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segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Artigo indica pequeno ganho de aprendizagem de alunos menos privilegiados com o uso de tecnologias digitais na escola

Artigo recente publicado no periódico Computers & Education, baseado em ampla revisão de literatura, indicou que o uso de tecnologias digitais na escola pode ser ligeiramente benéfico na melhora da aprendizagem dos alunos menos privilegiados, seja daqueles que integram turmas diversas nos ditos países "desenvolvidos", seja tomando toda a população de estudantes dos chamados países "sub-desenvolvidos". Intitulado A meta-analysis on the effect of technology on the achievement of less advantaged students (link), o artigo analisou 72 estudos na temática e concluiu que "iniciativas de tecnologia educacional são consideradas como tendo um efeito pequeno, positivo e estatisticamente significativo que permanece mesmo após a correção para viés de publicação [...] o aprendizado assistido por computador e as intervenções comportamentais são mais eficazes em aumentar o desempenho de alunos menos favorecidos do que o simples acesso à tecnologia. Curiosamente, o efeito dessas duas intervenções parece ser de magnitude semelhante. Finalmente, o uso de tecnologias digitais está associado a melhorias ligeiramente maiores em matemática e ciências do que na área das humanidades". 

Nesse sentido, os autores destacam que "a disponibilização de tecnologias digitais precisa ser acompanhada de orientação e supervisão adequadas para garantir que todos os alunos possam aproveitar os benefícios da tecnologia para melhorar seu desempenho educacional".

E analisam: "em contextos socioeconômicos menos privilegiados, intervenções comportamentais utilizando tecnologias digitais podem precisar ser acompanhadas por outras medidas para serem mais eficazes. Por exemplo, intervenções que visam aumentar o envolvimento dos pais na educação podem funcionar melhor se forem complementadas por programas que forneçam conteúdo e suporte presencial. Embora as intervenções comportamentais sejam projetadas para superar barreiras psicológicas e informacionais, espera-se que esses outros programas tenham um impacto nas habilidades cognitivas dos alunos".

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Novo livro sobre como os computadores entraram nas escolas européias a partir da década de 1960

 

Foi publicado no ano passado obra de referência intitulada How Computers Entered the Classroom, 1960–2000 e que resgata importantes elementos sobre a introdução de computadores em escolas de alguns países da Europa, como França, Suécia e Alemanha (link para acesso ao download do livro).

Segundo os editores, "os estudos de caso destacam diferenças no poder político e econômico, bem como no raciocínio ideológico e nas prioridades estabelecidas por diferentes atores no processo de introdução de computadores na educação. No entanto, as contribuições também demonstram que narrativas simples da Guerra Fria não conseguem capturar as complexas dinâmicas e emaranhamentos na história dos computadores como tecnologia educacional e conteúdos curriculares nas escolas. O volume editado fornece, assim, uma compreensão histórica abrangente do papel da educação em uma sociedade digital emergente".

Um elemento comum identificado pelos autores foi o importante papel desenvolvido pelas associações e redes de docentes entusiastas dos diversos países na Europa, mas também nos EUA, em abrirem o mercado e criarem padrões e justificativas para o uso das tecnologias educacionais na educação e na formação de professores, o que muito facilitou o trabalho de marketing da indústria de computadores. Ao contrário do projeto inicial de que computadores permitiram a individualização da aprendizagem - e os ganhos daí advindos -  os autores argumentam que o motor principal da disseminação estava na crença de computadores como ativos econômicos no contexto da escola. 

Curiosamente, os autores também identificaram uma ruptura na trajetória de desenvolvimento dessa ações com a chegada e a popularização da internet na década de 1990, argumentando que as atividades passadas foram esquecidas em detrimento da urgente necessidade de conectar os computadores à rede digital. Alguns capítulos também analisam o papel das organizações UNESCO e OCDE nesse processo, mas também dos fornecedores locais que disputaram e conquistaram o novo mercado. 

O livro traz à tona também a lembrança de uma obra muito difundida na década de 1990 intitulada Oversold and underused: computers in classroom (link), em que o autor Larry Cuban fazia duras críticas aos altos investimentos na compra de computadores para escolas nos EUA sem um uso apropriado dos equipamentos e com resultados pífios para a melhoria das aulas e da aprendizagem escolar naquele país.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

A vertiginosa ascensão e queda da plataforma indiana BYJU's

Artigo recente relata parte da história e sérios percalços recentes enfrentados pela plataforma educacional BYJU's (link para acessar o texto). A empresa, fundada em 2011 por, um casal de educadores indianos, apresentou crescimento espantoso mirando primeiramente o enorme mercado interno da India para treinamento em concursos de admissão semelhantes aos ENEM brasileiro. Posteriormente, ampliou conteúdos e cursos para todos os níveis escolares e ensino superior e para telefones celulares. 


A partir dai passou a construir uma atuação global que incluiu práticas predatórias em uma série milionária de aquisições de outras 17 edtechs na casa dos 300 e 400 milhões de dólares cada, totalizando investimentos de cerca de 5 bilhões de dólares. O agressivo crescimento incluía até a contratação do jogador Lionel Messi para garoto propagada. Planos muito ambiciosos que começaram a naufragar recentemente, quando a agressividade comercial da empresa começou a gerar desconfiança generalizada, o que incluiu a retirada de alguns investidores do Conselho Diretor da empresa e até a invasão da sede da empresa pelo Ministério de Assuntos Corporativos da Índia.  A empresa pode ter sua falência decretada nos EUA e enfrenta investigação criminal na Índia. Um enredo de filme que, de fato, já tem até proposta de nova minissérie para a plataforma Netflix...

Os autores do artigo concluem: "O BYJU's é um lembrete doloroso de que atalhos e farras de gastos não constroem negócios duradouros. A educação é um mercado enorme, mas a integridade ética e o foco no sucesso dos alunos devem continuar a ser princípios orientadores. Esperançosamente, as cinzas da BYJU serão usadas para instruir e fertilizar a próxima geração de líderes de edtech focados na criação de valor real, não apenas no hype".

segunda-feira, 22 de maio de 2023

Cenário e tendências do ensino superior e da aprendizagem 2023

Foi publicado no início deste mês o 2023 EDUCAUSE Horizon Report, Teaching and Learning Edition (link), patrocinado pelas empresas AT&T e Zoom. O detalhado relatório, que tem boa acolhida entre pesquisadores de ed-tech e se baseia em diversas evidências empíricas, lista tendências sociais, econômicas, tecnológicas, cenários e implicações sobre acontecimentos centrais na área de estudos do ensino superior.  

Entre as principais tendências sociais e tecnológicas, destacam-se:

  • A demanda dos alunos por modalidades de aprendizado flexível e conveniente está aumentando.

• O foco no ensino e aprendizagem equitativos e inclusivos se expandiu e se intensificou.

• Os programas de microcredenciais estão ganhando força e maturidade.

O potencial para a IA se tornar popular está crescendo.

• A dicotomia online versus presencial está sendo interrompido.

• Tecnologias de baixo e nenhum código que simplificam processos estão permitindo que mais pessoas criem conteúdo.

No que se refere mais especificamente às tecnologias e práticas a elas relacionadas, o relatório destaca:

  • Aplicativos habilitados para IA focados no aprendizado preditivo e pessoal

• IA generativa

• Diluição dos limites entre as modalidades de aprendizagem

• HyFlex: alunos matriculados em um curso podem participar de forma presencial, síncrona online ou assíncrona online, conforme sua preferência.

• Microcredenciais

• Apoiar o sentimento de pertença e conexão social dos alunos.

segunda-feira, 10 de abril de 2023

Familiaridade com tecnologias digitais pode não ser fator central para a boa aprendizagem

Artigo de um grupo de pesquisadores alemães que acaba de ser publicado pela revista Computers & Education (link) apresenta alguns dados que permitem indagar - sem concluir de forma definitiva -  o papel da familiaridade com tecnologias digitais para a ocorrência de boa aprendizagem. Segundo os pesquisadores, "a familiaridade com a tecnologia refere-se ao nível de conhecimento e experiência que alunos e professores têm com várias formas de tecnologia, como tablets ou software educacional. Inclui a capacidade de usar essas ferramentas para fins acadêmicos e entender como integrá-las à instrução e ao aprendizado. A familiaridade com a tecnologia provavelmente está relacionada à infraestrutura digital das escolas, pois alunos e professores só podem adquirir experiência e conhecimento da tecnologia para fins acadêmicos se a tecnologia estiver disponível para o ensino". 

O estudo utilizou dados de professores e de questionários com 729 alunos do nono ano escolar, em aulas de matemática e de alemão, sobre a experiência do ensino remoto emergencial. Os participantes já utilizavam tablets na escola um ano antes da implantação emergencial do ensino remoto gerado pela pandemia do Covid-19 - ou seja, os pesquisadores consideram que eles já possuíam familiaridade com a tecnologia, no caso, os tablets e atividades neles desenvolvidas. 

A pesquisa investigou dois outros elementos da aprendizagem no referido sistema emergencial: como as atividades de aprendizado ao usar as tecnologias remotas estavam relacionadas ao esforço dos alunos em aprender em duas disciplinas e se a "ativação cognitiva" percebida pelo aluno mediava essa relação.

Os resultados do estudo indicaram que: "a familiaridade dos alunos e professores com o uso da tecnologia (ou seja, tablets) no ensino presencial antes do fechamento das escolas devido à COVID-19 não foi relacionada às atividades de aprendizagem instruídas, à qualidade percebida do ensino ou ao esforço de aprendizagem dos alunos. Uma explicação pode ser que apenas equipar professores e alunos com dispositivos digitais pode não ajudar suficientemente a prepará-los para a implementação de ensino e aprendizagem digital a distância de alta qualidade. A familiaridade com a tecnologia foi geralmente considerada importante para os professores. No entanto, estudos de ensino presencial sugerem que, por exemplo, o conhecimento profissional sobre o ensino e a experiência pedagógica (Lachner, Backfisch, & Stürmer, 2019) ou as crenças de utilidade relacionadas à tecnologia dos professores (Backfisch, Lachner, Stürmer, & Scheiter , 2021) também desempenham um papel crucial no ensino aprimorado por tecnologia. Assim, nossos resultados podem mostrar que não basta estar familiarizado com as ferramentas tecnológicas, mas é preciso entender o valor agregado da tecnologia para melhorar a pedagogia na sala de aula virtual – como o ensino presencial".

Em linhas gerais, os pesquisadores concluíram que o "esforço" (medido como "ativação cognitiva" percebida pelos alunos) teve papel bastante relevante da aprendizagem. Isso ocorreu em detrimento da mencionada familiaridade com a tecnologia digital, o que levou os pesquisadores e reduzirem a importância desse aspecto na ocorrência de boa aprendizagem. É importante ressaltar, porém, que a análise apresentada se deteve apenas sobre o uso dos tablets, deixando de contemplar, assim, todas as vivência de alunos alemães do nono ano com diversas outras tecnologias digitais dentro e fora da escola e que provavelmente têm papel importante em todos os processos de aprendizagem deles, podendo interferir com o elemento da ativação cognitiva mensurado na pesquisa.

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Focando em recursos das tecnologias que realmente potencializam o aprendizado

Em artigo recente (link), o pesquisador David Wiley utiliza o exemplo da interface de aprendizagem de línguas Duolingo para demonstrar a centralidade do que chama de "nudge" no uso das tecnologias educacionais por professores e, em particular, por alunos. Nudge se refere ao recurso do software educacional que convence o usuário a realmente usar os recursos que melhorarão o aprendizado.

O autor argumenta que "na maioria das vezes, alunos e professores tentarão usar as tecnologias educacionais como se fossem livros didáticos – procurando e atendendo quase que exclusivamente a palavras e imagens estáticas – se as usarem". No que se refere às funcionalidades do Duolingo relacionadas ao nudge, Wiley destaca a intensa atividade do personagem mascote do Duolingo (uma corujinha) em comunicar aos alunos a oportunidade da prática da repetição de exercícios para corrigir erros da aprendizagem, pois constatou-se que o mesmo reduz em até 45% os erros dos alunos. O autor apresenta dados para demonstrar que essa ação é mais efetiva do que o envio de e-mails pelo sistema ou mesmo do que as tradicionais, e por vezes incômodas, notificações.

Wiley ressalta que: "Pode-se argumentar cinicamente que o Duolingo simplesmente quer maximizar o engajamento para ganhar dinheiro e não para aumentar o aprendizado. Mas é o seguinte – quando uma tecnologia educacional é construída sobre uma base de pesquisa de aprendizado sólida, como o Duolingo, esses dois interesses realmente se alinham – aumentar o envolvimento do usuário aumentará simultaneamente o aprendizado E aumentará as receitas da empresa. Fazer com que mais pessoas se envolvam com mais frequência em práticas de ensino e aprendizagem mais eficazes é bom tanto para o aprendizado quanto para o resultado final".

terça-feira, 9 de agosto de 2022

Escolhendo as melhores ferramentas para a aprendizagem de 2022

A exemplo do que acontece desde o ano de 2007, a pesquisadora Jane Hart organiza uma votação on-line, voltada a pesquisadores e praticantes da área, para a escolha das melhores ferramentas digitais (ou artefatos, interfaces...) para a aprendizagem no ano. Ela é a fundadora do Centre for Learning & Performance Technologies (C4LPT). Cada participante pode indicar 10 ferramentas preferidas e justificar cada escolha, o que gera uma compilado de centenas das mais votadas todo ano (vejam as de 2021 no link). A votação atual ocorre através dessa página (link). 

Alguns pesquisadores aproveitaram e já publicaram uma lista com suas 10 escolhas enquanto o resultado final, previsto para o final do mês, não sai. Paulo Camelo, doutorando pelo PPGE-UFC e integrante do Grupo LER, elegeu as seguintes:
Inoreader, Feedbin, Zotero, Raindrop, Dynalist, Journalistic, Google Docs, Readwise, Upnote (não é a Edtech, mas o aplicativo de notas!) e YouTube. E detalhou: "Journalistic é um serviço para escrever diários. Eu adaptei para diário de campo, recomendo para quem quer ou trocou o velho caderno por uma opção digital. Depois de alguns dias, ele é capaz de dar um panorama, mostrar algumas reflexões e estatísticas sobre pessoas ou tags. Mas é assim, esse serviço, como muitos do que sugeri são ávidos por dados, então é usar sabendo que tem um limiar perigoso nesse campo. O Journalistic, por exemplo, tem,um projeto paralelo de coleta de dados para IA muito audacioso, então eu "desconfio" que há um uso dos dados para o desenvolvimento dessa outra ferramenta". 
Stephen Downes, do Conselho Nacional de Pesquisa do Canadá,  destacou o que aprece ser a liderança atual da interface Feedly, utilizada principalmente para agregar conteúdos selecionados da web, através de um leitor de RSS, e apresentá-los em um formato amigável e com bom design. Destaque também para a rede social descentralizada Mastodon que, segundo ele, permite trocas muito positivas com grupos temáticos sem se estar sujeito a práticas dos algoritmos de redes como Facebook e Twitter. Mike Taylor, pesquisador e consultor da área, também destaca o Feedly (com a adição de Buffer, Kill de Newsletter e FetchRSS) e adiciona o Bublup, uma extensão para o Chrome que funciona como um gerenciador de Favoritos e que inclui funcionalidades, além dos links, de compartilhamento de notas e arquivos. Em ambas as listas aparecerem também interfaces bem tradicionais como o Firefox (e diversos plugins), Twitter, Google Docs, Wordpress, etc.

segunda-feira, 30 de maio de 2022

O modelo e o avanço global das plataformas educacionais

Em recente editorial do periódico britânico Learning, Media and Technology, o pesquisador Ben Williamson destaca o caso da plataforma educacional indiana BYJU'S, focada no ensino de programação para crianças, que será uma das co-patrocinadoras da próxima Copa do Mundo de Futebol ao lado de Adidas, Visa e outros (link). 

Williamson apresenta e analisa o modelo de negócios da empresa (avaliada em cerca de 22 bilhões de dólares e com 115 milhões de alunos registrados) e seu modo operacional com base em parte no que chama de "data rent" (aluguel de dados). Segundo o autor, "a extração de big data está no centro do modelo de negócios da Big Tech, possibilitada por arranjos legais que tratam os dados como propriedade intelectual que as empresas possuem, controlam e podem reutilizar indefinidamente". Williamson afirma que a empresa "está investindo em big data e IA como caminho para a criação de valor; está se posicionando como uma empresa de tecnologia experimental e inovadora com um 'laboratório' como aqueles onde as grandes empresas de tecnologia incubam produtos inovadores; e está claramente no negócio de extrair aluguel de dados de seus milhões crescentes de usuários como base para a criação desses serviços e produtos que agregam valor".



segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Os melhores artigos em edtech de 2021, em língua inglesa, segundo o NIDL

O National Institute for Digital Learning, sediado na Dublin City University,  acaba de publicar mais uma lista dos 10 melhores artigos em edtech de 2021 (em breve sairá também a lista, em separado, dos 10 mais que abordaram elementos da pandemia da COVID no campo da edtech). 

Foram realizadas três postagens no blog do NIDL explicado o processo de escolha e apresentando dados totalizados das coletas, enfatizando-se que foram incluídos somente jornais de acesso aberto e de língua inglesa. Os artigos selecionados foram listados neste post (link), e a introdução e detalhamento do trabalho de pesquisa foram apresentados nesses dois outros posts (link1 e link2). 

Todos os artigos são excelentes, mas destaco em particular dois: Networked learning in 2021: A community definition, que tem a múltipla autoria de dezenas de pesquisadores da área na busca de construção do conceito de "aprendizagem em rede" e Assembling new toolboxes of methods and theories for innovative critical research on educational technology, de Castañeda e Williamson, que apresenta as falhas, mas também os avanços, no campo de pesquisa em edtech com vistas à pesquisa critica e às perspectivas inovadoras na área.


segunda-feira, 17 de maio de 2021

Listagem de milhares de conferências em edtech em 2021

Acaba de ser divulgada a extensa, detalhada e verificada lista de 155 páginas com milhares de conferências a serem realizadas em países diversos na área de tecnologias digitais e educação, edtech, de junho a dezembro de 2021. A lista é preparada anualmente pelo pesquisador canadense Clayton R. Wright e está disponível através deste link

Segundo Wright, "conforme as pessoas são vacinadas, mais eventos serão realizados de maneira híbrida ou presencial. Mas, alguns podem reverter rapidamente para um formato online que pode manter as mesmas datas ou esticar os eventos online por dias ou semanas [...] As associações são particularmente afetadas, pois muitas dependem de eventos presenciais para ajudar a gerar fundos para pagar a equipe e atividades de apoio, como a publicação de periódicos avaliados. Podemos querer que os eventos online sejam gratuitos, mas custa a alguém tempo e recursos para organizá-los e produzi-los de forma consistente ano após ano. Como a maioria dos eventos de desenvolvimento profissional 2021 tem opção online, é possível conhecer eventos de todo o mundo sem sair do conforto de sua casa".

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Meta-edtech, o significado de tecnologia educacional e Google e o "novo" professor: destaques da nova edição do Learning, Media and Technology

Acaba de ser publicada a primeira edição de 2021 do periódico Learning, Media and Technology (link). O editorial discute dois novos componentes do campo de estudo surgidos em 2020 e que denominam meta-edtech: "dois tipos específicos de organizações e plataformas de tecnologia associadas tornaram-se especialmente evidentes durante o primeiro ano da pandemia: novos intermediários de evidências edtech projetados para educar líderes, professores e especialistas em compras sobre as evidências de 'o que funciona' em tecnologia educacional; e empresas de inteligência de mercado edtech que ajudam os investidores a 'aprender' sobre o valor de investir em tecnologias educacionais"(em tradução livre). Segundo o editor Ben Williamson, meta-edtech "significa tecnologias educacionais emergentes relacionadas à edtech, desenvolvidas e hospedadas por organizações intermediárias que operam entre diferentes grupos constituintes do ecossistema edtech. Parece provável que as organizações meta-edtech e suas plataformas para avaliar edtech se tornarão cada vez mais influentes no financiamento e na modelagem do desenvolvimento e uso de edtech nos próximos anos". Nesta edição, destaque para dois artigos:

O primeiro é intitulado What in the world is educational technology? Rethinking the field from the perspective of the philosophy of technology, de Tao An e Martin Oliver. A partir de formulações filosóficas de Marx e Heidegger, o artigo propõe " uma fundação [filosófica] que possa ajudar os pesquisadores a repensar a tecnologia educacional, expandindo a pesquisa para dar conta das relações humano-educação, humano-tecnologia e educação-tecnologia. Propõe-se que as relações humano-educação devem fazer com que os alunos ‘se tornem o que são’, destacando sua subjetividade ao invés de se concentrar na informação. As relações homem-tecnologia podem mudar o foco da prática de design [da prática educacional], de modo que a tecnologia não seja vista apenas como uma ferramenta eficiente, mas como algo "útil" para as necessidades educacionais das pessoas".

O segundo artigo, que está aberto para livre acesso no momento no site da editora, é intitulado Google and the end of the teacher? How a figuration of the teacher is produced through an ed-tech discourse, de Malin Ideland. O artigo "analisa como se constrói a imagem do professor dentro de um discurso ed-tech e como ele organiza como pensamos o ensino hoje. Foi baseado em entrevistas com 25 ‘edupreneurs’ que vendem hardware, software e / ou desenvolvimento profissional para ferramentas digitais para escolas suecas. A análise ilumina como o "professor desejado" é semelhante ao que é conceituado como uma cultura do Vale do Silício, privilegiando características valorizadas no setor de TI. Esse professor orienta em vez de dar aulas, é flexível e está pronto para trabalhar quando e onde quer. Ele personaliza seu trabalho de acordo com o aluno e suas necessidades de conhecimento, localização e prazos, enfatizando que a educação é um negócio pessoal. Acredita-se que partes "enfadonhas" do trabalho (classificação e avaliação) sejam assumidas pela tecnologia. O professor deve ser aquele que promete diversão e criatividade para formar sonhadores do futuro e trabalhadores na economia do conhecimento".

terça-feira, 3 de março de 2020

Novo livro sobre os 25 anos da área de EdTech

Acaba de ser lançado, para download gratuito, livro do pesquisador canadense Martin Weller sobre os 25 anos da área de estudos e práticas da EdTech (Educação e Tecnologias digitais). O livro traz um capítulo introdutório em que o autor descreve e critica os ciclos repetitivos de "inovação" nesse campo de estudos e práticas -- fenômenos chamado de amnésia histórica pelo autor -- e apresenta 25 capítulos, cada um deles desenvolvido em torno de um ano e da respectiva tecnologia de destaque no período. Novo link para download.

Inicia, dessa forma, com os BBS, em 1994, e segue até 2017 com o Blockchain. Um capítulo final discute o futuro distópico gerado pelo "virada" no campo com a hegemonia dos interesses econômicos privados e os processos de vigilância e coleta massiva de dados em rede.

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Nova edição da Technology, Pedagogy and Education critica frágil teorização na área

Acaba de ser publicada edição temática da revista Technology, Pedagogy and Education intitulada Theorising technology in education (Teorizando a tecnologia na educação). No editorial, os editores apontam avanços recentes no campo de pesquisas, mas afirmam que: "não há como evitar o fato de que existem deficiências na literatura sobre tecnologia na educação e questionamentos que tem sido feitos sobre: ​​abordagens super-deterministas; categorizações binárias; romantismo excessivo; resultados excessivamente descritivos; falta de envolvimento com metodologias decolonizadoras; e muito pouca teorização sobre ferramentas". Cada um desses seis tópicos listados é detalhado no artigo introdutório. Os autores concluem afirmando que: "Um desafio particular em teorizar a pesquisa em tecnologia é articular a relação entre pessoa, ferramenta e ambiente e, em particular, dizer algo sobre as oportunidades de agência individual, sem, como visto anteriormente, ser excessivamente otimista ou pessimista. Isso pode ser feito recorrendo a diferentes tradições disciplinares - não apenas a sociologia, mas também a filosofia, a lingüística ou os estudos literários e assim por diante. Isso também precisa ser feito olhando para trás, usando categorias conceituais do passado, mas adaptando-as para novos contextos". 


O número especial traz quatro artigos que apresentam estudos com maior densidade teórica, segundo os editores, e que versam sobre 1) brinquedos conectados à Internet em lares (aprendizagem informal) e ambientes da primeira infância (aprendizagem formal) e desenvolvimento de uma estrutura social ecológica para explicar o que está acontecendo; 2) analise dos padrões de desigualdade na alfabetização digital dos alunos a partir da teoria da prática de Pierre Bourdieu; 3) uso da Teoria ator-rede (TAR) em pesquisa sobre práticas de ensino e aprendizagem com alunos do ensino médio em uma escola na Austrália; e 4) o uso que os jovens fazem da tecnologia a fim de explicar seu comportamento com base  na Teoria das Zonas de Valsiner a fim de fornecer uma perspectiva sobre a agência como responsável pela participação social e pela internalização.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Reflexões sobre capitalismo de vigilância e informática educativa

A escritora e pesquisadora Audrey Watters, que produz há quase dez anos o excelente blog Hack Education, publicou recentemente artigo em que apresenta ideias do livro A Era do Capitalismo de Vigilância, de Shoshana Zuboff, e discute a relação de algumas ideias da autora com o estágio atual da área de informática educativa. 
Watters alerta para as ações do google e Facebook, em particular, que fomentam ações no campo da educação e dessa forma coletam e utilizam dados de usuários nesse contexto a fim de obter lucrativa exploração comercial e polêmica influência comportamental (desde os primórdios da informática educativa, na perspectiva de B. F. Skinner e outros), na linha de Zuboff.  "O aprendizado personalizado depende da extração e análise de dados; exorta e recompensa os alunos e promete que todos alcançarão 'alto conhecimento'. Dá a ilusão de liberdade e autonomia talvez - pelo menos em sua própria forma de ver as coisas; mas o aprendizado personalizado é fundamentalmente sobre condicionamento e controle", critica. 

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Nova agenda de pesquisas e problemas nas áreas de Mídia, Aprendizagem e Tecnologias

Nova edição do periódico Learning, Media and Technology traz artigo em que os editores listam as principais questões e problemas hoje colocadas ao campo de estudos sobre mídias, aprendizagem e tecnologias, reforçando a necessidade de pesquisadores identificarem problemas a serem investigados na área, afastando-se um pouco da prática bastante consolidada no campo de descobrir o que "funciona" na educação. O texto problematizador é bastante didático e está aberto para leitura. Segundo os editores, as principais temáticas a serem investigadas são (livre tradução minha): políticas de educação digital, a "ciência da aprendizagem" em edtech, retrocessos na edtech e dilemas éticos, perspectivas pós-humanas e socio-materiais, novos letramentos, perspectivas feministas em edtech, dentre outras. O número publicado também traz alguns outros artigos que, nesta edição, aparecem como livres para leitura, sem a necessidade de autenticação prévia.


segunda-feira, 29 de abril de 2019

Novo artigo indaga: onde está a teoria no campo da tecnologia educacional?

Acaba de ser publicado no British Journal of Educational Technology o artigo intitulado Where is the “theory” within the field of educational technology research? O ótimo texto apresenta resultados das análises realizadas em 503 artigos recentes sobre estudos empíricos publicados nos três mais prestigiados periódicos da área, sendo que 40% deles não faziam qualquer menção à teoria. As teorias mais citadas nos demais artigos forma: Cognitive load theory, Technology acceptance model, Cognitive theory of multimedia learning, Social development theory, Self‐determination theory, Self‐regulated learning theory, Technological Pedagogical and Content Knowledge, Cognitive affective theory of learning with media.

Os autores concluíram que: "Na maioria dos casos, o envolvimento explícito com a teoria estava ausente. Muitos estudos foram totalmente desprovidos de teorias ou fizeram uso vago da teoria. Onde a teoria era explícita, os artigos eram mais propensos a usar a teoria para conceituar a pesquisa, para informar o processo de coleta ou análise de dados e para discutir os resultados. Muito poucos artigos relataram descobertas que nos ajudam a aprender algo novo sobre uma teoria em particular (ou seja, pouca evidência de avanço da teoria)"(tradução livre). Os editores do periódico sugerem, diante disso, que pesquisadores da área precisam ser mais explícitos sobre as teorias que orientam suas pesquisas.

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Novo número temático sobre TICs e educação da revista britânica Impact

Acaba de ser publicada edição temática da revista britânica Impact com dezenas de artigos de pesquisadores sobre a área de tecnologias digitais na educação e temáticas emergentes. Veja os artigos aberto para leitura livre, sem necessidade de associação, aqui.

No editorial, o veterano pesquisador da área Neil Selwyn faz um breve balanço das últimas décadas de pesquisas e práticas nesse campo e aponta para as dificuldades em se obter progressos nas escolas, na aprendizagem e nas práticas dos professores, sem incorrer no erro de culpar os docentes. Ao contrário, o pesquisador insinua que os interesses dos fabricantes de tecnologias digitais têm sido um grave problema e alerta contra o entusiasmo vazio sempre gerado pelas inovações tecnológicas -- o que a história em geral desconstrói -- e aponta algumas diretrizes mais simples para o campo de pesquisa e a prática docente atual. Ao concluir, Selwyn afirma que (em tradução livre):

"Tudo isso aponta para a necessidade de abordar o uso da tecnologia nas escolas de uma maneira mais realista do que idealista. Isso envolve ser questionador, objetivo, perspicaz, desinteressado e desapaixonado quando se trata das alegações feitas sobre tecnologias específicas. Isso envolve estar curioso sobre os problemas - assim como o potencial - de novas tecnologias. Acima de tudo, isso envolve ver a tecnologia digital como algo que requer muita reflexão e colaboração com os outros ao seu redor.

A tecnologia digital, sem dúvida, envolve mais (e não menos) pensamento e esforço para os professores. É claro que há muitos benefícios a serem obtidos ao se envolver com a grande variedade de oportunidades digitais que estão agora disponíveis para as escolas. No entanto, talvez seja mais proveitoso ver sempre a tecnologia digital como uma escolha. A tecnologia digital não é algo que os professores tenham que se adaptar da melhor maneira possível. Em vez disso, a tecnologia digital deve ser algo com o qual você se envolve em seus próprios termos, para atingir seus próprios objetivos e atender às suas próprias necessidades. Usada adequadamente, a tecnologia digital pode ser uma adição poderosa ao repertório de qualquer professor. Espero que esses artigos forneçam muito alimento para o pensamento."


terça-feira, 11 de setembro de 2018

Perspectiva feminista da edtech nos 25 anos da ALT

A apresentação do trabalho de Frances Bell e Catherine Cronin  na conferência dos 25 anos da ALT criticou "o prevalente caráter machista e sexista" do setor de tecnologias digitais e destacou, ao resumir os temas mais frequentes no período, a Aprendizagem Ativa, a Aprendizagem Aberta e a Aprendizagem Social. Ao abordarem as duas primeiras, as pesquisadoras o fizeram através de suas próprias trajetórias pessoais e profissionais na área e solicitaram a contribuição, em tempo real dos participantes, para que pudessem construir uma "memória mais humanizada" dos caminhos trilhados por tais conceitos desde 1984. Mais detalhes da apresentação nas imagens - há um link para acesso dos materiais da pesquisa e da apresentação.








segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Destaques do Congresso anual da ALT


O programa do congresso anual da ALT deste ano traz uma trilha temática intitulada Critical Perspectives in Learning Technology, marcadas em azul. Destaque para a palestra da socióloga e professora Tressie McMillan Cottom, da Virginia Commonwealth University, sobre desigualdade e sociedade digital . Ao longo do programa há apresentações marcadas com o ícone do Youtube, indicando transmissão ao vivo por streaming de vídeo. Destaque também para a apresentação, nesta terça-feira, do trabalho A personal, feminist and critical retrospective of Learning (and) Technology, 1994-2018 de Frances Bell e Catherine Cronin e, no dia 13, para o trabalho What lies beneath: Reflections on a community consultation and ethnographic research on the implications of the use of technology for teaching practices, de Lawrie Phipps e Donna M Lanclos.



25 anos da Lista de Discussão da ALT e Congresso Anual

O pesquisador britânico Martin Weller , da Open University, acaba de concluir uma série de 27 posts, em seu blog, sobre os 25 anos da Lista de Discussão da ALT em que detalha e analisa temáticas, tendências e questões que marcaram o período no campo das tecnologias digitais e educação. Vale muito ler e compartilhar o trabalho do pesquisador. 

A propósito, a conferência anual da ALT inicia-se amanhã e possibilita a participação remota com live streaming, etc.