O Digital Education Council acaba de publicar documento de interesse intitulado Inteligência Artificial para o Engajamento dos Estudantes (link). O relatório apresenta um conjunto de atividades e metodologias para o uso da inteligência artificial generativa com fins de melhoria do engajamento dos estudantes com base em 106 estudos de caso no contexto do uso da tecnologia no ensino superior. No guia prático (imagem abaixo), um total de 24 metodologias foram agrupadas em seis temáticas - interação de professores com alunos, interação entre alunos, conteúdo e avaliação, aulas/instrução, aprendizagem aplicada e acessibilidade - cada uma descrevendo um passo a passo de uso da IA e apresentando algumas breves reflexões sobre resultados apurados ou esperados com sua aplicação.
quinta-feira, 25 de setembro de 2025
sexta-feira, 19 de setembro de 2025
Diretrizes para o uso ético da IA no ensino superior
Foi publicado relatório detalhado, por pesquisadores ligados à EDUCAUSE, sobre diretrizes éticas para a implementação da inteligência artificial no ensino superior com base nos princípios estabelecidos em 1979 e que fundamentam, desde então, a ética em pesquisa com humanos (link). O documento tem excelente edição, detalhando não apenas os princípios éticos, mas também cenários hipotéticos, exemplos de aplicação prática, e considerações decorrentes do uso da tecnologia. Ao final, o documento contém também uma seção sobre como aplicar os princípios e propõe que cada instituição de ensino crie seu próprio Conselho de Revisão Ética de IA. Os princípios apresentados são (em tradução livre):
- "Beneficência: Garantir que a IA seja usada para o bem de todos os alunos e professores.
- Justiça: Promover a equidade em aplicativos de IA em todos os grupos de usuários.
- Respeito pela autonomia: Defender os direitos dos indivíduos de tomar decisões informadas sobre as interações de IA.
- Transparência e explicabilidade: Fornecer informações claras e compreensíveis sobre como os sistemas de IA operam.
- Prestação de contas e responsabilidade: responsabilizar instituições e desenvolvedores pelos sistemas de IA que implantam.
- Privacidade e proteção de dados: proteger informações pessoais contra acesso não autorizado e violações.
- Não discriminação e justiça: prevenção de vieses em algoritmos de IA que podem levar a resultados discriminatórios.
- Avaliação de riscos e benefícios: pesar os impactos potenciais das tecnologias de IA para equilibrar benefícios e riscos".
quarta-feira, 9 de julho de 2025
Diretrizes para o uso de IA generativa por pesquisadores
Publicado no ano passado, o livro "Diretrizes para o uso ético e responsável da inteligência artificial generativa: um guia prático para pesquisadores" (link) traz um ótimo referencial para trabalhos na área com apresentação de 12 princípios práticos para o uso da tecnologia, dentre eles: busca de materiais, escrita, análise e apresentação de resultados, tradução de conteúdos, etc. Um capítulo adicional de grande importância trata do uso soberano da IA generativa pelo Brasil. A própria obra traz um declaração de uso de IA que também serve de referência para trabalhos de pesquisadores.
Na Introdução, os autores afirmam que "a discussão sobre a integridade acadêmica também é de grande relevância, estando relacionada com a autoria e a originalidade das pesquisas. Somando a compreensão profunda das ferramentas, com seus limites e implicações éticas, alertamos para o risco da dependência tecnológica, com a inibição de habilidades críticas e do pensamento independente. Em conjunto, estes princípios atendem a uma necessidade mais ampla de validade, transparência e replicabilidade na pesquisa científica, o que será alcançado somente com a preservação da Agência Humana e com o uso da tecnologia como ferramenta complementar, nunca em substituição ao pesquisador, o que enfatiza a necessidade de letramento nos sistemas de IAG".
segunda-feira, 7 de julho de 2025
Novo livro sobre pedagogia feminista na educação online
Acaba de ser lançado novo livro sobre pedagogia feminista na educação online por autoras dos Estados Unidos, em sua maioria, mas também da Itália, Turquia e outros países, disponível para download gratuito (link). Na introdução, intitulada "Utilizando a pedagogia feminista para (re)inventar a sala de aula online", as editoras discutem a resistência sobre o uso da pedagogia para a educação online e consideram que trata-se de uma aplicação adequada, mas alertam para a necessidade de melhor explicitar as estratégias para tal, detalhadas nos capítulos do livro.
Alguns capítulos analisam resultados de um trabalho conjunto das autoras para criar materiais online a fim de orientar educadores na perspectiva feminista. Segundo as autoras, "[e]ste livro argumenta que esses métodos podem criar experiências de aprendizagem transformadoras para alunos online. Em um evolução do ensino superior, os educadores devem (re)imaginar o potencial deste contexto de educação digital para atender às necessidades de ambos alunos e instrutores e se alinham mais cuidadosamente com o feminismo interseccional e práticas de educação para a justiça social" em particular no que se refere ao ensino online e ao engajamento dos estudantes. O guia de materiais pode ser acessado neste link.
segunda-feira, 2 de junho de 2025
Edição temática sobre inteligência artificial generativa e ensino superior
Acaba de ser publicado número temático sobre inteligência artificial generativa e ensino superior da revista Docência e Cibercultura, da UERJ (link). O grupo LER/CNPq, da UFC, contribuiu para este trabalho com artigo intitulado "Inteligência artificial generativa e estudantes universitários no contexto dos multiletramentos" com análises sobre o uso da IA por estudantes universitários em práticas de estudo. Os artigos publicados alinham-se a três eixos temáticos: Contribuições internacionais: tendências e diálogos transnacionais (Portugal, Espanha e América Latina), Investigação e Formação Docente e Dimensões éticas, políticas e epistemológicas —regulação, soberania digital e justiça cognitiva.
Os editores, pesquisadores do Brasil e de Portugal, analisam que "o grau de interdependência e de interconexão que mantemos hoje com as tecnologias digitais indica que a coevolução da tecnologia da informação e da humanidade atingiu um patamar de complexidade tal que já desafia a estrutura clássica de controle e domínio exercida pelo ser humano (Buongiorno e Chiaramonte, 2024). Nesse debate, a literatura costuma oscilar entre polos opostos, ora salientando os benefícios, ora advertindo sobre os riscos que tais artefatos podem acarretar para a condição humana". E concluem: "Importante ressaltar que, em um cenário de mudanças bruscas, faz-se necessária a reflexão em todos os âmbitos —filosófico, sociológico, político, ético, estético e educacional —que possa não apenas aprofundar a compreensão das diversas facetas da IA, mas também nos apropriar dela como cidadãos críticos e criativos".sexta-feira, 9 de maio de 2025
Críticas ao avanço da IA nas escolas e universidades
Se no Brasil um dos destaques no campo dos estudos da Inteligência Artificial foi o lançamento de um relatório sobre o uso da IA nas universidades intitulado "IA e Ensino Público Superior no Brasil Recomendações para políticas institucionais de governança" (link), fora daqui alguns pesquisadores repercutiram duas publicações importantes de colegas da área e que servem de contraponto ao que parece ser a naturalização da IA na educação formal.
Primeiro, o pesquisador James O'Sullivan publicou um ensaio provocador em sua página no Substack questionando se não seria o caso de as universidades serem iletradas em IA (link). Com isso, o autor quis chamar a atenção à falta de críticas à incorporação dessas tecnologias na universidade e o papel dessas instituições em atuarem como um espaço para crítica e reflexão sobre o fenomeno. Eles escreveu: "O ensino superior há muito se orgulha de resistir às demandas do imediatismo. Não produzimos estudos na velocidade da tendência; deliberamos, criticamos, contextualizamos. Se aceitarmos esse ethos, então certamente uma das posições mais valiosas que um acadêmico pode ocupar é a de desinteresse deliberado - uma recusa epistêmica de naturalizar o determinismo tecnológico. Não adotar imediatamente a linguagem de tokens e transformers é preservar um espaço no qual o significado, a metáfora e a crítica humanística ainda podem importar".
quinta-feira, 8 de maio de 2025
Nova metodologia para a análise da aprendizagem em fóruns on-line
Artigo recente de pesquisadores belgas publicado no Computers & Education (link) apresenta importante avanço na pesquisa sobre a aprendizagem em fóruns on-line. Os autores apresentam o LODAM (Learners' Online Discussions Analysis Model), um modelo pra analisar debates em fóruns de MOOCs. Eles explicam que, nesses fóruns, os alunos discutem conceitos, tiram dúvidas e trocam ideias – mas identificam um problema: Por um lado, quem participa ativamente geralmente se sai melhor (completa o curso e aprende mais). Por outro, estudos mostram que esses participantes nem sempre aprofundam o conhecimento. Segundo os pesquisadores, o problema é que a maioria das pesquisas só olha "o que" se discute (os tópicos), e não "como" os conceitos são trabalhados. O LODAM corrige isso – em vez de engessar as discussões em categorias fixas de análise, o modelo mapeia o espectro de diálogos que surgem quando os alunos participam ativamente.
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
Número temático sobre colonialismo digital
Acaba de ser publicada edição temática sobre colonialismo digital da revista Convergência Crítica (link). Há diversos artigos de interesse na temática abrangendo questões relacionadas à inteligência artificial, dataficação, racismo algorítmico e outros.
Segundo os coordenadores, "são tempos de ataques sistemáticos à soberania digital brasileira, onde o capital de empresas do Vale do Silício, se alinham abertamente com o campo político da extrema direita. Foi-se a ilusão, muito presente no campo democrático, de que estas corporações e suas plataformas poderiam ser benevolentes. Seus interesses são o lucro über alles: neste sentido vale tudo, principalmente impulsionar a desinformação [...] Os estudos sobre colonialismo digital, tornam-se uma necessidade para a compreensão e transformação da sociedade atual. A digitalização da vida, comandada pelas big techs, impõe o ritmo alucinante das máquinas, aprofundando a subsunção real dos trabalhadores, através da fragmentação e precarização da força de trabalho e a crescente fetichização da tecnologia, sob a forma da mercadoria".terça-feira, 18 de fevereiro de 2025
Conceituando novos letramentos e IA
Acaba de ser lançado um artigo (white paper) que articula alguns bons elementos em uma nova definição sobre os novos letramentos e a IA (link) de autoria de pesquisadores da empresa Centre for Finance, Technology and Entrepreneurship (CFTE) com sede em Londres. Segundo o documento, “os letramentos de IA se referem à capacidade de compreender conceitos básicos de IA, usar ferramentas de IA de forma eficiente, avaliar criticamente os resultados gerados por IA, entender o uso responsável de IA e permanecer adaptável em um cenário digital em rápida evolução.
Esta definição de letramentos de IA compreende cinco componentes principais: Conhecimento Fundamental de Conceitos Básicos de IA, Proficiência Prática em Tecnologias de IA, Avaliação Crítica de Resultados de IA, Uso Responsável de IA e Aprendizagem Contínua e Adaptabilidade. Juntos, esses elementos garantem que os indivíduos estejam bem preparados para se envolver com IA de forma responsável e confiante".segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025
Artigo sobre Multiletramentos, IA e vídeos remix em nova edição temática
Acaba de ser publicado artigo de pesquisadores do grupo LER-CNPq intitulado Multiletramentos E Inteligência Artificial Nas Práticas Artísticas Juvenis: Uma Análise Sobre A Produção De Vídeos Remix (link) em número temático A Inteligência Artificial e Educação: debates críticos e boas práticas na escola básica e na educação superior, da revista Artes e Educar da UERJ, com edição de Juan Guilhermo Díaz Bernal e Edméa Santos.
O trabalho de Magnaldo Araújo e Eduardo S. Junqueira "é um recorte de pesquisa de doutorado em andamento que busca compreender o processo de articulação e integração das práticas de multiletramentos na aprendizagem artístico-musical de jovens. Neste artigo temos como objetivo analisar o uso da inteligência artificial (IA) nas práticas artísticas juvenis de multiletramentos no processo de produção de vídeos remix, considerando os aspectos socioculturais, pedagógicos e tecnológicos [...] Como principais resultados, destacamos as mudanças de ethos no processo de criação de vídeos remix e nas práticas de multiletramentos auxiliadas por IA. Entre as principais mudanças, destacam-se a automatização de processos técnicos relacionados à edição de vídeo e a democratização do acesso a ferramentas profissionais de edição, todas proporcionadas pela IA. No que se refere à renovação do ethos, consideram-se a emulação da criatividade humana e os limites borrados da propriedade intelectual como principais pontos de mutação".Sobre a edição temática (link), com diversos artigos de grande interesse, os editores discutem "como essa tecnologia, capaz de criar textos, imagens e outros conteúdos a partir de dados fornecidos por humanos, vem transformando a educação, exigindo reflexões sobre a reconfiguração do ensino e do papel dos professores. São abordadas questões filosóficas e epistemológicas, como a influência dos vieses algorítmicos na produção do conhecimento, além das implicações para a sociedade contemporânea, marcada por redes digitais e pela modernidade líquida. Outro ponto central da discussão é a necessidade de adaptação dos processos de ensino e avaliação, uma vez que o uso da IA por estudantes pode impactar a integridade acadêmica. O papel do professor se amplia, tornando-se não apenas um mediador do conhecimento, mas um orientador no uso ético dessas ferramentas. Além disso, enfatiza-se a importância do desenvolvimento de habilidades metacognitivas para que os alunos possam utilizar a tecnologia de forma crítica e consciente, sem comprometer a autonomia do aprendizado".