segunda-feira, 2 de junho de 2025

Edição temática sobre inteligência artificial generativa e ensino superior

 

Acaba de ser publicado número temático sobre inteligência artificial generativa e ensino superior da revista Docência e Cibercultura, da UERJ (link). O grupo LER/CNPq, da UFC, contribuiu para este trabalho com artigo intitulado "Inteligência artificial generativa e estudantes universitários no contexto dos multiletramentos" com análises sobre o uso da IA por estudantes universitários em práticas de estudo. Os artigos publicados alinham-se a três eixos temáticos: Contribuições internacionais: tendências e diálogos transnacionais (Portugal, Espanha e América Latina), Investigação e Formação  Docente e Dimensões éticas, políticas e epistemológicas —regulação, soberania digital e justiça cognitiva.

Os editores, pesquisadores do Brasil e de Portugal, analisam que "o grau de interdependência e de interconexão que mantemos hoje com as tecnologias digitais indica que a coevolução da tecnologia da informação e da humanidade atingiu um patamar de complexidade tal que já desafia a estrutura clássica de controle e domínio exercida pelo ser humano (Buongiorno e Chiaramonte, 2024). Nesse debate, a literatura costuma oscilar entre  polos  opostos,  ora  salientando  os  benefícios,  ora advertindo  sobre  os  riscos  que  tais artefatos podem acarretar para a condição humana". E concluem: "Importante ressaltar que, em um cenário de mudanças bruscas, faz-se necessária a reflexão em todos os âmbitos —filosófico, sociológico, político, ético, estético e educacional —que possa  não  apenas  aprofundar  a  compreensão  das  diversas  facetas  da  IA,  mas  também  nos apropriar dela como cidadãos críticos e criativos". 


sexta-feira, 9 de maio de 2025

Críticas ao avanço da IA nas escolas e universidades

Se no Brasil um dos destaques no campo dos estudos da Inteligência Artificial foi o lançamento de um relatório sobre o uso da IA nas universidades intitulado "IA e Ensino Público Superior no Brasil Recomendações para políticas institucionais de governança" (link), fora daqui alguns pesquisadores repercutiram duas publicações importantes de colegas da área e que servem de contraponto ao que parece ser a naturalização da IA na educação formal. 

Primeiro, o pesquisador James O'Sullivan publicou um ensaio provocador em sua página no Substack questionando se não seria o caso de as universidades serem iletradas em IA (link). Com isso, o autor quis chamar a atenção à falta de críticas à incorporação dessas tecnologias na universidade e o papel dessas instituições em atuarem como um espaço para crítica e reflexão sobre o fenomeno. Eles escreveu: "O ensino superior há muito se orgulha de resistir às demandas do imediatismo. Não produzimos estudos na velocidade da tendência; deliberamos, criticamos, contextualizamos. Se aceitarmos esse ethos, então certamente uma das posições mais valiosas que um acadêmico pode ocupar é a de desinteresse deliberado - uma recusa epistêmica de naturalizar o determinismo tecnológico. Não adotar imediatamente a linguagem de tokens e transformers é preservar um espaço no qual o significado, a metáfora e a crítica humanística ainda podem importar".


Por usa vez, o pesquisador britânico Ben Williamson citou O'Sullivan e avançou em outra direção em postagem no seu blog (link). A preparação da OCDE para que o seu exame PISA passe a medir as habilidades dos alunos com a IA e o seu alerta para o fato de que isso possa acelerar as ações de escolas e de educadores em todo o mundo para treinar seus alunos na perspectiva do desenvolvimento das ditas melhores habilidades no uso da tecnologia (na linha de como escrever os melhores prompts e como checar a acurácia das informações gerada pelos sistemas dito inteligentes). Williamson escreveu: "A OCDE não é um ator neutro quando se trata de IA – há vários anos promove o uso da IA na educação e produz regularmente declarações históricas sobre seus efeitos transformadores. Grande parte de sua ênfase está nos efeitos da IA na economia e, portanto, na manutenção da produtividade e do progresso econômico por meio da qualificação tecnológica. Agora, por meio do teste de alfabetização em IA, está exercendo sua autoridade política sobre como as habilidades de IA devem ser definidas e valorizadas".


quinta-feira, 8 de maio de 2025

Nova metodologia para a análise da aprendizagem em fóruns on-line

Artigo recente de pesquisadores belgas publicado no Computers & Education (link) apresenta importante avanço na pesquisa sobre a aprendizagem em fóruns on-line. Os autores apresentam o LODAM (Learners' Online Discussions Analysis Model), um modelo pra analisar debates em fóruns de MOOCs. Eles explicam que, nesses fóruns, os alunos discutem conceitos, tiram dúvidas e trocam ideias – mas identificam um problema: Por um lado, quem participa ativamente geralmente se sai melhor (completa o curso e aprende mais). Por outro, estudos mostram que esses participantes nem sempre aprofundam o conhecimento. Segundo os pesquisadores, o problema é que a maioria das pesquisas só olha "o que" se discute (os tópicos), e não "como" os conceitos são trabalhados. O LODAM corrige isso – em vez de engessar as discussões em categorias fixas de análise, o modelo mapeia o espectro de diálogos que surgem quando os alunos participam ativamente. 




quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Número temático sobre colonialismo digital

Acaba de ser publicada edição temática sobre colonialismo digital da revista Convergência Crítica (link).  Há diversos artigos de interesse na temática abrangendo questões relacionadas à inteligência artificial, dataficação, racismo algorítmico e outros. 

Segundo os coordenadores, "são tempos de ataques sistemáticos à soberania  digital  brasileira,  onde  o  capital  de  empresas  do  Vale  do  Silício,  se  alinham abertamente com o campo político da extrema direita. Foi-se a ilusão, muito presente no campo democrático,  de  que  estas  corporações  e  suas  plataformas  poderiam  ser  benevolentes.  Seus interesses  são  o  lucro  über  alles:  neste  sentido  vale  tudo,  principalmente  impulsionar  a desinformação [...] Os  estudos  sobre  colonialismo  digital,  tornam-se  uma  necessidade  para  a  compreensão  e transformação da sociedade atual. A digitalização da vida, comandada pelas big techs, impõe o ritmo alucinante das máquinas, aprofundando a subsunção real dos trabalhadores, através da fragmentação e precarização da força de trabalho e a crescente fetichização da tecnologia, sob a  forma  da  mercadoria". 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Conceituando novos letramentos e IA

Acaba de ser lançado um artigo (white paper) que articula alguns bons elementos em uma nova definição sobre os novos letramentos e a IA (link) de autoria de pesquisadores da empresa Centre for Finance, Technology and Entrepreneurship (CFTE) com sede em Londres.  Segundo o documento, “os letramentos de IA se referem à  capacidade de compreender conceitos básicos de IA, usar ferramentas de IA de forma eficiente, avaliar criticamente os resultados gerados por IA, entender o uso responsável de IA e permanecer adaptável em um cenário digital em rápida evolução.

Esta definição de letramentos de IA compreende cinco componentes principais: Conhecimento Fundamental de Conceitos Básicos de IA, Proficiência Prática em Tecnologias de IA, Avaliação Crítica de Resultados de IA, Uso Responsável de IA e Aprendizagem Contínua e Adaptabilidade. Juntos, esses elementos garantem que os indivíduos estejam bem preparados para se envolver com IA de forma responsável e confiante". 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Artigo sobre Multiletramentos, IA e vídeos remix em nova edição temática

Acaba de ser publicado artigo de pesquisadores do grupo LER-CNPq intitulado Multiletramentos E Inteligência Artificial Nas Práticas Artísticas Juvenis: Uma Análise Sobre A Produção De Vídeos Remix (link) em número temático A Inteligência Artificial e Educação: debates críticos e boas práticas na escola básica e na educação superior, da revista Artes e Educar da UERJ, com edição de Juan Guilhermo Díaz Bernal e Edméa Santos. 

O trabalho de Magnaldo Araújo e Eduardo S. Junqueira "é um recorte de pesquisa de doutorado em andamento que busca compreender o processo de articulação e integração das práticas de multiletramentos na aprendizagem artístico-musical de jovens. Neste artigo temos como objetivo analisar o uso da inteligência artificial (IA) nas práticas artísticas juvenis de multiletramentos no processo de produção de vídeos remix, considerando os aspectos socioculturais, pedagógicos e tecnológicos [...] Como principais resultados, destacamos as mudanças de ethos no processo de criação de vídeos remix e nas práticas de multiletramentos auxiliadas por IA. Entre as principais mudanças, destacam-se a automatização de processos técnicos relacionados à edição de vídeo e a democratização do acesso a ferramentas profissionais de edição, todas proporcionadas pela IA. No que se refere à renovação do ethos, consideram-se a emulação da criatividade humana e os limites borrados da propriedade intelectual como principais pontos de mutação".

Sobre a edição temática (link), com diversos artigos de grande interesse, os editores discutem "como essa tecnologia, capaz de criar textos, imagens e outros conteúdos a partir de dados fornecidos por humanos, vem transformando a educação, exigindo reflexões sobre a reconfiguração do ensino e do papel dos professores. São abordadas questões filosóficas e epistemológicas, como a influência dos vieses algorítmicos na produção do conhecimento, além das implicações para a sociedade contemporânea, marcada por redes digitais e pela modernidade líquida. Outro ponto central da discussão é a necessidade de adaptação dos processos de ensino e avaliação, uma vez que o uso da IA por estudantes pode impactar a integridade acadêmica. O papel do professor se amplia, tornando-se não apenas um mediador do conhecimento, mas um orientador no uso ético dessas ferramentas. Além disso, enfatiza-se a importância do desenvolvimento de habilidades metacognitivas para que os alunos possam utilizar a tecnologia de forma crítica e consciente, sem comprometer a autonomia do aprendizado".