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sexta-feira, 9 de maio de 2025

Críticas ao avanço da IA nas escolas e universidades

Se no Brasil um dos destaques no campo dos estudos da Inteligência Artificial foi o lançamento de um relatório sobre o uso da IA nas universidades intitulado "IA e Ensino Público Superior no Brasil Recomendações para políticas institucionais de governança" (link), fora daqui alguns pesquisadores repercutiram duas publicações importantes de colegas da área e que servem de contraponto ao que parece ser a naturalização da IA na educação formal. 

Primeiro, o pesquisador James O'Sullivan publicou um ensaio provocador em sua página no Substack questionando se não seria o caso de as universidades serem iletradas em IA (link). Com isso, o autor quis chamar a atenção à falta de críticas à incorporação dessas tecnologias na universidade e o papel dessas instituições em atuarem como um espaço para crítica e reflexão sobre o fenomeno. Eles escreveu: "O ensino superior há muito se orgulha de resistir às demandas do imediatismo. Não produzimos estudos na velocidade da tendência; deliberamos, criticamos, contextualizamos. Se aceitarmos esse ethos, então certamente uma das posições mais valiosas que um acadêmico pode ocupar é a de desinteresse deliberado - uma recusa epistêmica de naturalizar o determinismo tecnológico. Não adotar imediatamente a linguagem de tokens e transformers é preservar um espaço no qual o significado, a metáfora e a crítica humanística ainda podem importar".


Por usa vez, o pesquisador britânico Ben Williamson citou O'Sullivan e avançou em outra direção em postagem no seu blog (link). A preparação da OCDE para que o seu exame PISA passe a medir as habilidades dos alunos com a IA e o seu alerta para o fato de que isso possa acelerar as ações de escolas e de educadores em todo o mundo para treinar seus alunos na perspectiva do desenvolvimento das ditas melhores habilidades no uso da tecnologia (na linha de como escrever os melhores prompts e como checar a acurácia das informações gerada pelos sistemas dito inteligentes). Williamson escreveu: "A OCDE não é um ator neutro quando se trata de IA – há vários anos promove o uso da IA na educação e produz regularmente declarações históricas sobre seus efeitos transformadores. Grande parte de sua ênfase está nos efeitos da IA na economia e, portanto, na manutenção da produtividade e do progresso econômico por meio da qualificação tecnológica. Agora, por meio do teste de alfabetização em IA, está exercendo sua autoridade política sobre como as habilidades de IA devem ser definidas e valorizadas".


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Número temático sobre colonialismo digital

Acaba de ser publicada edição temática sobre colonialismo digital da revista Convergência Crítica (link).  Há diversos artigos de interesse na temática abrangendo questões relacionadas à inteligência artificial, dataficação, racismo algorítmico e outros. 

Segundo os coordenadores, "são tempos de ataques sistemáticos à soberania  digital  brasileira,  onde  o  capital  de  empresas  do  Vale  do  Silício,  se  alinham abertamente com o campo político da extrema direita. Foi-se a ilusão, muito presente no campo democrático,  de  que  estas  corporações  e  suas  plataformas  poderiam  ser  benevolentes.  Seus interesses  são  o  lucro  über  alles:  neste  sentido  vale  tudo,  principalmente  impulsionar  a desinformação [...] Os  estudos  sobre  colonialismo  digital,  tornam-se  uma  necessidade  para  a  compreensão  e transformação da sociedade atual. A digitalização da vida, comandada pelas big techs, impõe o ritmo alucinante das máquinas, aprofundando a subsunção real dos trabalhadores, através da fragmentação e precarização da força de trabalho e a crescente fetichização da tecnologia, sob a  forma  da  mercadoria". 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Artigo sobre Multiletramentos, IA e vídeos remix em nova edição temática

Acaba de ser publicado artigo de pesquisadores do grupo LER-CNPq intitulado Multiletramentos E Inteligência Artificial Nas Práticas Artísticas Juvenis: Uma Análise Sobre A Produção De Vídeos Remix (link) em número temático A Inteligência Artificial e Educação: debates críticos e boas práticas na escola básica e na educação superior, da revista Artes e Educar da UERJ, com edição de Juan Guilhermo Díaz Bernal e Edméa Santos. 

O trabalho de Magnaldo Araújo e Eduardo S. Junqueira "é um recorte de pesquisa de doutorado em andamento que busca compreender o processo de articulação e integração das práticas de multiletramentos na aprendizagem artístico-musical de jovens. Neste artigo temos como objetivo analisar o uso da inteligência artificial (IA) nas práticas artísticas juvenis de multiletramentos no processo de produção de vídeos remix, considerando os aspectos socioculturais, pedagógicos e tecnológicos [...] Como principais resultados, destacamos as mudanças de ethos no processo de criação de vídeos remix e nas práticas de multiletramentos auxiliadas por IA. Entre as principais mudanças, destacam-se a automatização de processos técnicos relacionados à edição de vídeo e a democratização do acesso a ferramentas profissionais de edição, todas proporcionadas pela IA. No que se refere à renovação do ethos, consideram-se a emulação da criatividade humana e os limites borrados da propriedade intelectual como principais pontos de mutação".

Sobre a edição temática (link), com diversos artigos de grande interesse, os editores discutem "como essa tecnologia, capaz de criar textos, imagens e outros conteúdos a partir de dados fornecidos por humanos, vem transformando a educação, exigindo reflexões sobre a reconfiguração do ensino e do papel dos professores. São abordadas questões filosóficas e epistemológicas, como a influência dos vieses algorítmicos na produção do conhecimento, além das implicações para a sociedade contemporânea, marcada por redes digitais e pela modernidade líquida. Outro ponto central da discussão é a necessidade de adaptação dos processos de ensino e avaliação, uma vez que o uso da IA por estudantes pode impactar a integridade acadêmica. O papel do professor se amplia, tornando-se não apenas um mediador do conhecimento, mas um orientador no uso ético dessas ferramentas. Além disso, enfatiza-se a importância do desenvolvimento de habilidades metacognitivas para que os alunos possam utilizar a tecnologia de forma crítica e consciente, sem comprometer a autonomia do aprendizado".

terça-feira, 26 de novembro de 2024

Open AI, do ChatGPT, disponibiliza novo curso e recursos para a educação

A empresa Open AI, criadora do ChatGPT, acaba de disponibilizar um curso online, em inglês, para professores da educação básica. A iniciativa foi desenvolvida em parceira com professores da área de IA da Universidade da Pensilvânia, nos EUA. O curso possui quatro módulos e é gratuito, Há cobrança de uma taxa apenas para aqueles que desejarem obter um certificado de conclusão da atividade (acessar o link). 

Segundo a empresa, "o curso permitirá aos participantes explorar os principais conceitos em IA generativa, criar prompts de IA eficazes e descobrir estratégias para integrar a IA nas tarefas, mantendo a integridade acadêmica". Cada módulo possui vídeo, leituras, uma tarefa e um "prompt para discussão".  Foi disponibilizado também um vídeo de divulgação do curso, com os professores responsáveis, neste link.

Recentemente a empresa também lançou uma nova versão do produto, chamada ChatGPT Edu, focada em universidades, com base em uma espécie de uso piloto desenvolvido na Arizona State University, nos EUA. A página traz alguns poucos detalhes sobre o produto neste link.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Novas IAs e o raciocínio crítico dos estudantes

Nos últimos dias empresas de tecnologia lançaram versões de seus produtos de inteligência artificial (IA) com avanços no que tem sido divulgado como uma nova e fascinante "capacidade de racionar". No caso do ChatGPT, há duas novas funcionalidades:  01-preview (mais geral para realizar tarefas ditas mais complexas, link) e 01-mini (para atividades no campo da matemática, link). Pesquisadores da área estão debatendo o que significa "raciocinar" neste caso, tendo como um dos parâmetros a nossa capacidade humana de fazê-lo, e implicações para a educação e o desenvolvimento intelecto-cognitivo dos estudantes. 

Em uma postagem em seu blog (link),  Donald Clark afirmou que "o pensamento crítico foi uma das famosas habilidades do século 21, que todos pensavam que a IA nunca poderia resolver. Se vemos o pensamento crítico como uma abordagem racional e crítica para resolver problemas, ele está aqui. Na verdade, o desempenho do ChatGPT o1 em matemática e raciocínio é extraordinário (...) este modelo está fazendo matemática fantasticamente avançada no nível da Olimpíada de Matemática e resolução de problemas em tarefas quantitativas". 

Outra notícia recente (link) demonstra que 66% dos estudantes universitários nos EUA utilizam o chatGPT semanalmente como parte de seus estudos, a princípio para buscar informações e para gerar brainstorming. Uma sondagem de opinião com alunos de uma turma de alunos meus de um curso de mídias e tecnologias indicou perfil semelhante: 48% utilizam serviços de IA uma vez por semana e 28% o fazem diariamente, principalmente para atividades de estudo e trabalho (muito pouco para fins sociais ou de entretenimento). Os estudantes formularam também diversas críticas à qualidade irregular e nem sempre confiável dos dados gerados e parecem ter consciência dos danos para a própria aprendizagem que poderão ser gerados pelo uso excessivo da IA em seus estudos.

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Dossiê Temático Inteligência artificial sob as lentes do marxismo e do pensamento crítico

A Revista Eletrônica Internacional de Economia Política da Informação da Comunicação e da Cultura acaba de publicar dossiê temático intitulado Inteligência artificial sob as lentes do marxismo e do pensamento crítico (link para acesso).  O número especial traz artigos com temáticas sobre os avanços da inteligência artificial no contexto do fetichismo tecnológico, da perda dos postos de trabalho, da servidão do home office e da ideologia dos dados. Há também uma entrevista com a socióloga Sabine Pfeiffer sobre as contradições do capitalismo digital.

Segundo os editores (em tradução livre), "a pesquisa marxista sobre IA remonta à década de 1980 e à primeira era da indústria de IA. O aprendizado de máquina ainda não havia alcançado sucesso demonstrável e, em vez disso, a indústria baseou suas esperanças em "sistemas especialistas" ou programas nos quais o conhecimento capturado de especialistas poderia ser implementado e disponibilizado sob demanda (Myers 1986). A partir dessa era inicial, três grandes linhas de pesquisa marxista sobre IA já eram visíveis. 

A primeira linha viu na IA a extensão de tecnologias de automação anteriores e práticas tayloristas de desqualificação de mão de obra (Cooley 1980; Morris-Suzuki 1984; Berman 1992; Ramtin 1991). 

A segunda linha viu a IA como talvez mais exagero do que substância; como uma arma ideológica do capital para intimidar os trabalhadores. Como Athanasiou (1985) colocou, a IA era melhor entendida como "política habilmente disfarçada". 

A terceira linha se concentrou, em vez disso, no potencial das capacidades avançadas de processamento de dados da IA ​​para a implementação do planejamento econômico socialista (Cockshott 1988). 

Podemos ver esses mesmos temas em pesquisas marxistas mais recentes sobre IA, bem como em novas. O primeiro tópico continua sendo uma linha de pensamento proeminente. Dyer-Witheford et al. (2019) e Steinhoff (2021) oferecem estudos que investigam a IA como, principalmente, uma tecnologia de automação com novas capacidades para capturar as habilidades e o conhecimento do trabalho. 

O segundo tópico também mantém o interesse. Autores como Benanav (2020) e Smith (2020) argumentam que as capacidades da IA ​​para a substituição do trabalho são exageradas, servindo principalmente para distrair de uma economia capitalista estagnada. Terceiro, Cockshott (2017) continua a buscar o uso da IA ​​para o planejamento socialista. Um tanto relacionada é a pesquisa que defende o uso da IA ​​para produzir uma sociedade socialista “pós-trabalho” (Srnicek e Williams 2015; Bastani 2019). 

Além desses três tópicos, há uma diversidade relativamente pequena, mas crescente, de pesquisas marxistas sobre IA (várias coleções agora existem: Moore e Woodcock 2021; Fehrle, Lieber e Ramirez 2024)".

segunda-feira, 29 de julho de 2024

2024 EDUCAUSE Horizon Report Ensino e Aprendizagem

Foi publicado o 2024 EDUCAUSE Horizon Report Ensino e Aprendizagem no ensino superior (link) com destaques para os temas considerados mais importantes, e relacionados aos dois tópicos mencionados, para o futuro próximo, segundo os editores do relatório de grande prestígio acadêmico. O relatório deste ano incluiu também uma nova categoria (Honorary Trend) sobre Inteligência Artificial. O website do trabalho traz também vídeos e outros materiais úteis. Conforme resumo que consta na página 4 do relatório, as tendências mais importantes são (em tradução livre, destaques nossos):

Social • A percepção pública do valor do ensino superior está em declínio. • A demografia dos alunos está mudando. • Os alunos estão exigindo cada vez mais acesso ao aprendizado a qualquer hora, em qualquer lugar. 

Tecnológico • As preocupações com segurança cibernética e privacidade estão aumentando. • O uso de análise [automatizada] de aprendizagem continua a aumentar. • A exclusão digital persiste. 

Econômico • A demanda e o foco nas habilidades da força de trabalho estão crescendo. • Os desafios para a retenção de funcionários estão aumentando. 

Ambiental • As instituições de ensino superior estão aumentando seu compromisso com sustentabilidade. • Preocupações com o impacto das ferramentas de big data no ambiente estão aumentando. • A demanda por habilidades verdes na força de trabalho aumenta. 

Tendências honorárias de IA • A IA está mudando a maneira como nos comunicamos. • As ferramentas de IA têm um potencial crescente para remodelar a pedagogia e experiências estudantis. • A IA tem um impacto cada vez maior na economia e força de trabalho. • A IA está sendo cada vez mais usada para lidar com as mudanças climáticas e questões de sustentabilidade. • O potencial para o uso da IA na política está crescendo.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Novas publicações sobre inteligência artificial e educação

Acabam de ser publicados materiais importantes na área de inteligência artificial e educação. O livro intitulado Inteligência artificial e educação: refletindo sobre os desafios contemporâneos, organizado pela pesquisadora Lynn Alves, está disponível para acesso gratuito no site da EDUFBA (link). Segundo a editora, "a coletânea não tem intenção de apontar verdades absolutas, mas de provocar em especial educadores a interagir com os aparatos tecnológicos, em especial as IAs destacadas, construindo olhares críticos que vão além de perspectivas tecnofóbicas. Na primeira parte são apresentadas linhas cronológicas para entender o avanço da IA e o marco diferencial com a emergência da Inteligência Artificial Generativa (como ChatGPT 3.5, ChatGPT 4.0, Dall-E e Midjourney), além de serem apontados os riscos e as possibilidades ao interagir com tais aparatos tecnológicos, especialmente no cenário educacional. Já a segunda parte da obra, “Mediação da Inteligência Artificial nas práticas pedagógicas e investigativas”, traz reflexões e práticas de professores e pesquisadores brasileiros e portugueses com a interação dessa tecnologia nos espaços de aprendizagem".

O periódico Computers & Education acaba de publicar artigo intitulado Impact of AI assistance on student agency (link para acesso aberto) em que os autores investigaram o tema e constataram uma perigosa tendência de os alunos se tornarem dependentes da ajuda da IA, ao invés de utilizá-la como processo de aprendizagem. O texto traz uma discussão sobre benefícios, desafios e implicações mais amplos de contar com a assistência da IA ​​em relação à agência dos estudantes.

O resumo do artigo (em tradução automatizada via Google): "As tecnologias de aprendizagem baseadas em IA estão sendo cada vez mais usadas para automatizar e estruturar atividades de aprendizagem (por exemplo, lembretes personalizados para concluir tarefas, feedback automatizado em tempo real para melhorar a redação ou recomendações sobre quando e o que estudar). Embora a visão predominante seja de que estas tecnologias têm geralmente um efeito positivo na aprendizagem dos alunos, o seu impacto na agência dos alunos e na capacidade de auto-regular a sua aprendizagem é pouco explorado. Os alunos aprendem com o feedback regular, detalhado e personalizado fornecido pelos sistemas de IA e continuarão a apresentar um comportamento semelhante na ausência de assistência? Ou, em vez disso, continuam a contar com a assistência da IA ​​sem aprender com ela? Para contribuir para preencher esta lacuna de investigação, conduzimos uma experiência controlada aleatória que explorou o impacto da assistência da IA ​​na agência estudantil no contexto do feedback dos pares. Com 1.625 alunos em 10 cursos, um experimento foi conduzido usando revisão por pares. Durante o período inicial de quatro semanas, os alunos foram guiados por recursos de IA que utilizavam técnicas como detecção de sugestões baseadas em regras, similaridade semântica e comparação com comentários anteriores feitos pelo revisor para aprimorar seus envios caso o feedback fornecido fosse considerado insuficientemente detalhado ou natureza geral. Nas quatro semanas seguintes, os alunos foram divididos em quatro grupos diferentes: o controle (AI) recebeu instruções, (NR) não recebeu instruções, (SR) recebeu listas de verificação de automonitoramento no lugar das instruções da IA ​​e (SAI) teve acesso a ambos. Solicitações de IA e listas de verificação de automonitoramento. Os resultados da experiência sugerem que os alunos tenderam a confiar, em vez de aprender, com a assistência da IA. Se a assistência da IA ​​fosse eliminada, as estratégias auto-reguladas poderiam ajudar a preencher a lacuna, mas não eram tão eficazes como a assistência da IA. Os resultados também mostraram que as abordagens híbridas humano-IA que complementam a assistência da IA ​​com estratégias autorreguladas (SAI) não foram mais eficazes do que a assistência da IA ​​por si só. Concluímos discutindo os benefícios, desafios e implicações mais amplos de contar com a assistência da IA ​​em relação à agência estudantil num mundo onde aprendemos, vivemos e trabalhamos com IA".

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

IA, limites dos detectores de plágio e desafios da avaliação da aprendizagem

Uma publicação recente da empresa norte-americana de tecnologia educacional Anthology (link da versão traduzida para o português) apresenta dados e análises sobre a baixa eficácia e confiança dos programas detectores de plágio para materiais gerados por máquinas de inteligência artificial como o popular ChatGPT e outras. Citando testes realizados e artigos publicados com resultados diversos, os autores concluíram que esses programas não devem ser utilizados para a detecção de plágio em trabalhos acadêmicos e similares devido ao seu baixo índice de acerto. Há também o risco de vieses e distorções desse softwares ao serem utilizados para outras línguas além do inglês.

Segundo os autores do documento, uma das boas alternativas ao problema é a capacitação de professores,  o uso ético da IA, e uma revisão dos processos de avaliação da  aprendizagem em instituições educacionais e cursos formais. O documento sugere a aderência à prática do sistema de "avaliação autêntica": "Na sua forma mais simples, a avaliação autêntica se afasta do conhecimento acumulado para se concentrar na aplicação prática de habilidades, priorizando tarefas complexas em vez de questões binárias de certo e errado e abandonando muitos dos princípios tradicionais da avaliação, como limites de tempo, envios únicos e curvas de notas. Por exemplo, um curso de negócios que busca ensinar habilidades de negociação pode considerar a substituição de uma tarefa de exame tradicional por uma entrevista ao vivo, em que o aluno precisa aplicar a teoria apresentada na aula para alcançar o resultado comercial desejado".

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Relatório sobre conhecimentos da área de Inteligência Artificial nos últimos 100 anos

Através de uma iniciativa da Stanford University, que coordena o trabalho de um comitê de pesquisadores da área de Inteligência Artificial (IA), acaba de ser publicado um detalhado relatório sobre a produção do conhecimento no campo das pesquisas sobre o tema (link) intitulado Gathering Strength, Gathering Storms: The One Hundred Year Study on Artificial Intelligence (AI100) 2021 Study Panel Report.

O relatório foi desenvolvido com base em dois seminários temáticos realizados em 2019, cujos resultados foram aprofundados e detalhados por um Comitê de pesquisadores convidados, buscando ampliar o escopo dos relatos para estudos desenvolvidos em todo o mundo (no relatório de 2016 o escopo foi restrito a alguns países do hemisfério norte). O trabalho irá continuar com novos relatórios a serem publicados a cada 5 anos.

Destaque para o formato do texto, de perguntas e respostas (Standing Questions and Responses), onde os especialistas organizaram informações sobre 12 temáticas da área, tais como "quais são os avanços mais importantes em IA?"e "quais são as oportunidades mais promissoras para IA?", dentre outras.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Revista ETD, da UNICAMP, lança edição temática intitulada Educação, recomeços: o novo sempre vem

A revista ETD, da UNICAMP, acaba de lançar edição temática intitulada Educação, recomeços: o novo sempre vem (link).  Artigos abordam pesquisas realizadas sobre técnicas de inteligência  artificial  e  virtualização incorporadas  em  ambientes  virtuais  de  ensino  e  aprendizagem;  uso  de  aplicativos  móveis educacionais em sala de aula; práticas pedagógicas na EaD; e práticas pedagógicas inovadoras como uso de tecnologias digitais em cursos de formação inicial de professores. 

Por se tratar de uma revista multidisciplinar com foco na área de educação, autores dos artigos possuem formação diversa nos vários campos do saber, incluindo a sociologia e antropologia,  a difusão do conhecimento, a administração e a engenharia da produção. Isso enriquece a diversidade de olhares sobre a temática da educação e tecnologias digitais. Vale a leitura dos artigos para que se possa conhecer e debater sobre o conhecimento produzido a partir dessas perspectivas ampliadas. 

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Novo editorial sobre desafios e o futuro da inteligência artificial na educação

Em extenso editorial recente, intitulado Historical threads, missing links, and future directions in AI in education, os editores Ben Williamson e Rebecca Eynon, do periódico Learning, Media and Technology, apresentam um panorama crítico da genealogia histórica e da presença atual, os problemas e o futuro da inteligência artificial no campo da educação entre o louvor ao seu caráter inovador e revolucionário e o temor de seus desafios éticos e sua operação pouco transparente e consequências inescrutáveis (link). 

O texto analisa a pesquisa sobre IA na educação, o uso da IA em aplicativos educacionais comerciais, a infraestrutura de IA, as política e a governança de IA e o que os autores chamam de "missing links", ou seja, os "furos" ou problemas na IA na educação no contexto da dataficação e da vigilância em rede.  


A partir de artigos publicados na temática das últimas décadas, os editores apontam para a "natureza contestada da IA, com uma história complexa de metodologias e disciplinas, e várias afirmações de como a IA permitirá que os cientistas da aprendizagem desenvolvam entendimentos ‘transformativos’ ou ‘revolucionários’ da cognição, aprendizagem e inteligência humanas". E sugerem foco em três áreas para futuras pesquisas sobre o tema: "etnografias de IA em uso, maior aproximação com o campo da filosofia da educação, e interações mais significativas com outras comunidades acadêmicas que trabalham na IA em educação".



terça-feira, 30 de junho de 2020

Artigo analisa o uso de inteligência artificial em fóruns assíncronos

Artigo do tipo relato de campo publicado por pesquisadores da North Texas University, em conferência da EDEN, European Distante and E-Learning Network, promove debate e reflexões sobre o polêmico e muito recente uso de inteligência artificial em atividades de aprendizagem online, O estudo se baseou em IA integrada em uma disciplina de biologia do primeiro semestre da universidade (link para o artigo). Importante salientar que esse uso não pode levar à substituição de professores e nem à precarização das atividades docentes.

Como relatado no artigo, os pesquisadores "...investigaram o impacto de uma plataforma de discussão baseada na IA, Packback, no aprendizado dos alunos e no fluxo de trabalho do professor em cursos on-line. O Packback aborda as discussões on-line usando um protocolo baseado no método socrático de questionar, atribuir aos alunos uma 'pontuação de curiosidade' e criar um boletim informativo de postagens em destaque. Inclui moderação automatizada de postagens inapropriadas. A IA, com base no comprimento das postagens, na estrutura da sentença e na presença de uma citação de fonte, entre outras variáveis, calcula as notas de classificação e curiosidade/interesse. A plataforma possui outros recursos que imitam um local de rede social e gamificam a experiência"(tradução livre).  Ainda segundo os autores, "como a IA classifica e modera as postagens, os professores podem se concentrar em interações mais significativas com os alunos, como fornecer elogios públicos ou feedback particular/individualizado. Isso ajuda a estabelecer um senso de presença no ensino".

Dados foram coletados com apenas 3 tutores de atuaram na disciplina ofertada nessa sistemática e que relataram sobre impactos mas também ambiguidades da IA. Um ponto levantado pelos tutores foi a necessidade de saber melhor como o IA calcula as notas atribuídas às postagens e se elas incluem também o feedback dos tutores publicados no fórum, caracterizando assim o elemento de "ambiguidade" nomeado pelos pesquisadores -- forma de cálculo das notas, estrutura das postagens na plataforma, dentre outros. 

Os autores identificaram elementos de incerteza mas também de curiosidade dos tutores sobre o funcionamento e uso da IA e também concluíram que: "os tutores enfrentaram o desafio de aprender uma nova tecnologia, entender como a IA funcionava e descobrir como melhor complementá-la com a intervenção humana, com interrupções mínimas na aprendizagem dos alunos ... Pesquisas adicionais estão em andamento e a equipe de pesquisa está entrevistando mais alunos e educadores ... para aumentar a validade dessas tendências ou identificar outros padrões emergentes nas disciplinas".

quinta-feira, 11 de abril de 2019

China utiliza tecnologia de IA para reconhecimento facial e rankeamento de alunos em sala de aula

Reportagem do website Sixth Tone detalha como a China tem utilizado variadas tecnologias de monitoramento por imagens e de reconhecimento facial dos estudantes em sala de aula através de projetos piloto de Inteligência Artificial que atribuem notas de desempenho aos estudantes a fim de "aprimorar a educação no país". 

Segundo o texto, um dos programas utilizados em uma escola de Beijing fotografa a sala de aula a cada segundo e as imagens do rosto de cada aluno são analisadas por algoritmos a partir de categorias tais como ouvindo, respondendo perguntas, escrevendo, interagindo com outros alunos ou dormindo. Em algumas escolas, estudantes desconectaram as câmeras do sistema em sinal de protesto.