Acaba de ser publicada edição temática sobre colonialismo digital da revista Convergência Crítica (link). Há diversos artigos de interesse na temática abrangendo questões relacionadas à inteligência artificial, dataficação, racismo algorítmico e outros.
Segundo os coordenadores, "são tempos de ataques sistemáticos à soberania digital brasileira, onde o capital de empresas do Vale do Silício, se alinham abertamente com o campo político da extrema direita. Foi-se a ilusão, muito presente no campo democrático, de que estas corporações e suas plataformas poderiam ser benevolentes. Seus interesses são o lucro über alles: neste sentido vale tudo, principalmente impulsionar a desinformação [...] Os estudos sobre colonialismo digital, tornam-se uma necessidade para a compreensão e transformação da sociedade atual. A digitalização da vida, comandada pelas big techs, impõe o ritmo alucinante das máquinas, aprofundando a subsunção real dos trabalhadores, através da fragmentação e precarização da força de trabalho e a crescente fetichização da tecnologia, sob a forma da mercadoria".quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
terça-feira, 18 de fevereiro de 2025
Conceituando novos letramentos e IA
Acaba de ser lançado um artigo (white paper) que articula alguns bons elementos em uma nova definição sobre os novos letramentos e a IA (link) de autoria de pesquisadores da empresa Centre for Finance, Technology and Entrepreneurship (CFTE) com sede em Londres. Segundo o documento, “os letramentos de IA se referem à capacidade de compreender conceitos básicos de IA, usar ferramentas de IA de forma eficiente, avaliar criticamente os resultados gerados por IA, entender o uso responsável de IA e permanecer adaptável em um cenário digital em rápida evolução.
Esta definição de letramentos de IA compreende cinco componentes principais: Conhecimento Fundamental de Conceitos Básicos de IA, Proficiência Prática em Tecnologias de IA, Avaliação Crítica de Resultados de IA, Uso Responsável de IA e Aprendizagem Contínua e Adaptabilidade. Juntos, esses elementos garantem que os indivíduos estejam bem preparados para se envolver com IA de forma responsável e confiante".segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025
Artigo sobre Multiletramentos, IA e vídeos remix em nova edição temática
Acaba de ser publicado artigo de pesquisadores do grupo LER-CNPq intitulado Multiletramentos E Inteligência Artificial Nas Práticas Artísticas Juvenis: Uma Análise Sobre A Produção De Vídeos Remix (link) em número temático A Inteligência Artificial e Educação: debates críticos e boas práticas na escola básica e na educação superior, da revista Artes e Educar da UERJ, com edição de Juan Guilhermo Díaz Bernal e Edméa Santos.
O trabalho de Magnaldo Araújo e Eduardo S. Junqueira "é um recorte de pesquisa de doutorado em andamento que busca compreender o processo de articulação e integração das práticas de multiletramentos na aprendizagem artístico-musical de jovens. Neste artigo temos como objetivo analisar o uso da inteligência artificial (IA) nas práticas artísticas juvenis de multiletramentos no processo de produção de vídeos remix, considerando os aspectos socioculturais, pedagógicos e tecnológicos [...] Como principais resultados, destacamos as mudanças de ethos no processo de criação de vídeos remix e nas práticas de multiletramentos auxiliadas por IA. Entre as principais mudanças, destacam-se a automatização de processos técnicos relacionados à edição de vídeo e a democratização do acesso a ferramentas profissionais de edição, todas proporcionadas pela IA. No que se refere à renovação do ethos, consideram-se a emulação da criatividade humana e os limites borrados da propriedade intelectual como principais pontos de mutação".Sobre a edição temática (link), com diversos artigos de grande interesse, os editores discutem "como essa tecnologia, capaz de criar textos, imagens e outros conteúdos a partir de dados fornecidos por humanos, vem transformando a educação, exigindo reflexões sobre a reconfiguração do ensino e do papel dos professores. São abordadas questões filosóficas e epistemológicas, como a influência dos vieses algorítmicos na produção do conhecimento, além das implicações para a sociedade contemporânea, marcada por redes digitais e pela modernidade líquida. Outro ponto central da discussão é a necessidade de adaptação dos processos de ensino e avaliação, uma vez que o uso da IA por estudantes pode impactar a integridade acadêmica. O papel do professor se amplia, tornando-se não apenas um mediador do conhecimento, mas um orientador no uso ético dessas ferramentas. Além disso, enfatiza-se a importância do desenvolvimento de habilidades metacognitivas para que os alunos possam utilizar a tecnologia de forma crítica e consciente, sem comprometer a autonomia do aprendizado".
segunda-feira, 16 de dezembro de 2024
Artigo indica pequeno ganho de aprendizagem de alunos menos privilegiados com o uso de tecnologias digitais na escola
Artigo recente publicado no periódico Computers & Education, baseado em ampla revisão de literatura, indicou que o uso de tecnologias digitais na escola pode ser ligeiramente benéfico na melhora da aprendizagem dos alunos menos privilegiados, seja daqueles que integram turmas diversas nos ditos países "desenvolvidos", seja tomando toda a população de estudantes dos chamados países "sub-desenvolvidos". Intitulado A meta-analysis on the effect of technology on the achievement of less advantaged students (link), o artigo analisou 72 estudos na temática e concluiu que "iniciativas de tecnologia educacional são consideradas como tendo um efeito pequeno, positivo e estatisticamente significativo que permanece mesmo após a correção para viés de publicação [...] o aprendizado assistido por computador e as intervenções comportamentais são mais eficazes em aumentar o desempenho de alunos menos favorecidos do que o simples acesso à tecnologia. Curiosamente, o efeito dessas duas intervenções parece ser de magnitude semelhante. Finalmente, o uso de tecnologias digitais está associado a melhorias ligeiramente maiores em matemática e ciências do que na área das humanidades".
Nesse sentido, os autores destacam que "a disponibilização de tecnologias digitais precisa ser acompanhada de orientação e supervisão adequadas para garantir que todos os alunos possam aproveitar os benefícios da tecnologia para melhorar seu desempenho educacional".
E analisam: "em contextos socioeconômicos menos privilegiados, intervenções comportamentais utilizando tecnologias digitais podem precisar ser acompanhadas por outras medidas para serem mais eficazes. Por exemplo, intervenções que visam aumentar o envolvimento dos pais na educação podem funcionar melhor se forem complementadas por programas que forneçam conteúdo e suporte presencial. Embora as intervenções comportamentais sejam projetadas para superar barreiras psicológicas e informacionais, espera-se que esses outros programas tenham um impacto nas habilidades cognitivas dos alunos".
segunda-feira, 2 de dezembro de 2024
Ideias de 37 pesquisadores da área sobre IA generativa e educação são reunidas em novo artigo
Acaba de ser publicado o artigo The Manifesto for Teaching and Learning in a Time of Generative AI: A Critical Collective Stance to Better Navigate the Future, que agregou e compilou ideias de 37 pesquisadores da área de IA e educação através da técnica Delphi (link para acesso). O resumo do trabalho destaca que: "À medida que a GenAI continua a evoluir, enfrentamos desafios críticos para manter a supervisão humana, salvaguardar a equidade e facilitar experiências de aprendizagem significativas e autênticas. Este manifesto enfatiza que a GenAI não é ideologicamente e culturalmente neutra. Em vez disso, ela reflete visões de mundo que podem reforçar preconceitos existentes e marginalizar vozes diversas. Além disso, à medida que o uso da GenAI remodela a educação, ela corre o risco de corroer elementos humanos essenciais — criatividade, pensamento crítico e empatia — e pode deslocar interações humanas significativas com soluções algorítmicas".
Na seção dos Resultados (ver telas abaixo), vários temas-chave surgiram, destacando os benefícios potenciais e considerações críticas para integrar a AI generativa em contextos educacionais. Dentre os pontos destacados e detalhados no texto estão: aprendizagem colaborativa, melhoria a criatividade e inovação, ganho de tempo, melhoria da capacidade cognitiva. No que se refere aos aspecto negativos, destacam-se: desigualdades sociais, perda de integridade acadêmica, impactos no raciocínio crítico, perda de de privacidade e de valores humanos, dentre outros.terça-feira, 26 de novembro de 2024
Open AI, do ChatGPT, disponibiliza novo curso e recursos para a educação
A empresa Open AI, criadora do ChatGPT, acaba de disponibilizar um curso online, em inglês, para professores da educação básica. A iniciativa foi desenvolvida em parceira com professores da área de IA da Universidade da Pensilvânia, nos EUA. O curso possui quatro módulos e é gratuito, Há cobrança de uma taxa apenas para aqueles que desejarem obter um certificado de conclusão da atividade (acessar o link).
Segundo a empresa, "o curso permitirá aos participantes explorar os principais conceitos em IA generativa, criar prompts de IA eficazes e descobrir estratégias para integrar a IA nas tarefas, mantendo a integridade acadêmica". Cada módulo possui vídeo, leituras, uma tarefa e um "prompt para discussão". Foi disponibilizado também um vídeo de divulgação do curso, com os professores responsáveis, neste link.Recentemente a empresa também lançou uma nova versão do produto, chamada ChatGPT Edu, focada em universidades, com base em uma espécie de uso piloto desenvolvido na Arizona State University, nos EUA. A página traz alguns poucos detalhes sobre o produto neste link.
segunda-feira, 16 de setembro de 2024
Novas IAs e o raciocínio crítico dos estudantes
Nos últimos dias empresas de tecnologia lançaram versões de seus produtos de inteligência artificial (IA) com avanços no que tem sido divulgado como uma nova e fascinante "capacidade de racionar". No caso do ChatGPT, há duas novas funcionalidades: 01-preview (mais geral para realizar tarefas ditas mais complexas, link) e 01-mini (para atividades no campo da matemática, link). Pesquisadores da área estão debatendo o que significa "raciocinar" neste caso, tendo como um dos parâmetros a nossa capacidade humana de fazê-lo, e implicações para a educação e o desenvolvimento intelecto-cognitivo dos estudantes.
Em uma postagem em seu blog (link), Donald Clark afirmou que "o pensamento crítico foi uma das famosas habilidades do século 21, que todos pensavam que a IA nunca poderia resolver. Se vemos o pensamento crítico como uma abordagem racional e crítica para resolver problemas, ele está aqui. Na verdade, o desempenho do ChatGPT o1 em matemática e raciocínio é extraordinário (...) este modelo está fazendo matemática fantasticamente avançada no nível da Olimpíada de Matemática e resolução de problemas em tarefas quantitativas".Outra notícia recente (link) demonstra que 66% dos estudantes universitários nos EUA utilizam o chatGPT semanalmente como parte de seus estudos, a princípio para buscar informações e para gerar brainstorming. Uma sondagem de opinião com alunos de uma turma de alunos meus de um curso de mídias e tecnologias indicou perfil semelhante: 48% utilizam serviços de IA uma vez por semana e 28% o fazem diariamente, principalmente para atividades de estudo e trabalho (muito pouco para fins sociais ou de entretenimento). Os estudantes formularam também diversas críticas à qualidade irregular e nem sempre confiável dos dados gerados e parecem ter consciência dos danos para a própria aprendizagem que poderão ser gerados pelo uso excessivo da IA em seus estudos.
terça-feira, 10 de setembro de 2024
Dossiê Temático Inteligência artificial sob as lentes do marxismo e do pensamento crítico
A Revista Eletrônica Internacional de Economia Política da Informação da Comunicação e da Cultura acaba de publicar dossiê temático intitulado Inteligência artificial sob as lentes do marxismo e do pensamento crítico (link para acesso). O número especial traz artigos com temáticas sobre os avanços da inteligência artificial no contexto do fetichismo tecnológico, da perda dos postos de trabalho, da servidão do home office e da ideologia dos dados. Há também uma entrevista com a socióloga Sabine Pfeiffer sobre as contradições do capitalismo digital.
Segundo os editores (em tradução livre), "a pesquisa marxista sobre IA remonta à década de 1980 e à primeira era da indústria de IA. O aprendizado de máquina ainda não havia alcançado sucesso demonstrável e, em vez disso, a indústria baseou suas esperanças em "sistemas especialistas" ou programas nos quais o conhecimento capturado de especialistas poderia ser implementado e disponibilizado sob demanda (Myers 1986). A partir dessa era inicial, três grandes linhas de pesquisa marxista sobre IA já eram visíveis.A primeira linha viu na IA a extensão de tecnologias de automação anteriores e práticas tayloristas de desqualificação de mão de obra (Cooley 1980; Morris-Suzuki 1984; Berman 1992; Ramtin 1991).
A segunda linha viu a IA como talvez mais exagero do que substância; como uma arma ideológica do capital para intimidar os trabalhadores. Como Athanasiou (1985) colocou, a IA era melhor entendida como "política habilmente disfarçada".
A terceira linha se concentrou, em vez disso, no potencial das capacidades avançadas de processamento de dados da IA para a implementação do planejamento econômico socialista (Cockshott 1988).
Podemos ver esses mesmos temas em pesquisas marxistas mais recentes sobre IA, bem como em novas. O primeiro tópico continua sendo uma linha de pensamento proeminente. Dyer-Witheford et al. (2019) e Steinhoff (2021) oferecem estudos que investigam a IA como, principalmente, uma tecnologia de automação com novas capacidades para capturar as habilidades e o conhecimento do trabalho.
O segundo tópico também mantém o interesse. Autores como Benanav (2020) e Smith (2020) argumentam que as capacidades da IA para a substituição do trabalho são exageradas, servindo principalmente para distrair de uma economia capitalista estagnada. Terceiro, Cockshott (2017) continua a buscar o uso da IA para o planejamento socialista. Um tanto relacionada é a pesquisa que defende o uso da IA para produzir uma sociedade socialista “pós-trabalho” (Srnicek e Williams 2015; Bastani 2019).
Além desses três tópicos, há uma diversidade relativamente pequena, mas crescente, de pesquisas marxistas sobre IA (várias coleções agora existem: Moore e Woodcock 2021; Fehrle, Lieber e Ramirez 2024)".
segunda-feira, 9 de setembro de 2024
UNESCO publica guias de referências sobre Inteligência Artificial para professores e estudantes
A UNESCO acaba de publicar dois guias de referências sobre a temática da Inteligência Artificial no contexto de problemáticas e práticas de professores e estudantes (link para acesso).
Segundo o material de divulgação, o referencial de competências de IA para alunos visa orientar formuladores de políticas, educadores e desenvolvedores de currículo para que os alunos passam desenvolver habilidades, conhecimentos e valores necessários para se envolver com a IA de forma eficaz. Ele está focado em quatro competências essenciais:- Uma mentalidade centrada no ser humano: Incentivar os alunos a entender e afirmar sua agência em relação à IA.
- Ética da IA: Ensino de uso responsável, ética desde a concepção e práticas seguras.
- Técnicas e aplicações de IA: Fornecer conhecimentos e habilidades fundamentais de IA.
- Design de sistemas de IA: Promovendo a resolução de problemas, a criatividade e o design thinking.
No que se refere aos professores, o material de divulgação destaca que o guia apresenta uma estrutura de competências de IA focada no desenvolvimento profissional ao longo da vida, oferecendo uma estrutura de referência para programas nacionais de desenvolvimento e treinamento de competências. O objetivo é garantir que os professores estejam preparados para usar a IA de forma responsável e eficaz, minimizando os riscos potenciais para os alunos e a sociedade. As cinco principais áreas de competência são:
- Uma mentalidade centrada no ser humano: Foco na agência humana, responsabilidade e responsabilidade social.
- Ética da IA: Promover princípios éticos e uso responsável.
- Fundamentos e aplicações de IA: Fornecer o conhecimento, a compreensão e as habilidades necessárias para criar e usar a IA.
- Pedagogia de IA: Apoiar os professores a alavancar a IA para métodos de ensino inovadores.
- IA para desenvolvimento profissional: Descrever as capacidades dos professores para alavancar a IA para impulsionar seu próprio desenvolvimento profissional ao longo da vida.
O guia enfatiza que as ferramentas de IA devem complementar, não substituir, as funções e responsabilidades vitais dos professores na educação.
Destaque também para as diretrizes sobre IA generativa na educação e na pesquisa, documento publicado em 2023 (link).
segunda-feira, 12 de agosto de 2024
Novo livro de Lovink reflete sobre possível fim da internet
Foi lançada recentemente a edição em português do livro O fim da internet, do professor da Universidade de Amsterdam de Ciências Aplicadas, Geert Lovink (link). Há também um vídeo curto do autor sobre a obra (link). O livro inaugura a coleção Âncora do Futuro na temática de estudos críticos da internet da editora Funilaria em parceira com a equipe do @baixacultura. No livro, Lovink apresenta reflexões e diversas imagens sobre os problemas das plataformas (ou Big Techs) na atualidade e possíveis caminhos, em reflexão bastante inicial e por vezes pouco coesa, sobre as saídas para os problemas geradas aos usuários por essas empresas.
O autor introduz questões importantes para reflexão, tais como:
- O que pode ocupar o vazio em nossos cérebros desfragmentados depois que a internet desocupar a cena?
- Em que pode consistir a vida depois que nossas mentes frágeis não forem mais atacadas pelos efeitos entorpecentes e deprimentes de descer a barra de rolagem do apocalipse (doomscrolling)?
- Como viver uma vida fora da plataforma e ainda aproveitar os benefícios das redes sociais?
quarta-feira, 7 de agosto de 2024
Estudo detalha o avanço da plataformização na educação superior da América Latina e da África
Relatório recente publicado pela equipe do projeto Observatório Educação Vigiada (link) apresenta indicadores que comprovam as crescentes ações das empresas Alphabet (Google) e Microsoft relacionadas às universidades públicas nos continentes da América Latina e da África. No que se refere ao nosso continente, a síntese dos resultados foi:
- Foram pesquisadas 666 domínios de e-mail em 20 países;
- Foram encontrados 646 domínios válidos de e-mail institucional;
- 76% dos domínios válidos das Instituições Públicas de Ensino Superior da América Latina direcionam suas mensagens para servidores da Google e da Microsoft;
- 58% dos domínios válidos estão armazenados na Google e 18% na Microsoft
- Somente 24% dos domínios válidos estão armazenados em outros tipos de solução, majoritariamente servidores próprios e gerenciados pelas instituições.
- Cuba é o único país da região com 100% dos servidores próprios, seguido por Uruguai, com 85%.
Os autores concluíram que: [...existe uma] " repetição das empresas que dominam a oferta de serviços: Microsoft e Google. Os dados brutos apontam para cenário díspar em diferentes países: com maior e menor domínio das Big Tech ou ainda a presença mais marcante de uma única empresa. Nesse sentido, e seguindo as experiências do mapeamento Sul-americano, os dados são uma fonte significativa de informações nos níveis nacional e institucional, abrindo espaços para investigações acerca dessas disparidades, considerando vetores e contextos políticos e econômicos locais".
segunda-feira, 29 de julho de 2024
2024 EDUCAUSE Horizon Report Ensino e Aprendizagem
Foi publicado o 2024 EDUCAUSE Horizon Report Ensino e Aprendizagem no ensino superior (link) com destaques para os temas considerados mais importantes, e relacionados aos dois tópicos mencionados, para o futuro próximo, segundo os editores do relatório de grande prestígio acadêmico. O relatório deste ano incluiu também uma nova categoria (Honorary Trend) sobre Inteligência Artificial. O website do trabalho traz também vídeos e outros materiais úteis. Conforme resumo que consta na página 4 do relatório, as tendências mais importantes são (em tradução livre, destaques nossos):
Social • A percepção pública do valor do ensino superior está em declínio. • A demografia dos alunos está mudando. • Os alunos estão exigindo cada vez mais acesso ao aprendizado a qualquer hora, em qualquer lugar.
Tecnológico • As preocupações com segurança cibernética e privacidade estão aumentando. • O uso de análise [automatizada] de aprendizagem continua a aumentar. • A exclusão digital persiste.
Econômico • A demanda e o foco nas habilidades da força de trabalho estão crescendo. • Os desafios para a retenção de funcionários estão aumentando.
Ambiental • As instituições de ensino superior estão aumentando seu compromisso com sustentabilidade. • Preocupações com o impacto das ferramentas de big data no ambiente estão aumentando. • A demanda por habilidades verdes na força de trabalho aumenta.
Tendências honorárias de IA • A IA está mudando a maneira como nos comunicamos. • As ferramentas de IA têm um potencial crescente para remodelar a pedagogia e experiências estudantis. • A IA tem um impacto cada vez maior na economia e força de trabalho. • A IA está sendo cada vez mais usada para lidar com as mudanças climáticas e questões de sustentabilidade. • O potencial para o uso da IA na política está crescendo.
quinta-feira, 14 de março de 2024
Relatório alerta para os perigos da adoção, sem regulação adequada, da Inteligência Artificial nas escolas
Acaba de ser publicado relatório crítico importante intitulado Time for a Pause: Without Effective Public Oversight, AI in Schools Will Do More Harm Than Good, de autoria de Ben Williamson, Alex Molnar, and Faith Boninger (link apra acesso do texto completo). No texto, os autores indicam as diversas qualidades das interfaces de IA generativa, mas alertam para a pressão mercadológica e para o modo aligeirado e pouco crítico com que empresas e setores dos poderes públicos tem promovido e praticado a introdução dessas tecnologias no contexto da escola formal: "O peso das evidências disponíveis sugere que a atual adoção generalizada de aplicações não regulamentadas de IA nas escolas representa um grave perigo para a sociedade civil democrática e para a liberdade e a liberdade individuais. Anos de alertas e precedentes realçaram os riscos colocados pela utilização generalizada de tecnologias digitais pré-IA na educação, que obscureceram a tomada de decisões e permitiram a exploração de dados dos alunos", alertam.
Os autores analisam que: "apesar dos riscos de levar tecnologia não testada às salas de aula e da falta de critérios de implementação ou controles regulatórios, as escolas enfrentam uma pressão implacável para “modernizar” adotando a inteligência artificial. Embora os aplicativos de IA sejam comercializados como formas de resolver problemas de ensino e aprendizagem e agilizar os processos administrativos escolares, eles carregam consigo todas as limitações, problemas e riscos inerentes aos modelos de IA utilizados para executá-los. Levar a IA às escolas aumenta a probabilidade de que essas tecnologias possam reproduzir ou intensificar muitos problemas, tornando qualquer benefício potencial menos significativo do que os danos potenciais.Duas aplicações fortemente promovidas ilustram os perigos da adoção acrítica da IA em escolas: tutoria de chatbots, baseados em grandes modelos de linguagem, que prometem personalizar e automatizar o ensino; e plataformas de aprendizagem adaptativas, que utilizam grandes quantidades de dados dos alunos para fazer previsões, personalizar recursos e atividades em sala de aula e auto-intervir automaticamente nos processos pedagógicos. Os perigos que tais produtos representam incluem demandar aos professores mais tempo do que poupam, restringindo artificialmente a definição de “aprendizagem”, marginalizando a experiência dos professores e o relacionamento com os alunos, introduzindo erros curriculares e aumentando o preconceito e a discriminação nas salas de aula e nas escolas".
quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024
Novo livro sobre como os computadores entraram nas escolas européias a partir da década de 1960
Foi publicado no ano passado obra de referência intitulada How Computers Entered the Classroom, 1960–2000 e que resgata importantes elementos sobre a introdução de computadores em escolas de alguns países da Europa, como França, Suécia e Alemanha (link para acesso ao download do livro).
Segundo os editores, "os estudos de caso destacam diferenças no poder político e econômico, bem como no raciocínio ideológico e nas prioridades estabelecidas por diferentes atores no processo de introdução de computadores na educação. No entanto, as contribuições também demonstram que narrativas simples da Guerra Fria não conseguem capturar as complexas dinâmicas e emaranhamentos na história dos computadores como tecnologia educacional e conteúdos curriculares nas escolas. O volume editado fornece, assim, uma compreensão histórica abrangente do papel da educação em uma sociedade digital emergente".
Um elemento comum identificado pelos autores foi o importante papel desenvolvido pelas associações e redes de docentes entusiastas dos diversos países na Europa, mas também nos EUA, em abrirem o mercado e criarem padrões e justificativas para o uso das tecnologias educacionais na educação e na formação de professores, o que muito facilitou o trabalho de marketing da indústria de computadores. Ao contrário do projeto inicial de que computadores permitiram a individualização da aprendizagem - e os ganhos daí advindos - os autores argumentam que o motor principal da disseminação estava na crença de computadores como ativos econômicos no contexto da escola.Curiosamente, os autores também identificaram uma ruptura na trajetória de desenvolvimento dessa ações com a chegada e a popularização da internet na década de 1990, argumentando que as atividades passadas foram esquecidas em detrimento da urgente necessidade de conectar os computadores à rede digital. Alguns capítulos também analisam o papel das organizações UNESCO e OCDE nesse processo, mas também dos fornecedores locais que disputaram e conquistaram o novo mercado.
O livro traz à tona também a lembrança de uma obra muito difundida na década de 1990 intitulada Oversold and underused: computers in classroom (link), em que o autor Larry Cuban fazia duras críticas aos altos investimentos na compra de computadores para escolas nos EUA sem um uso apropriado dos equipamentos e com resultados pífios para a melhoria das aulas e da aprendizagem escolar naquele país.
terça-feira, 27 de fevereiro de 2024
A vertiginosa ascensão e queda da plataforma indiana BYJU's
Artigo recente relata parte da história e sérios percalços recentes enfrentados pela plataforma educacional BYJU's (link para acessar o texto). A empresa, fundada em 2011 por, um casal de educadores indianos, apresentou crescimento espantoso mirando primeiramente o enorme mercado interno da India para treinamento em concursos de admissão semelhantes aos ENEM brasileiro. Posteriormente, ampliou conteúdos e cursos para todos os níveis escolares e ensino superior e para telefones celulares.
Os autores do artigo concluem: "O BYJU's é um lembrete doloroso de que atalhos e farras de gastos não constroem negócios duradouros. A educação é um mercado enorme, mas a integridade ética e o foco no sucesso dos alunos devem continuar a ser princípios orientadores. Esperançosamente, as cinzas da BYJU serão usadas para instruir e fertilizar a próxima geração de líderes de edtech focados na criação de valor real, não apenas no hype".
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024
Nova análise sobre telefones celulares nas escolas
Estudo recente de pesquisadores britânicos (link para acesso) baseado em um nova análise dos dados do PISA de 2022 (que abrange quase 700 mil estudantes de 81 países) sugere que a proibição de telefones celulares nas escolas leva a um desempenho menor nas pontuações dos alunos nos testes do PISA. Ao se referirem ao contexto específico do Reino Unido, os pesquisadores concluíram: "No lançamento dos dados do relatório [PISA] de 2022 no Reino Unido, a OCDE, embora um tanto equivocada, apresentou evidências a favor da proibição dos telemóveis, com base em dados de distração dos estudantes. Por outro lado, apresentamos uma conclusão curiosa e contraditória de que, quando o gênero, a classe social e o comportamento escolar são controlados, os alunos em escolas com proibição de telefone têm um desempenho inferior nas pontuações dos testes PISA do que aqueles em escolas que permitem a utilização do telefone".
Diante de tantas variáveis envolvidas no processo de aprendizagem escolar, o resultado não deveria causar tanta surpresa, pois a história das pesquisas sobre tecnologias digitais na escola tem demonstrado impactos de relevância bastante moderada -- seja positiva ou negativa -- nos resultados da aprendizagem dos alunos mensurada por testes padronizados. Mais importante é investigar e compreender o que significa, em termos sociais e políticos, a nova onda de proibição do uso de telefones nas escolas em países diversos, inclusive no Brasil, e que não tem relação direta com a tecnologia digital, mas sim com relações de poder de tom mais conservador e retrógrado, como reforço de disciplina na escola, etc.
segunda-feira, 18 de dezembro de 2023
Novas publicações sobre inteligência artificial e educação
Acabam de ser publicados materiais importantes na área de inteligência artificial e educação. O livro intitulado Inteligência artificial e educação: refletindo sobre os desafios contemporâneos, organizado pela pesquisadora Lynn Alves, está disponível para acesso gratuito no site da EDUFBA (link). Segundo a editora, "a coletânea não tem intenção de apontar verdades absolutas, mas de provocar em especial educadores a interagir com os aparatos tecnológicos, em especial as IAs destacadas, construindo olhares críticos que vão além de perspectivas tecnofóbicas. Na primeira parte são apresentadas linhas cronológicas para entender o avanço da IA e o marco diferencial com a emergência da Inteligência Artificial Generativa (como ChatGPT 3.5, ChatGPT 4.0, Dall-E e Midjourney), além de serem apontados os riscos e as possibilidades ao interagir com tais aparatos tecnológicos, especialmente no cenário educacional. Já a segunda parte da obra, “Mediação da Inteligência Artificial nas práticas pedagógicas e investigativas”, traz reflexões e práticas de professores e pesquisadores brasileiros e portugueses com a interação dessa tecnologia nos espaços de aprendizagem".
O periódico Computers & Education acaba de publicar artigo intitulado Impact of AI assistance on student agency (link para acesso aberto) em que os autores investigaram o tema e constataram uma perigosa tendência de os alunos se tornarem dependentes da ajuda da IA, ao invés de utilizá-la como processo de aprendizagem. O texto traz uma discussão sobre benefícios, desafios e implicações mais amplos de contar com a assistência da IA em relação à agência dos estudantes.O resumo do artigo (em tradução automatizada via Google): "As tecnologias de aprendizagem baseadas em IA estão sendo cada vez mais usadas para automatizar e estruturar atividades de aprendizagem (por exemplo, lembretes personalizados para concluir tarefas, feedback automatizado em tempo real para melhorar a redação ou recomendações sobre quando e o que estudar). Embora a visão predominante seja de que estas tecnologias têm geralmente um efeito positivo na aprendizagem dos alunos, o seu impacto na agência dos alunos e na capacidade de auto-regular a sua aprendizagem é pouco explorado. Os alunos aprendem com o feedback regular, detalhado e personalizado fornecido pelos sistemas de IA e continuarão a apresentar um comportamento semelhante na ausência de assistência? Ou, em vez disso, continuam a contar com a assistência da IA sem aprender com ela? Para contribuir para preencher esta lacuna de investigação, conduzimos uma experiência controlada aleatória que explorou o impacto da assistência da IA na agência estudantil no contexto do feedback dos pares. Com 1.625 alunos em 10 cursos, um experimento foi conduzido usando revisão por pares. Durante o período inicial de quatro semanas, os alunos foram guiados por recursos de IA que utilizavam técnicas como detecção de sugestões baseadas em regras, similaridade semântica e comparação com comentários anteriores feitos pelo revisor para aprimorar seus envios caso o feedback fornecido fosse considerado insuficientemente detalhado ou natureza geral. Nas quatro semanas seguintes, os alunos foram divididos em quatro grupos diferentes: o controle (AI) recebeu instruções, (NR) não recebeu instruções, (SR) recebeu listas de verificação de automonitoramento no lugar das instruções da IA e (SAI) teve acesso a ambos. Solicitações de IA e listas de verificação de automonitoramento. Os resultados da experiência sugerem que os alunos tenderam a confiar, em vez de aprender, com a assistência da IA. Se a assistência da IA fosse eliminada, as estratégias auto-reguladas poderiam ajudar a preencher a lacuna, mas não eram tão eficazes como a assistência da IA. Os resultados também mostraram que as abordagens híbridas humano-IA que complementam a assistência da IA com estratégias autorreguladas (SAI) não foram mais eficazes do que a assistência da IA por si só. Concluímos discutindo os benefícios, desafios e implicações mais amplos de contar com a assistência da IA em relação à agência estudantil num mundo onde aprendemos, vivemos e trabalhamos com IA".
segunda-feira, 4 de dezembro de 2023
IA, limites dos detectores de plágio e desafios da avaliação da aprendizagem
Uma publicação recente da empresa norte-americana de tecnologia educacional Anthology (link da versão traduzida para o português) apresenta dados e análises sobre a baixa eficácia e confiança dos programas detectores de plágio para materiais gerados por máquinas de inteligência artificial como o popular ChatGPT e outras. Citando testes realizados e artigos publicados com resultados diversos, os autores concluíram que esses programas não devem ser utilizados para a detecção de plágio em trabalhos acadêmicos e similares devido ao seu baixo índice de acerto. Há também o risco de vieses e distorções desse softwares ao serem utilizados para outras línguas além do inglês.
Segundo os autores do documento, uma das boas alternativas ao problema é a capacitação de professores, o uso ético da IA, e uma revisão dos processos de avaliação da aprendizagem em instituições educacionais e cursos formais. O documento sugere a aderência à prática do sistema de "avaliação autêntica": "Na sua forma mais simples, a avaliação autêntica se afasta do conhecimento acumulado para se concentrar na aplicação prática de habilidades, priorizando tarefas complexas em vez de questões binárias de certo e errado e abandonando muitos dos princípios tradicionais da avaliação, como limites de tempo, envios únicos e curvas de notas. Por exemplo, um curso de negócios que busca ensinar habilidades de negociação pode considerar a substituição de uma tarefa de exame tradicional por uma entrevista ao vivo, em que o aluno precisa aplicar a teoria apresentada na aula para alcançar o resultado comercial desejado".
segunda-feira, 9 de outubro de 2023
Publicado novo Dossiê Temático: “Currículo e tecnologias: redes, territórios e diversidades” pela revista e-Curriculum
A revista e-Curriculum, da PUC-SP, acaba de publicar Dossiê Temático: “Currículo e tecnologias: redes, territórios e diversidades” (link) contendo 27 trabalhos de grupos de pesquisadores de diversas universidades brasileiras, sendo 3 deles artigos de caráter teórico, 7 que abordam currículo no nível da Educação Básica e seis textos que versam sobre o ensino superior. Há, ainda, 10 artigos sobre temáticas relacionadas à rede, ambiente virtual, ambiente pessoal de aprendizagem, cultura digital e temas correlatos.
Segundo os editores do Dossiê, "Os artigos deste dossiê oferecem uma ampla visão da diversidade prevalente nos artigos de abordagem teórica ou estudos que tratam de revisão de literatura, construções conceituais, métodos e resultados de investigações, análise de experiências ou de políticas, agrupados em torno de temáticas acerca de currículo, redes e territórios, com subgrupos relacionados ao contexto investigado. Há artigos que acoplam dois ou mais desses temas e, por razão da organização linear do texto, são apresentados no tema considerado mais atinente".
Ao apresentar os conteúdos de todos os artigos publicados no Dossiê, os editores consideram que os estudos reunidos indicam que "a integração das tecnologias digitais de informação e comunicação nas práticas educativas, embasada por concepções educacionais emancipatórias, concretiza-se por meio deum processo de apropriação pedagógica dessas tecnologias, de modo a propiciar a superação da visão do instrumentalismo acrítico. Contudo, como salientado por alguns artigos deste fascículo, é preciso estar atento ao processo de adoção, algumas vezes imposta, de plataformas, algoritmos, aplicativos e recursos sem criticidade de modo a evitar a apropriação do espaço público pelo privado e a tecnologização da educação. O humano deve preponderar sobre a tecnologia e a técnica".Publicados os anais das conferências da International Society of Learning Sciences 2023
Acabam de ser publicados os Anais das três conferências da International Society of Learning Sciences 2023, realizadas no mês de junho no Canadá com o tema “Building knowledge and sustaining our community”. São eventos de alta qualidade científica-acadêmica no campo da ed-tech e temas associados (link geral). Os Anais principais, da 3rd Annual Meeting of the International Society of the Learning Sciences (ISLS), trazem os trabalhos de palestrantes convidados, workshops, apresentações de pesquisas dos participantes e outras atividades. Destaque para as palestras de Henri Giroux, intitulada “Critical Pedagogy in the Age of Fascist Politics”, e de Jan Hare, “Decolonizing Online Learning Through Indigenous Ways of Knowing”. Destaque também para a sessão especial “The New Generation of AI: Opportunities for Research and the Role of ISLS”.
No caso da 17th International Conference of the Learning Sciences (ICLS), os Anais (link) trazem trabalhos de 44 países, mas 80% eram originários dos EUA e Canadá. As temáticas abrangem diversas temáticas de pesquisas no campo da ed-tech. Segundo os editores: "As apresentações e discussões da conferência ressaltaram a importância de integrar diversos contextos de aprendizagem para enfrentar os desafios e oportunidades num mundo passando por intensa transformação, mergulhando em complexas tramas de processos de aprendizagem, tecnologias, designs, e práticas. Nossa comunidade eclética está explorando temas e métodos que vão desde a aprendizado de máquina com etnografias densas, e está se tornando, a cada ano, mais sintonizado com diferentes epistemologias, visões de mundo e formas de aprender. As contribuições em 2023 refletem essa diversidade, explorando temas como aprendizagem nas disciplinas (ciências, matemática, história, educação cívica, educação maker, ciência da computação eoutros), equidade e justiça, inteligência artificial na educação, cognição incorporada, aprendizagem multimodal, aprendizagem de professores e ambientes de aprendizagem informal".E a 16th International Conference on Computer-Supported Collaborative Learning (CSCL) 2023 apresenta nos Anais (link) trabalhos em três eixos temáticos: Aprendizagem colaborativa contextualizada, Projetos para aprendizagem colaborativa apoiada por computador e aprimorada por dados e Colaboração como um motor para inovação e mudanças.
terça-feira, 3 de outubro de 2023
Ótimos seminários on-line sobre plataformas digitais, vigilância em rede e fake news
Estão programadas para as próximas semanas e meses duas séries de seminários promovidos por pesquisadores e grupos de pesquisa de universidades da Bahia e de Minas Gerais sobre plataformas digitais, vigilância em rede e fake news.
O II Colóquio Utopias Tecnopolíticas para o Bem Viver (link) acontecerá, na UFBA, e reunirá pesquisadores de países da América Latina. Haverá painéis temáticos que se iniciam no dia 05 de outubro para debater sobre “Digitalização, apropriação e plataformização”, com a participação de Alex Ojeda Copa (Lab TecnoSocial, Universidad Mayor San Simón, Bolívia), Martin Gendler (Instituto de Investigaciones Gino Germani, Argentina) e Luis Sandoval (Universidad Nacional de la Patagonia San Juan Bosco, Argentina) e tem o apoio do GT Apropriação de Tecnologias Digitais e Interseccionalidades, da CLACSO.No ida 04 de outubro acontecerá, na UEMG, o primeiro encontro do Ciclo de Seminários de Altos Estudos em Vigilância em Massa e Fake News (link). O Seminário 1 - Economia política das Big Tech acontecerá a partir das 19 horas e terá como participantes Rodrigo Moreno Marques (UFMG) - Economia política das plataformas digitais; Leonardo Ribeiro da Cruz (UFPA) - Colonialismo digital e governo algorítmico; e Eduardo da Motta e Albuquerque (UFMG) - Economia política da inteligência artificial. O evento será transmitido no canal Matemática sem Barreiras, no YouTube, e as atividades acontecerão até o mês de dezembro.
sexta-feira, 8 de setembro de 2023
UNESCO publica análise crítica do uso das tecnologias digitais na educação durante a pandemia do COVID-19
A UNESCO acaba de lançar publicação, bastante crítica e necessária, em que apresenta uma análise detalhada dos problemas gerados pelo abrupto e abrangente uso das tecnologias digitais - em grande parte, as de comunicação síncrona e assíncrona - diante da suspensão das aulas presenciais durante a pandemia do COVID-19. O livro intitula-se An ed-tech tragedy? Educational technologies and school closures in the time of COVID-19 (link).
Na apresentação da obra a UNESCO já indica o tom das análises e da conclusão: "Este livro examina as inúmeras consequências adversas e não intencionais da mudança para a tecnologia educacional. Ele documenta como as soluções tecnológicas deixaram para trás a maioria global dos alunos e detalha as muitas maneiras pelas quais a educação foi precarizada, mesmo quando a tecnologia estava disponível e funcionava conforme planejado". E detalha: "a evidência global revela um quadro mais sombrio. Ele expõe as maneiras pelas quais a dependência educacional sem precedentes da tecnologia muitas vezes resultou em exclusão desenfreada, desigualdade impressionante, danos inadvertidos e popularização de modelos de aprendizagem que colocam as máquinas e o lucro acima das pessoas".E indica formas para reduzir os danos causados e para avançar nas melhorias necessárias: "Ao desvendar o que deu errado [a obra] extrai lições e recomendações para garantir que a tecnologia facilite, em vez de subverter, os esforços para garantir a oferta universal de educação pública inclusiva, equitativa e centrada no ser humano".
terça-feira, 5 de setembro de 2023
OpenAI, a empresa proprietária do ChatGPT, lança Guia para o uso do produto para professores
OpenAI, a empresa proprietária do ChatGPT, acaba de lançar um Guia para o uso do produto deles na educação (link). Segundo o pesquisador britânico Ben Williamson, o guia foi desenvolvido por um professor da área de marketing. O material traz exemplos bem curtos de usos da tecnologia feitos por professores em diversos países. Um pequeno tutorial contém diretrizes para utilizar o Chat na criação de planos de aula, para criar "explicações eficazes com exemplos e analogias", incentivar o aluno a ensinar o que está aprendendo e criar um tutor de IA. Há também um link para conteúdo adicional no formato de perguntas e respostas com conteúdos específicos para professores. São abordados os temas de plágio estudantil, segurança e veracidade das informações e do produto, preconceitos e distorções gerados pelo uso do Chat, dentre outros.
Em todo o mundo, e também no Brasil, continuam os esforços para a promoção de sistemas de regulação da IA, com alertas para os riscos de seu uso indiscriminado para a sociedade e os interesses comerciais das empresas que ofertam esses serviços (link).
Na mesma semana do lançamento do Guia, a Organisation for Economic Co-operation and Development (OCDE) lançou um publicação intitulada Is Education Losing the Race with Technology? AI's Progress in Maths and Reading (link). O estudo relatado prevê que a IA poderá resolver completamente todos os testes de aprendizagem nas áreas de linguagens-letramentos e de matemática até o ano 2026. Segundo o estudo, "estas conclusões têm implicações importantes para o emprego e a educação. Grande parte da força de trabalho utiliza diariamente competências de letramentos e matemática no trabalho, com uma proficiência comparável ou inferior à dos computadores. A IA pode afetar as tarefas relacionadas com os letramentos e a matemática destes trabalhadores. Neste contexto, os sistemas educativos devem reforçar as competências básicas dos estudantes e dos trabalhadores e ensiná-los a trabalhar em conjunto com a IA".quarta-feira, 30 de agosto de 2023
Pesquisa investiga aprendizagem informal na plataforma TikTok
Artigo publicado na última edição do periódico Computers & Education, intitulado Facilitating knowledge construction in informal learning: A study of TikTok scientific, educational videos (link), investigou a possível construção de conhecimentos associados a 114 vídeos de conteúdos científicos na plataforma e que envolveram também a codificação e análise de 259 mil comentários. Tal construção contempla elementos tais como compartilhar ideias, explorar dissonâncias, negociar, sintetizar e aplicar conhecimento.
O estudo foi conduzido com base nas seguintes questões: Quais são as características dos vídeos científicos e educacionais no TikTok? Quais são os padrões de construção do conhecimento nos comentários dos vídeos? Como as características do vídeo se relacionam com os padrões de construção do conhecimento?Segundo os autores, "os classificadores sugerem que os comentários servem predominantemente a propósitos sociais e de não construção de conhecimento, seguidos de compartilhamento de ideias, negociação de entendimento e exploração de dissonância de ideias. Vídeos que focam em conteúdo informativo, aproveitam áudio original e empregam linguagem analítica têm maiores proporções de comentários que compartilham e negociam conhecimento".
Limitações do estudo incluíram fatores como pequena amostra de vídeos que pode limitar a generalização dos resultados. e a necessidade de combinar análises quantitativas em larga escala (como a nossa) com outras metodologias (por exemplo, entrevistas, pesquisas, etnografia).
quinta-feira, 24 de agosto de 2023
Relatório da Unesco aponta impasses no uso das tecnologias digitais na educação
Nova publicação da Unesco, intitulada "Relatório de monitoramento global da educação, resumo, 2023: A tecnologia na educação: uma ferramenta a serviço de quem?" (link), aponta diversos elementos importantes para se compreender avanços e dilemas existentes após algumas décadas do uso das tecnologias digitais a fim de aprimoramento do ensino e da aprendizagem escolar. As principais conclusões foram apresentadas em 6 tópicos temáticos, destacando-se:
- Evidências sólidas e imparciais do impacto da tecnologia educacional são escassas. Boa parte das evidências são produzidas pelos que estão tentando vendê-las;
- A tecnologia pode ser uma salvação para a educação de milhões, mas exclui muito mais pessoas. Em todo o mundo, apenas 40% das escolas primárias, 50% das escolas de primeiro nível da educação secundária estão conectadas à internet;
- Algumas tecnologias educacionais podem melhorar alguns tipos de aprendizagem em alguns contextos. A tecnologia digital aumentou de forma dramática o acesso a recursos de ensino e aprendizagem, mas teve efeitos positivos baixos a moderados em alguns tipos de aprendizagem;
- O conteúdo online aumentou sem que houvesse regulamentação suficiente de controle de qualidade ou diversidade. O conteúdo digital é produzido por grupos dominantes, o que afeta quem o acessa;
- Compra-se tecnologia, muitas vezes, para “tapar um buraco”, sem olhar para os custos no longo prazo.