivos e entrevistas com 13 estudantes engajados em práticas de pedagogia aberta em torno dos temas de curadoria de conteúdo, feedback de colegas, envolvimento da comunidade, desenvolvimento, reflexão e scaffolding (assistência ativa), e apresenta um modelo de pedagogia aberta em ação para debate e reflexão.
domingo, 7 de junho de 2020
Revista FAPESP publica reportagem sobre mudanças na EaD na pandemia
A revista Pesquisa FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) acaba de publicar reportagem intitulada "Para além da sala de aula" de autoria do jornalista Bruno de Pierro. O texto possui abrangência internacional e aborda desafios, problemas e potenciais da educação a distância e as mudanças na educação escolar no contexto da pandemia do Covid-19. Acesso pelo link.
Além de depoimentos do coordenador do Grupo LER, da UFC, o artigo contou também com a contribuição do renomado pesquisador canadense Stephen Downes (Conselho Nacional de Pesquisa do Canadá) e de pesquisadores de destaque do Brasil, como Lucila Pesce (UNIFESP) e Klaus Schlünzen Junior (UNESP).
Além de depoimentos do coordenador do Grupo LER, da UFC, o artigo contou também com a contribuição do renomado pesquisador canadense Stephen Downes (Conselho Nacional de Pesquisa do Canadá) e de pesquisadores de destaque do Brasil, como Lucila Pesce (UNIFESP) e Klaus Schlünzen Junior (UNESP).
terça-feira, 2 de junho de 2020
Revista Horizontes, da SBC, publica série de artigos sobre educação online
A revista Horizontes, editada pela Sociedade Brasileira de Computação, inicia a publicação de uma série de artigos sobre a educação online a partir dos episódios deflagrados pela pandemia do Covid-19 no campo da educação não presencial. De autoria de Mariano Pimentel, doutor em Informática, e Felipe P. de Carvalho, doutorando em Educação, o artigo inicial da série é intitulado "Princípios da Educação Online: para sua aula não ficar massiva nem maçante!" (acesso no link). Como o título indica, os autores apresentam conceitos e práticas que caracterizam essa modalidade educacional através de 8 princípios detalhados no texto:
Princípio 1 – Conhecimento como “obra aberta” (em vez de “mensagem fechada”)
Princípio 2 – Curadoria de conteúdos + sínteses e roteiros de estudo (em vez da produção de conteúdos próprios para EAD)
Princípio 3 – Ambiências computacionais diversas (em vez de se restringir aos serviços do Ambiente de Aprendizagem)
Princípio 4 – Aprendizagem em rede, colaborativa (em vez de aprendizagem isolada)
Princípio 5 – Conversação entre todos, em interatividade (em vez de apresentação de conteúdos)
Princípio 6 – Atividades autorais inspiradas nas práticas da cibercultura (em vez de “estudo dirigido”)
Princípio 7 – Mediação docente online para colaboração (em vez de “tutoria reativa”)
Princípio 8 – Avaliação formativa e colaborativa, baseada em competências (em vez de apenas exames presenciais).
Agora os autores iniciaram o detalhamento desses 8 princípios em artigos específicos, aprofundando-os através de análise de perspectivas teóricas e de experiências práticas coletadas. O primeiro desse artigos intitula-se "Aprendizagem online é em rede, colaborativa: para o aluno não ficar estudando sozinho a distância" (acesso no link). Em breve, outros artigos detalhando princípios do artigo principal serão adicionados à coleção no website da Horizontes.
segunda-feira, 25 de maio de 2020
Quatro problemáticas das tecnologias digitais e da educação a distância no contexto emergencial do Covid-19
Em excelente editorial do periódico Learning, Media and Technology de 21 de maio, os editores britânicos Ben Williamson, Rebecca Eynon e John Potter elaboram 4 problemáticas das tecnologias digitais e da educação a distância no contexto emergencial do coronavírus: a economia política da pedagogia da pandemia, as desigualdades digitais, os novos espaços-tempos e hierarquias da pedagogia e as experimentações emergentes com as tecnologias educacionais. Os pesquisadores alertam para o fato de que "política pandêmica agora está se desenrolando através de tentativas de incorporar sistemas e práticas de educação pública, em âmbito internacional, em sistemas tecnológicos cada vez mais poderosos" e incentivam renovadas pesquisam que examinem essas práticas e seus efeitos" e alertam para a necessidade do exame detalhado e cuidadoso dos efeitos e consequências dessas práticas. O artigo completo está disponível neste link.
Ao analisarem as quatro problemáticas, os editores se baseiam em alguns estudos prévios e alertam para o forte caráter de oportunidade de negócios que a indústria das tecnologias educacionais tem imprimido ao período da pandemia e para a necessidade de sérios cuidados diante da expansão de sistemas nacionais de educação pública para essas plataformas comerciais online adentrando as casas dos estudantes com destaque a organismos internacionais como Unesco e Banco mundial nesse cenário em rápida transformação e disputas entre EUA e china também neste cenário. Alertam também para a fragilidade da retórica entorno dos nativos digitais e das muitas dificuldades de jovens em se manterem aptos da fazerem bom uso das tecnologias digitais para a aprendizagem, levantando a pergunta sobre o nível adequado de acesso digital e como jovens e famílias podem receber o suporte necessário para estudar em casa de forma sustentável e duradoura e os riscos imprevisíveis gerados pela ampliação do acesso.
Ao ratarem da terceira problemática citada, cunham o termo Bring Your Own School Home (BYOSH) (algo como: traga sua própria escola para casa) alertando para as múltiplas e exaustivas interferências com rotinas domésticas e familiares daí advindas da polissincrona aprendizagem remota e potencial sobrecarga cognitiva de professores, alunos e pais. Apontam para a terceira via do que nomeiam "Tecnologias de convívio". "Aqui, poderíamos invocar a noção de práticas que remetem ao poder, em que a direção do fluxo não se trata de "conteúdo" sendo entregue a jusante pelo algoritmo, mas de espaços mais abertos, agentes e produtivos para alunos e educadores", afirmam os editores. No que se refere à última problemática, a da experimentação atual com tecnologias educacionais no universo de 1,5 bilhões de estudantes do planeta, apontam para o surgimento de grandes bases de dados sobre eficácia dessas tecnologias e os ricos de precarização do trabalho dos educadores, acentuando o fortalecimento das práticas de dataficação e massificação, através da significativa ampliação dos usos das tecnologias em rede, na área educacional. "À medida que milhões de estudantes se inscrevem em novas plataformas para poder acessar a educação durante a pandemia, é necessário trazer de volta ao foco as preocupações de longa data sobre privacidade de dados e o uso de dados para caracterização e controle dos alunos", concluem.
Ao analisarem as quatro problemáticas, os editores se baseiam em alguns estudos prévios e alertam para o forte caráter de oportunidade de negócios que a indústria das tecnologias educacionais tem imprimido ao período da pandemia e para a necessidade de sérios cuidados diante da expansão de sistemas nacionais de educação pública para essas plataformas comerciais online adentrando as casas dos estudantes com destaque a organismos internacionais como Unesco e Banco mundial nesse cenário em rápida transformação e disputas entre EUA e china também neste cenário. Alertam também para a fragilidade da retórica entorno dos nativos digitais e das muitas dificuldades de jovens em se manterem aptos da fazerem bom uso das tecnologias digitais para a aprendizagem, levantando a pergunta sobre o nível adequado de acesso digital e como jovens e famílias podem receber o suporte necessário para estudar em casa de forma sustentável e duradoura e os riscos imprevisíveis gerados pela ampliação do acesso.
Ao ratarem da terceira problemática citada, cunham o termo Bring Your Own School Home (BYOSH) (algo como: traga sua própria escola para casa) alertando para as múltiplas e exaustivas interferências com rotinas domésticas e familiares daí advindas da polissincrona aprendizagem remota e potencial sobrecarga cognitiva de professores, alunos e pais. Apontam para a terceira via do que nomeiam "Tecnologias de convívio". "Aqui, poderíamos invocar a noção de práticas que remetem ao poder, em que a direção do fluxo não se trata de "conteúdo" sendo entregue a jusante pelo algoritmo, mas de espaços mais abertos, agentes e produtivos para alunos e educadores", afirmam os editores. No que se refere à última problemática, a da experimentação atual com tecnologias educacionais no universo de 1,5 bilhões de estudantes do planeta, apontam para o surgimento de grandes bases de dados sobre eficácia dessas tecnologias e os ricos de precarização do trabalho dos educadores, acentuando o fortalecimento das práticas de dataficação e massificação, através da significativa ampliação dos usos das tecnologias em rede, na área educacional. "À medida que milhões de estudantes se inscrevem em novas plataformas para poder acessar a educação durante a pandemia, é necessário trazer de volta ao foco as preocupações de longa data sobre privacidade de dados e o uso de dados para caracterização e controle dos alunos", concluem.
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sexta-feira, 22 de maio de 2020
A boa alternativa das interfaces digitais livres em tempos de pandemia
As atividades escolares remotas em tempos de pandemia do Covid-19 levaram muitas pessoas, inclusive crianças, a utilizarem novas interfaces digitais para atividades diversas na internet. Um aspecto desse uso refere-se aos riscos envolvidos, como a exposição a conteúdos inadequados e a ausência de garantias de privacidade das trocas comunicacionais (a plataforma Zoom, por exemplo, admitiu que conteúdos de conversas foram vazados antes de promover melhorias tecnológicas no serviço). Além disso, os serviços comerciais, em sua grande maioria, coletam dados de uso dos usuários para fins comerciais, constituindo práticas de vigilância eletrônica em rede (para mais detalhes sobre essa problemática, ver este artigo no link).
Uma alternativa recomendada hoje são aquelas interfaces e serviços desenvolvidos segundo a filosofia colaborativa e aberta do software livre, que privilegia o usuário e sua liberdade em detrimento do desenvolvedor do produto, ou seja, os interesses mercadológicos da empresa de software. Em resumo, como esses softwares são desenvolvidos em equipes autônomas e possuem seus dados computacionais abertos (o que é tecnicamente chamado de código-fonte aberto), qualquer desenvolvedor ou interessado poderá acessá-lo e verificar suas formas de funcionamento, como os mecanismos de coleta de dados de usuários, se houver – ao contrário do que acontece com a enorme maioria dos produtos comerciais fechados hoje disponíveis na internet. Em geral essas interfaces, quando trazem termos e condições de uso, o fazem de forma mais transparente.
Há produtos desse tipo que são conhecidos por uma parcela da população, dentre eles os sistemas de mensagens instantâneas Signal e Q-municate, o navegador para internet Tor, o buscador para internet DuckDuckGo e serviços de e-mail, em geral sediados em países europeus, como o Posteo, da Alemanha, e o Openmailbox, da França.

Ao clicar no nome de cada empresa ou software proprietário, você verá alternativas livres que adotam diretrizes e práticas mais claras sobre a privacidade e segurança dos usuários neste link
Segue um breve lista de interfaces e serviços livres, ou seja, em código aberto o que permite verificar seu modo de funcionamento pelo exame do código-fonte aberto:
AVA Moodle (inclusive com interface para dispositivos móveis): https://moodle.org/?lang=pt_br
Buscador para internet DuckDuckGo: https://duckduckgo.com/
Navegador para internet TOR:https://www.torproject.org/pt-BR/download/
Conferências e vídeo chamadas sem login (porém, sem criptografia ponta a
ponta):
* Jitsi do Systemli: https://meet.systemli.org/
* Jitsi do Autistici/Inventati: https://vc.autistici.org/
* Jitsi do Mayfirst: https://meet.mayfirst.org/
* Jitsi do Immerda: https://meet.immerda.ch/
Elaboração de textos de forma compartilhada:
* https://pad.systemli.org/
* https://pad.riseup.net/
* https://framapad.org
Compartilhamento temporário de arquivos (100mb max, expira em 1 semana)
* https://share.riseup.net/
Outros serviços comunitários (mapas, formulários e muito mais):
* https://framasoft.org/en/
ponta):
* Jitsi do Systemli: https://meet.systemli.org/
* Jitsi do Autistici/Inventati: https://vc.autistici.org/
* Jitsi do Mayfirst: https://meet.mayfirst.org/
* Jitsi do Immerda: https://meet.immerda.ch/
Elaboração de textos de forma compartilhada:
* https://pad.systemli.org/
* https://pad.riseup.net/
* https://framapad.org
Compartilhamento temporário de arquivos (100mb max, expira em 1 semana)
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Outros serviços comunitários (mapas, formulários e muito mais):
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quarta-feira, 20 de maio de 2020
O conhecimento científico e as práticas educacionais híbridas emergentes
Apesar dos valorosos esforços de educadores de todas as latitudes engajados na busca de soluções para os atuais problemas da educação não-presencial, percebe-se certa fragilidade de práticas implementadas, algumas reproduzindo problemas da educação presencial. Muitas carecem de conhecimentos científicos e ganham espaço movidas por interesses comerciais diversos e que nem sempre priorizam a qualidade do processo formativo dos estudantes. Dois documentos são muito úteis nesse momento não apenas para embasarem práticas educacionais tradicionais e emergentes, mas também para alertarem para a fragilidade do conhecimento científico disponível sobre algumas ações pedagógicas, especialmente sobre os modelos híbridos -- a união do presencial com o on-line -- de ensino (o blended learning).
O primeiro documento que tem muita utilidade é da área de educação a distância (EaD) e intitula-se What works in distance learning (O que funciona na educação a distância) editado pelo professor Harold F. O’Neil da University of Southern California. Foi divulgado pela primeira vez em 2003 e, anos depois, deu origem a um livro com o mesmo título que se encontra disponível para venda na internet. Esses conhecimentos não devem ser transferidos automaticamente para práticas híbridas (ainda que possam iluminar algumas delas) e muitos não se aplicam a crianças. Referem-se a práticas tradicionais de EaD com adultos. O documento, em inglês, pode ser acessado neste link.
O relatório traz informações em tópicos com diretrizes de ações sobre cinco esferas da educação a distância: formas de instrução, uso de multimídia, estratégias de aprendizagem, gestão e avaliação. Cada tópico foi desenvolvido por especialistas na área e contém dados assim organizados: explicações gerais e técnicas sobre a diretriz apresentada, a origem da diretriz e o seu grau de confiabilidade com base em resultados de pesquisas científicas, comentários (citando estudos prévios que sustentam a diretriz), referências, glossário e usuários a que se destina.
Por exemplo, no capítulo 2 o pesquisador Richard Clark afirma que "[em um curso a distância] à medida que o controle, a liberdade do estudante aumentam, o aprendizado diminui, exceto por um número muito pequeno dos estudantes mais avançados". Ou seja, "quando os cursos a distância estabelecem o sequenciamento, as estratégias de aprendizagem durante a instrução e permitem apenas o controle mínimo do estudante sobre o ritmo, então, exceto os alunos de alta performance, o aprendizado irá aumentar". O documento informa que a diretriz é baseada em "pesquisas" e que o grau de confiança na afirmativa é "alto". Em seguida, no tópico "Comentários" do relatório, o pesquisador explica a diretriz: "... Uma revisão abrangente e meta-análise de muitos estudos de controle de alunos [...] relataram um impacto negativo geral [do excesso de controle]. Esse impacto negativo se estende a estudos em que os alunos foram autorizados a selecionar a quantidade de controle que exerceram ao longo do curso [...] ". O tópico segue indicando os estudos que baseiam a diretriz e traz um glossário com explicações sobre conceitos utilizados e uma lista dos artigos científicos cujos estudos embasam a diretriz proposta. Em resumo, a diretriz informa que um bom curso a distância deve ter atividades bastante estruturadas, conter instruções claras e objetivas sobre o que o estudante precisa fazer e como deve fazer.
O outro documento de referência, intitulado Preparing for the Digital University, trata da digitalização das universidades e centra-se nos cursos massivos on-line conhecidos como MOOCs. Foi produzido por pesquisadores renomados sob a coordenação de George Siemens e financiado pela fundação mantida por Bill Gates e sua esposa. O documento se divide em 4 capítulos -- um deles sobre o ensino híbrido -- em que são apresentadas revisões sistemáticas dos principais estudos científicos desenvolvidos e conclusões sobre o "estado da arte" do conhecimento, muitos deles ainda válidos hoje. Acesso ao documento completo neste link.
Destaca-se o tópico sobre ensino híbrido, prática que se anuncia como importante hoje diante das dificuldade da pandemia para a reabertura das escolas e universidade e altos riscos de agravamento do contágio e mortes pelo Covid-19. No que se refere, portanto, ao tópico do ensino híbrido, as conclusões com bases em conhecimentos científicos são pouco alentadoras, pois o conhecimento é frágil e recomenda cautela. A seguir reproduzimos trecho traduzido do documento com conclusões apresentadas pelos pesquisadores:
"Primeiro, as conclusões dos estudos de eficácia concluem que a combinação de modelos instrucionais presencial e online tem um efeito mais alto no desempenho acadêmico do aluno do que qualquer um dos modelos independentes. No entanto, até o momento, existem evidências limitadas sobre quais métodos específicos de mesclagem afetam positivamente o desempenho acadêmico. Segundo, as práticas instrucionais recomendadas refletem as melhores práticas existentes desenvolvidas nos modos online e presencial, com forte dependência do online/EaD. O (re)design do curso mantém seu foco em abordagens que ajudam a capitalizar os benefícios percebidos desses modos de entrega separados, por exemplo, a presença social aprimorada e a construção de relacionamentos através dos modos presenciais (Rovai & Jordan, 2004; Shea & Bidjerano, 2013), e o controle do aluno e a flexibilidade de acesso através dos modos online (Graham, 2013). Terceiro, o campo de pesquisa se apóia fortemente nos conceitos desenvolvidos na educação online/EaD, enquanto não possui suas próprias teorias para abordar a própria mistura [o modelo híbrido]. Consequentemente, apesar da abundância de relatos individuais de experiências combinadas, há uma falta de pesquisa empírica da especificidade do modelo híbrido para refinar as lentes teóricas específicas da combinação presencial-online.
O primeiro documento que tem muita utilidade é da área de educação a distância (EaD) e intitula-se What works in distance learning (O que funciona na educação a distância) editado pelo professor Harold F. O’Neil da University of Southern California. Foi divulgado pela primeira vez em 2003 e, anos depois, deu origem a um livro com o mesmo título que se encontra disponível para venda na internet. Esses conhecimentos não devem ser transferidos automaticamente para práticas híbridas (ainda que possam iluminar algumas delas) e muitos não se aplicam a crianças. Referem-se a práticas tradicionais de EaD com adultos. O documento, em inglês, pode ser acessado neste link.

Por exemplo, no capítulo 2 o pesquisador Richard Clark afirma que "[em um curso a distância] à medida que o controle, a liberdade do estudante aumentam, o aprendizado diminui, exceto por um número muito pequeno dos estudantes mais avançados". Ou seja, "quando os cursos a distância estabelecem o sequenciamento, as estratégias de aprendizagem durante a instrução e permitem apenas o controle mínimo do estudante sobre o ritmo, então, exceto os alunos de alta performance, o aprendizado irá aumentar". O documento informa que a diretriz é baseada em "pesquisas" e que o grau de confiança na afirmativa é "alto". Em seguida, no tópico "Comentários" do relatório, o pesquisador explica a diretriz: "... Uma revisão abrangente e meta-análise de muitos estudos de controle de alunos [...] relataram um impacto negativo geral [do excesso de controle]. Esse impacto negativo se estende a estudos em que os alunos foram autorizados a selecionar a quantidade de controle que exerceram ao longo do curso [...] ". O tópico segue indicando os estudos que baseiam a diretriz e traz um glossário com explicações sobre conceitos utilizados e uma lista dos artigos científicos cujos estudos embasam a diretriz proposta. Em resumo, a diretriz informa que um bom curso a distância deve ter atividades bastante estruturadas, conter instruções claras e objetivas sobre o que o estudante precisa fazer e como deve fazer.
O outro documento de referência, intitulado Preparing for the Digital University, trata da digitalização das universidades e centra-se nos cursos massivos on-line conhecidos como MOOCs. Foi produzido por pesquisadores renomados sob a coordenação de George Siemens e financiado pela fundação mantida por Bill Gates e sua esposa. O documento se divide em 4 capítulos -- um deles sobre o ensino híbrido -- em que são apresentadas revisões sistemáticas dos principais estudos científicos desenvolvidos e conclusões sobre o "estado da arte" do conhecimento, muitos deles ainda válidos hoje. Acesso ao documento completo neste link.
Destaca-se o tópico sobre ensino híbrido, prática que se anuncia como importante hoje diante das dificuldade da pandemia para a reabertura das escolas e universidade e altos riscos de agravamento do contágio e mortes pelo Covid-19. No que se refere, portanto, ao tópico do ensino híbrido, as conclusões com bases em conhecimentos científicos são pouco alentadoras, pois o conhecimento é frágil e recomenda cautela. A seguir reproduzimos trecho traduzido do documento com conclusões apresentadas pelos pesquisadores:
"Primeiro, as conclusões dos estudos de eficácia concluem que a combinação de modelos instrucionais presencial e online tem um efeito mais alto no desempenho acadêmico do aluno do que qualquer um dos modelos independentes. No entanto, até o momento, existem evidências limitadas sobre quais métodos específicos de mesclagem afetam positivamente o desempenho acadêmico. Segundo, as práticas instrucionais recomendadas refletem as melhores práticas existentes desenvolvidas nos modos online e presencial, com forte dependência do online/EaD. O (re)design do curso mantém seu foco em abordagens que ajudam a capitalizar os benefícios percebidos desses modos de entrega separados, por exemplo, a presença social aprimorada e a construção de relacionamentos através dos modos presenciais (Rovai & Jordan, 2004; Shea & Bidjerano, 2013), e o controle do aluno e a flexibilidade de acesso através dos modos online (Graham, 2013). Terceiro, o campo de pesquisa se apóia fortemente nos conceitos desenvolvidos na educação online/EaD, enquanto não possui suas próprias teorias para abordar a própria mistura [o modelo híbrido]. Consequentemente, apesar da abundância de relatos individuais de experiências combinadas, há uma falta de pesquisa empírica da especificidade do modelo híbrido para refinar as lentes teóricas específicas da combinação presencial-online.
Essa dependência dos dois modos de entrega (presencial/online), que deu origem ao modelo híbrido, resulta em poucas evidências sobre a real combinação dos dois modelos - um conjunto diversificado de práticas com o potencial de superar o status de um modo de entrega combinado para se tornar um método pedagógico eficaz. Embora as escolhas por trás da pedagogia estejam altamente relacionadas ao desenvolvimento do processo de aprendizagem, na verdade existem poucas evidências sobre o aprendizado nas práticas da aprendizagem híbrida. Apesar de existirem projetos de pesquisa complexos e com diversas nuances, estudos recentes sobre a eficácia da aprendizagem híbrida se enquadram na categoria "pesquisa de aprendizagem de superfície" (Ross & Morrison, 2014), pois não mostram o efeito de vários tipos de aprendizagem, mantendo o foco apenas na performance dos estudantes e em seu desempenho acadêmico. Além disso, as práticas instrucionais mal abordam as interações entre os alunos e o conteúdo, e o papel do professor tem sido negligenciado. Finalmente, a pesquisa não adota teorias que unam sinergicamente o aprendizado que ocorre entre a conexão do físico com o virtual.
A pesquisa sobre a aprendizagem híbrida forneceu algumas evidências de que certos tipos de tecnologia são mais propícios à aferição de resultados de aprendizagem, o que traz o meio [a tecnologia, a mídia] de volta à conversa sobre aprendizagem e pedagogia (Clark, 1983; Kozma, 1991, 1994). Além disso, o desenvolvimento de recursos tecnológicos e da onipresença tecnológica em algumas partes do mundo sugere que a tecnologia digital pode ajudar a estender os processos informais de aprendizagem, tanto social quanto cognitivamente. Em outras palavras, além de diminuir a distância psicológica entre os participantes separados [fisicamente] no processo de aprendizagem, apesar de sua proximidade percebida (Thompson, 2007), as atividades pedagógicas mediadas pela tecnologia precisam se adequar ao que essa tecnologia pode propiciar.
Em suma, com base nas evidências sintetizadas neste relatório, argumentamos que insights mais profundos e focados na aprendizagem digital - ou seja, a aprendizagem mediada por vários métodos tecnológicos de transcender o espaço físico e virtual - permitiriam que os praticantes da aprendizagem híbrida fizessem melhores escolhas pedagógicas. Além disso, relatos mais detalhados das práticas da aprendizagem híbrida, tanto por administradores quanto por pesquisadores, ajudará nosso entendimento das nuances da aprendizagem híbrida para além do aspecto que se refere ao modelo de instrução que combina elementos do presencial e do online. Por fim, o foco na interação entre processos de aprendizagem e recursos tecnológicos permitiria que os pesquisadores da aprendizagem híbrida reformulassem suas investigações de maneira a levar a um amadurecimento adicional do campo" (páginas 83 e 84 do relatório).
quarta-feira, 13 de maio de 2020
Técnica de Rastreamento Ocular Revela Estratégias de Alunos de EaD
A Revista Brasileira de Educação Aberta e a Distância acaba de publicar o artigo Técnica de Rastreamento Ocular Revela Estratégias de Ações Múltiplas e não Lineares de Navegação Virtual de Alunos de EAD no AVA e na Internet. O estudo integra projeto de pesquisa do Grupo LER e foi parcialmente financiado pelo CNPq. A coleta dos dados foi conduzida com alunos da parceria UFC-UAB e contou, dentre outras, com a técnica do rastreamento ocular - inédita nesta área da educação - e que compreende a documentação e a análise dos movimentos dos olhos dos alunos enquanto estudam com o computador. Isso gerou uma base de informações com dados altamente precisos, detalhados e confiáveis sobre as ações dos alunos de EaD quando estudam. Clique aqui para acessar o artigo.
Algumas conclusões do estudo foram: "Ao navegar no AVA, em geral, os alunos não seguiram a sequência linear do ambiente e, especificamente nas páginas das Aulas, desprezaram alguns elementos imagéticos e hipertextuais por considera-los dispensáveis à aprendizagem. Os dados analisados originaram duas categorias de navegação virtual: simples, em que os alunos se concentram na navegação no AVA; e complexas, na qual os alunos percorreram trilhas diversas e acessaram websites, blogs, arquivos na rede e ampliaram os conteúdos disponibilizados no AVA. Isso gerou, em alguns casos, perda de foco na tarefa e dificuldades na compreensão de conceitos. Ressalta-se a ação autônoma do aluno de EaD ao formular e executar estratégias de navegação adequadas a seus objetivos de estudo, às características do AVA e aos materiais de estudo, visando realizar atividades programadas e aprender".
Algumas conclusões do estudo foram: "Ao navegar no AVA, em geral, os alunos não seguiram a sequência linear do ambiente e, especificamente nas páginas das Aulas, desprezaram alguns elementos imagéticos e hipertextuais por considera-los dispensáveis à aprendizagem. Os dados analisados originaram duas categorias de navegação virtual: simples, em que os alunos se concentram na navegação no AVA; e complexas, na qual os alunos percorreram trilhas diversas e acessaram websites, blogs, arquivos na rede e ampliaram os conteúdos disponibilizados no AVA. Isso gerou, em alguns casos, perda de foco na tarefa e dificuldades na compreensão de conceitos. Ressalta-se a ação autônoma do aluno de EaD ao formular e executar estratégias de navegação adequadas a seus objetivos de estudo, às características do AVA e aos materiais de estudo, visando realizar atividades programadas e aprender".
quinta-feira, 30 de abril de 2020
Metodologias de aprendizagem ativa melhoram performance de estudantes de grupos minoritários
Está repercutindo nas redes e meios acadêmicos artigo publicado por grupo de pesquisadores da área de ciências biológicas na prestigiada revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (PNAS). Intitulado Active learning narrows achievement gaps for underrepresented students in undergraduate science, technology, engineering, and math, o artigo apresenta resultados de revisão sistemática de 41 estudos que demonstrou que disciplinas e cursos centrados nas metodologias da aprendizagem ativa (em que os próprios alunos realizam atividades, diferente das aulas expositivas tradicionais) respondem:
- por uma redução de 33% na diferença entre os valores das notas obtidas em avaliações formais de estudantes de minorias (negros, latinos, indígenas e de baixa renda) quando comparadas com estudantes tradicionais (brancos e de origem asiática);
- por uma redução de 45% nos índices de aprovação em disciplinas também na comparação entre estudantes de minorias e estudantes tradicionais.
Os autores alertam, porém, para o fato de que reduções importantes das diferenças de notas e de aprovação entre os dois segmentos somente ocorrem quando o design de cursos com base na aprendizagem ativa se somam a: 1) uma prática comprometida com o avanço dessas minorias e 2) uma docência inclusiva, ou seja, quando o professor acredita que estudantes dessas minorias podem ser bem sucedidos. Isso terá impacto positivo inclusive para redução dos índices de evasão nos cursos dessas áreas. Os pesquisadores alertam: "...os professores pouco familizarizados com a aprendizagem ativa podem precisar iniciar seus esforços para redesenhar cursos com intervenções de baixa intensidade e com menor probabilidade de melhorar os resultados dos seus alunos de imediato. Nesse caso, o objetivo deve ser o de persistir, fazendo mudanças incrementais até que todos os instrutores estejam ensinando em uma estrutura de alta intensidade e baseada em evidências [da aprendizagem ativa], adaptada aos seus cursos e populações de estudantes".
Os autores concluem: "Nossos resultados apóiam propostas para substituir palestras tradicionais [aulas expositivas] por projetos de cursos de aprendizado ativo e baseados em evidências nas disciplinas STEM [das ciências exatas e biológicas] e sugerem que inovações em estratégias instrucionais podem aumentar a equidade no ensino superior".
Marcadores:
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active learning,
aprendizagem ativa,
ciências biológicas,
ciências exatas,
evasão,
fracasso escolar,
minorias,
minorities,
PNAS,
STEM
segunda-feira, 27 de abril de 2020
Novas pesquisas sobre educação on-line orientam práticas atuais
No contexto de iniciativas diversas em tempos de distanciamento social, resultados de pesquisas científicas devem guiar ações da educação on-line. A última edição do Computers & Education traz pelo menos dois estudos que podem contribuir para melhor avaliar propostas e iniciativas atuais. O artigo Online vs traditional homework: A systematic review on the benefits to students’ performance recomenda cautela em atividades totalmente do "dever de casa" com base em revisão sistemática sobre o tema. A pesquisa analisou 31 estudos já publicados sobre "dever de casa", realizados através de plataformas educacionais (como ambientes virtuais de aprendizagem) e de forma tradicional, por estudantes universitários das áreas de ciências exatas.
Metade dos estudos analisados (15) não demonstraram ganhos de aprendizagem dos alunos ao realizarem o "dever de casa" on-line. Nove estudos demonstraram benefícios das tarefas on-line e seis deles apresentaram resultados mistos, não indicando benefícios claros de uma modalidade em comparação com a outra. Dessa forma, os autores consideram que um formato híbrido possa ser o mais benéfico aos estudantes.
O segundo artigo, intitulado Multimodal digital classroom assessments apresenta resultados positivos de práticas educativas na Noruega em que professores desenvolveram e aplicaram instrumentos de avaliação da aprendizagem multimodais (com elementos textuais e audiovisuais digitais, como a criação de um vídeo sobre conceitos da matemática) com seus alunos que oferecem alternativas viáveis aos tradicionais testes padronizados aplicados nas redes de ensino por terem sido considerados válidos.
Metade dos estudos analisados (15) não demonstraram ganhos de aprendizagem dos alunos ao realizarem o "dever de casa" on-line. Nove estudos demonstraram benefícios das tarefas on-line e seis deles apresentaram resultados mistos, não indicando benefícios claros de uma modalidade em comparação com a outra. Dessa forma, os autores consideram que um formato híbrido possa ser o mais benéfico aos estudantes.
O segundo artigo, intitulado Multimodal digital classroom assessments apresenta resultados positivos de práticas educativas na Noruega em que professores desenvolveram e aplicaram instrumentos de avaliação da aprendizagem multimodais (com elementos textuais e audiovisuais digitais, como a criação de um vídeo sobre conceitos da matemática) com seus alunos que oferecem alternativas viáveis aos tradicionais testes padronizados aplicados nas redes de ensino por terem sido considerados válidos.
quinta-feira, 23 de abril de 2020
Dificuldades dos professores universitários dos EUA e Canadá com a docência on-line na pandemia
O primeiro levantamento sobre o comportamento das ações on-line de professores universitários dos EUA (846 professores em 641 IES) e Canadá (20 professores) no contexto da pandemia do Covid-19 acaba se ser publicado e revela problemas e dificuldades enfrentadas por esses profissionais, a maioria sem experiência prévia com a docência não presencial. O dado mais preocupante aponta que a grande maioria dos professores transferiu suas aulas presenciais para algum sistema de vídeo-aula, dando a entender que o foco foi a transmissão de conteúdos pela internet sem um desenho didático e um contexto digital voltado a esse fim (ao contrário, professores com experiência on-line mais freqüentemente evitaram video-aulas e utilizaram AVAs). Além disso, a maioria dos professores sem experiência on-line admitiu que reduziu o nível de cobrança de suas disciplinas, bem como o número de atividades com nota. Essas práticas foram menos pronunciadas no caso daqueles professores que já possuíam algum conhecimento e experiência prática prévia com a docência on-line. Esse outro link traz informações mais detalhadas sobre o estudo. Conhecimentos considerados mais críticos e desejáveis para esses professores foram aquelas que se referiam às melhores maneiras de oferecer suporte aos alunos on-line e sobre como se tornarem bem sucedidos nesse contexto.
sexta-feira, 17 de abril de 2020
Sala de aula invertida tem resultados moderados para melhoria da aprendizagem discente
Artigo publicado na Education Research Review intitulado The Flipped Classroom: A Meta-Analysis of Effects on Student Performance across Disciplines and Education Levels realizou uma meta analise de 198 estudos sobre essa metodologia (e suas variações) e que envolveram quase 40 mil alunos da educação básica e superior em diversos países. Os resultados indicaram melhoria moderada da aprendizagem resultante da aplicação da metodologia da sala de aula invertida quando comparada com metodologias "tradicionais" da sala de aula, particularmente no ensino médio.
Em geral essa metodologia é desenvolvida através da introdução de conceitos aos estudantes para estudo antes da aula, via linguagem audiovisual ou de outro formato, seguida de atividades em pequenos grupos em sala e mais atividades relacionadas após a aula. A maior parte dos estudos analisados eram das disciplinas de matemática, medicina, ciências físicas e humanidades, tendo sido identificados os resultados mais positivos nesta última e os menos significativos na primeira.
Um elemento importante destacado pelos autores é que os eventuais ganhos de aprendizagem se devem aos componentes da metodologia de: atividades estruturadas; resolução de problemas; e -- o que me parece mais importante e louvável -- a autonomia e iniciativa dos alunos, esse um elemento complexo, desejável e nem sempre factível nas salas de aulas em contextos frágeis e desafiadores.
Em geral essa metodologia é desenvolvida através da introdução de conceitos aos estudantes para estudo antes da aula, via linguagem audiovisual ou de outro formato, seguida de atividades em pequenos grupos em sala e mais atividades relacionadas após a aula. A maior parte dos estudos analisados eram das disciplinas de matemática, medicina, ciências físicas e humanidades, tendo sido identificados os resultados mais positivos nesta última e os menos significativos na primeira.
Um elemento importante destacado pelos autores é que os eventuais ganhos de aprendizagem se devem aos componentes da metodologia de: atividades estruturadas; resolução de problemas; e -- o que me parece mais importante e louvável -- a autonomia e iniciativa dos alunos, esse um elemento complexo, desejável e nem sempre factível nas salas de aulas em contextos frágeis e desafiadores.
quarta-feira, 1 de abril de 2020
Reflexões críticas sobre o ensino e a aprendizagem remotas e a EaD em tempos do COVID-19
O site de notícias e análises Outras Palavras acaba de publicar artigo intitulado Vigilância em tempos de educação à distância, de autoria do pesquisador coordenador do Grupo LER/CNPq/UFC. O texto analisa problemas de acesso a dados e à privacidade e segurança dos usuários de ambientes educacionais e genéricos de empresas de tecnologia em rede no contexto do "capitalismo de plataforma". Esse artigo integra uma série de publicações sobre pesquisas desenvolvidas pelo Grupo LER/CNPq que tem apresentado análises críticas, baseadas em pesquisas sistemáticas, decorrentes do recente fenômeno do cancelamento das aulas presenciais em escolas e universidade e a busca por soluções com o uso de tecnologias digitais e internet.
Se a crise abre bem-vindas oportunidades para experimentações e descobertas sobre as práticas de ensino e aprendizagem atuais, é preciso estar atento para os componentes comerciais e empresariais da problemática, bem como para os riscos de precarização das atividades acadêmicas e do trabalho docente, haja visto o frágil acesso das populações carentes aos bens tecnológicos em tempos de forte recessão econômica.
Além do artigo publicado pelo Outras Palavras, esses temas foram abordados também em artigo da revista Horizonte, publicada pela Sociedade Brasileira da Computação (SBC), intitulado #FiqueEmCasa, mas se mantenha ensinando-aprendendo: algumas questões educacionais em tempos de pandemia. O texto, de autoria de Mariano Pimental e Renata Araújo, apresenta citação baseada em reflexões do LER sobre atividade escolar remota e educação a distância no contexto atual.
E outro artigo, intitulado Atividade escolar remota não é EaD, foi publicado no Jornal O Povo. O texto inclui diferenças e alertas para os cuidados necessários ao serem desenvolvidas atividades acadêmicas remotas emergenciais e temporárias e propostas completas de cursos na modalidade EaD visando a excelência da aprendizagem.
segunda-feira, 30 de março de 2020
A diferença entre ensino remoto de emergência e aprendizado on-line
Diante das polêmicas e das muitas dúvidas sobre atividades remotas após o fechamento das escolas e universidades -- em que a áreas de estudos e práticas de educação a distancia (EaD) e educação on-line têm sido injustamente banalizadas e criticadas diante da precarização do momento de crise atual -- surge um artigo esclarecedor sobre a problemática, publicado do Educause Review. Intitulado The Difference Between Emergency Remote Teaching and Online Learning (A diferença entre ensino remoto de emergência e aprendizado on-line), o texto argumenta que "as experiências de aprendizado on-line bem planejadas são significativamente diferentes dos cursos oferecidos on-line em resposta a uma crise inesperada. Faculdades e universidades que trabalham para manter as instruções durante a pandemia do COVID-19 devem entender essas diferenças ao avaliar esse ensino remoto de emergência".
Ao longo do texto os autores esclarecem que: "o que sabemos com base em pesquisas é que o aprendizado on-line eficaz resulta de um planejamento e design instrucional cuidadoso, usando um modelo sistemático de design e desenvolvimento. O processo de design e a consideração cuidadosa de diferentes decisões de design têm impacto na qualidade da instrução. E é esse cuidadoso processo de desenvolvimento de um projeto que estará ausente na maioria dos casos nessas mudanças de emergência". Os autores lembram que a quantidade de alunos nas turmas é fator decisivo para o sucesso de ações pedagógicas on-line e que cursos que realmente aderem à modalidade on-line tipicamente levam de 6 a 9 meses para serem desenvolvidos antes que sejam iniciados com os alunos matriculados. Os autores também relatam um pouco sobre os esforços emergenciais que têm sido desenvolvidos atualmente -- o que chamam de ensino remoto de emergência -- e detalham aspectos e elementos sobre como avaliá-los, sem que se incorra no equívoco de compará-las com a sala de aula presencial.
Ao longo do texto os autores esclarecem que: "o que sabemos com base em pesquisas é que o aprendizado on-line eficaz resulta de um planejamento e design instrucional cuidadoso, usando um modelo sistemático de design e desenvolvimento. O processo de design e a consideração cuidadosa de diferentes decisões de design têm impacto na qualidade da instrução. E é esse cuidadoso processo de desenvolvimento de um projeto que estará ausente na maioria dos casos nessas mudanças de emergência". Os autores lembram que a quantidade de alunos nas turmas é fator decisivo para o sucesso de ações pedagógicas on-line e que cursos que realmente aderem à modalidade on-line tipicamente levam de 6 a 9 meses para serem desenvolvidos antes que sejam iniciados com os alunos matriculados. Os autores também relatam um pouco sobre os esforços emergenciais que têm sido desenvolvidos atualmente -- o que chamam de ensino remoto de emergência -- e detalham aspectos e elementos sobre como avaliá-los, sem que se incorra no equívoco de compará-las com a sala de aula presencial.
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segunda-feira, 9 de março de 2020
OER20 destaca os temas do "cuidado" na educação aberta e a vigilância em rede
O tema geral da conferência OER20, que se realizará em abril, em Londres, é o "cuidado" na educação aberta e se baseia no seguinte conceito, segundo os organizadores, em tradução livre: "O cuidado é um meio de transformação social quando está enraizado em práticas e mecanismos reais que garantem sua redistribuição para uma reorganização social duradoura (ZEMOS98, 2019)". Muitas apresentações serão transmitidas via link do Youtube e abordam também temas da diversidade, novas pedagogias, engajamento, etc. A conferência de abertura será proferida pela pesquisadora sava saheli singh, que atua na área de estudos do big data e da vigilância em rede.
terça-feira, 3 de março de 2020
Novo livro sobre os 25 anos da área de EdTech
Acaba de ser lançado, para download gratuito, livro do pesquisador canadense Martin Weller sobre os 25 anos da área de estudos e práticas da EdTech (Educação e Tecnologias digitais). O livro traz um capítulo introdutório em que o autor descreve e critica os ciclos repetitivos de "inovação" nesse campo de estudos e práticas -- fenômenos chamado de amnésia histórica pelo autor -- e apresenta 25 capítulos, cada um deles desenvolvido em torno de um ano e da respectiva tecnologia de destaque no período. Novo link para download.
Inicia, dessa forma, com os BBS, em 1994, e segue até 2017 com o Blockchain. Um capítulo final discute o futuro distópico gerado pelo "virada" no campo com a hegemonia dos interesses econômicos privados e os processos de vigilância e coleta massiva de dados em rede.
Inicia, dessa forma, com os BBS, em 1994, e segue até 2017 com o Blockchain. Um capítulo final discute o futuro distópico gerado pelo "virada" no campo com a hegemonia dos interesses econômicos privados e os processos de vigilância e coleta massiva de dados em rede.
segunda-feira, 2 de março de 2020
Novo livro Métodos digitais: teoria, prática e crítica
Acaba de ser lançado em Portugal, com download gratuito, o livro Métodos digitais: teoria-prática-crítica, editado por Janna Joceli Omena. A obra é dividida em 5 tópicos e traz análises teóricas, de práticas e de estudos realizados com as referidas técnicas (Estudos de Plataforma, STS, ARS, visualização de dados, etc.) por autores estrangeiros e brasileiros.
terça-feira, 14 de janeiro de 2020
Dossiê sobre leitura digital com trabalho do LER
Acaba de ser publicado dossiê temático, com artigos diversos sobre leitura digital, pela Revista Texto Digital da UFSC. O grupo LER participa com um artigo sobre pesquisas recentes realizadas com o uso da técnica do rastreamento ocular, atividade parcialmente financiada pelo CNPq e pela UFC. Outros artigos abordam temas como leitura digital na infância, gamificação, pedagogia da leitura on-line, dentre outros.
Segundo as editoras Carla Viana Coscarelli e Ana Elisa Ribeiro, "neste número da revista Texto Digital, nossa missão foi reunir artigos de pesquisadores e pesquisadoras que nos ajudam a pensar em uma abordagem ampla da leitura, o que também demanda um novo leitor, um leitor/interator (aqui, com Gobira & Corrêa e Barbosa), um leitor usuário do texto, que interfere na obra, que se movimenta nela, curte, compartilha, comenta, que edita, recria, remixa, tornando-se assim, também, de alguma forma, autor".
Segundo as editoras Carla Viana Coscarelli e Ana Elisa Ribeiro, "neste número da revista Texto Digital, nossa missão foi reunir artigos de pesquisadores e pesquisadoras que nos ajudam a pensar em uma abordagem ampla da leitura, o que também demanda um novo leitor, um leitor/interator (aqui, com Gobira & Corrêa e Barbosa), um leitor usuário do texto, que interfere na obra, que se movimenta nela, curte, compartilha, comenta, que edita, recria, remixa, tornando-se assim, também, de alguma forma, autor".
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