A crítica, a educação e as tecnologias

 

--> Acaba de ser lançado relatório que traz para o Brasil o modelo do já tradicional Horizon Report publicado nos USA pelo New Media Consortium. O relatório patrocinado pela FIRJAN (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) é intitulado As Perspectivas Tecnológicas para o Ensino Fundamental e Médio Brasileiro de 2012 a 2017: Uma Análise Regional do NMC Horizon Project e reúne diversas tech-trends para as escolas brasileiras de ensino fundamental e médio. Foi divulgado também um site em formato wiki com dados sobre a pesquisa. Estão lá as nomenclaturas dos dispositivos móveis, aprendizagem baseada em jogos, conteúdos livres, inteligência coletiva, dentre outros. E a necessidade de renovar as práticas da escola brasileira, mais e melhor formação aos professores, melhor banda larga. Fica uma dúvida sobre o caráter "regional" do relatório. Em que medida foram levados em conta o caráter histórico, diverso e desigual do Brasil ao se enumerar as tecnologias e as pedagogias? Nota-se a ausência de menção à interdisciplinaridade e à multidisciplinaridade, à ética hacker como princípio pedagógico e ao software livre como princípio de sustentabilidade. Também não foram mencionadas as produções culturais no marco da sociabilidade e da produção cultural das periferias das grandes cidades como elementos para um diálogo amplo, plural e democrático sobre a escola brasileira.


Um livro recém-lançado pela editora Peter Lang intitulado Critical Digital Literacies as Social Praxis teria sido de grande uso na produção do relatório patrocinado pela FIRJAN. Segundo uma pequena resenha publicada no blog de Colin Lankshear e Michele Kobel, o livro "examina a aplicação simultânea de letramentos críticos e digital e explora ramificações para o desenvolvimento e avaliação dos letramentos digitais críticos dos currículos em contextos educativos. Os autores do livro perguntam: Como é que a crescente ubiquidade de práticas de letramento digital dentro e fora da escola afetou nossas definições de letramentos críticos? Como nossas constantes mudanças de percepções sobre os letramentos críticos afetam a forma como nós definimos o ensino e nosso envolvimento com os letramentos digitais? Nós acreditamos que há um trabalho crucial a ser feito nesses cruzamentos,  trabalho que se constrói sobre os extensos corpus de conhecimentos da pesquisa sobre os letramentos crítico e digital".

Dados de um curso no formato MOOC

Alguns integrantes do grupo LER participam do curso Designing a New Learning Environment, coordenado pelo professor Paul Kim e oferecido via plataforma MOOC, desenvolvida pelo Venture Lab da Stanford University, para milhares de alunos de todo o mundo. Já foram concluídas duas pesquisas (estilo survey) que apresentaram dados interessantes. Os resultados da primeira sondagem informam que os alunos são em sua maioria mulheres (57%) e os alunos têm predominantemtne faixa etária elevada (46% têm entre 34 e 54 anos de idade). Dentre os cinco tipos de personalidade dos alunos pesquisados, destacaram-se duas: abertura para novas experiências e senso de responsabilidade. De fato, são dois elementos já consagrados como importantes para o sucesso em experiências de educação a distância. A segunda pesquisa mensurou a "presença social" a partir de critérios de "mente conectada" estabelecidos por Harms e Biocca (2004) que incluem o senso de co-presença dos alunos, a compreensão de mensagens e a independência emocional. Os resultados não indicaram "anomalias", pois os dados estiveram próximos das médias encontradas em outros estudos. O único dado que chamou a atenção, segundo os autores do estudo, foi o baixo nível de atenção dedicada, ou concentração -- talvez isso se deva à maturidade dos alunos que, por conhecerem bem o campo de estudos, desdenhem um pouco dessa necessidade como condição para a aprendizagem, Uma terceira pesquisa encontra-se em andamento,  e será dedicada à relação dos alunos com os membros de suas equipes.

II Seminário Nacional de Inclusão Digital

O Grupo de Estudo e Pesquisa em Inclusão Digital [http://gepid.upf.br] do curso de Ciência da Computação da Universidade de Passo Fundo (RS) promove o II Seminário Nacional de Inclusão Digital em abril de 2013. A chamada para trabalhos já se encontra disponível no site do evento.

Pesquisa em humanidades e o digital

Acaba de ser lançado pela editora do MIT livro produzido em escrita colaborativa por cinco pesquisadores norte-americanos que procuram mapear alguns dos elemntos centrais no campo de estudos das humanidades e do digital. O livro, intitulado Digital_Humanities, possui um caráter bem aplicado, com detalhamento e exemplos de projetos na temática, metodologias e uma breve proposição de princípios da prática educativa na perspectiva teórica abordada. No Afterwords os autores detalham como foi realizada a escrita colaborativa. Dowload gratuito nesta página.

Mapa de pesquisas em educação, tecnologia e mídia

Acaba de ser publicado relatório sobre um levantamento qualitativo realizado pelo competente e provocativo pesquisador britânico Neil Selwyn e colaboradores que traz um perfil das pesquisas na área de educação, tecnologia e mídia a partir de três tópicos: o perfil dos pesquisadores, as metodologias de pesqusia empregadas e a relação das pesqusias com a teoria. O relatório critica o campo pela ausência de pesquisas quantitativas e pela falta de conexões significativas com a teoria -- uma crítica que merece profunda reflexão crítica. Sobre a ausência de pesquisas de cunho quantiativo,  atribuir isso à falta de conhecimentos dos pesqusiadores sobre tais métodos é um tanto simplista. Uma investigação mais promissora seria aquela que buscasse esclarecer como tal ocorrência está relacionada à natureza dos fenômenos estudados que, por serem marcadamente emergentes, ainda carecem de pesquisas descritivas que, futuramente, poderão gerar hipóteses e recortes a serem investigados quantitativamente. De toda forma, vale a leitura do relatório, com download gratuito. 

Aprendizagem baseada em jogos

Desde a década passada alguns pesquisadores têm se dedicado a estabelecer uma relaçõa entre o paradigma dos jogos -- em particular os virtuais -- e novas formas de ensinar e aprender. O que no começo pareceu ser apenas mais um modismo para "modernizar"as escolas ao longo do tempo tem se revelado um rico campo de experimentações e de indagações sobre o "novo"no campo educacional. O livro de James Paul Gee intitulado What Video Games Have to Teach Us About Learning and Literacy. Esse curto artigo apresenta laguams ideias de Gee é uma referência importante nessa área de estudos. E mais recentemtne uma revista na área de educação publicou um levantamento de experiências educacionais nessa perspectiva em 10 universidades dos Estados Unidos. Há um certo ar propagandesco no artigo, mas algumas das experiências relatadas são mesmo promissoras e convidam para um olhar mais detido, pois de fato essa perspectiva pode trazer ar novo para os dilemas pedgógicos hoje vividos na área, permitindo uma aproximação com muitos elementos da cultura de um número cada vez maior de alunos.

Efetividade da colaboração entre pares na educação superior

Doutorando Jos Fransen

Será defendida amanhã, na Universidade Aberta da Holanda/CELSTEC, tese de doutorado sobre a efetividade da colaboração entre pares na educação superior. O estudo é de autoria de Jos Fransen e procura identificar e compreender as variáveis que influenciam a efetividade desse tipo de colaboração no contexto da aprendizagem. Trata-se de estudo extremamente necessário, pois apesar de tendermos a concordar com tal pressuposto, carecemos de evidência científica substantiva que sustente tais crenças. A tese deverá estar disponível em breve na internet. Alguns artigos de Fransen relacionados a esta temática já podem ser encontrados via pesquisa no Google ou similar.

Os três Rs versus os quatro Cs?

Postagem do pesquisador britânico Steve Wheeler em seu blog aborda uma fala do professor canadense Mark Federman em que aponta a supremacia dos quatro Cs (no orignal em inglês -- Connection, Context, Complexity and Connotation): Conexão, Contextualização, Complexidade e Integração para a atual geração de aprendizes. O curioso é que isso tem sido visto como algo em substituição aos três Rs (no original em inglês, Reading, Writing and aRithmetic): Leitura, Escrita e Aritmética. Esse não parece ser o caso, pois os Rs devem continuar a funcionar como uma sólida base para os processos de aprendizagem, conduzindo, portanto, ao necessário casamento de Cs + Rs!

Representação elaborada por Steve Wheeler

Henry Jenkins e a geração transmídia

O teórico norte-americano Henry Jenkins, muito conhecido por ter cunhado o (muito criticado) termo "nativos digitais" agora desenvolve o conceito de "geração transmídia". Sobre isso, ele (e outros quatro colaboradores) acaba de publicar uma brochura intitulada Confronting the Challengesof Participatory Culture:Media Education for the21st Century que pode ser baixada gratuitamente (clicar em Henry Jenkins's recent white paper on this topic [PDF]). No material, Jenkins aborda tópicos como as novas habilidades necessárias no contexto das mudanças midiáticas em curso, implicações para os processos de letramento e a questão da participação.

Contrastes entre escola atual, o Enem e as redes

Intrigante reportagem de um portal de notícias da internet relata certa indignação e espanto de pesquisadores e educadores com o tema da redação do Enem deste ano, visto por eles como excessivamente atual posto que ainda não figura nos livros didáticos. Tal perspectiva indica que essas pessoas delegam, claramente, aos livros didáticos e à escola formal a tarefa de preparar os alunos para o Enem. Não se trata de discutir a importância da escola e do professor. No entanto, esse posicionamento contrasta fortemente com perspectivas mais contemporâneas sobre o aprender na atual sociedade das redes. Um exemplo é esta apresentação de George Siemens patrocinada pela Educarede, voltada à formação de professores. A proposição de Simens já extrapolou, há muito tempo, os muros da escola ao articular uma aprendizagem em rede, na rede e com arede. Se educadores estivessem atuando também a partir dessa perspectiva, entenderiam a importância de que todos os alunos -- e não somente aqueles em preparação para o Enem e outros exames obrigatórios -- tenham uma complexa experiência de aprendizagem nas redes. Isso lhes teria permitido avançar bastante no enfrentamento do tema da redação do Enem, além de tê-los preparado melhor para a entrada na univerdade e, por que não, para suas vidas cidadãs.

Projeto do grupo LER é aprovado no edital Universal do CNPq

O projeto intitulado "Mapeamento e análise da navegação e interação dos alunos, pela técnica de rastreamento ocular, a partir do fórum virtual de discussão, em disciplinas de Matemática e Letras na modalidade EaD" foi aprovado no edital Universal de 2012 pelo CNPq. Parabéns a todos os envolvidos na formulação da proposta, que constitui a fase II do projeto iniciado em 2010 com o apoio da FUNCAP. Agradecemos também aos alunos da EaD que participaram das coletas na fase I. Um dos artigos da pesquisa, produzido no início da fase I, pode ser acessado aqui.

Nova edição do IRRODL

Acaba de ser publicada mais uma edição do The International Review of Research in Open and Distance Learning, um dos mais abrangentes e respeitados periódicos na área de E-Learning. Vale conferir os artigos nas variadas temáticas, com particular destaque para o texto intitulado Facebook groups as LMS: A case study, que traz um comparativo entre um grupo do FB e o AVA "tradicional". Destaque também para um artigo sobre o contexto brasileiro: Understanding e-learning adoption in Brazil: Major determinants and gender effects. Todos os conteúdos do periódico são abertos.

Como moderar comentários em fóruns?

Interessante artigo descrevendo como um grande portal/jornal trabalha para gerenciar a enorme quantidade de postagens nos fóruns virtuais (algumas reportagens recebem mais de 100 mil comentários, 70% deles respostas a postagens anteriores). As duas estratégias básicas estão relacionadas à criação de um ambiente seguro e au auxílio aos usuários para encontrar conexões entre assuntos de interesse e usuários conhecidos, auxiliando-os a expandir essas conexões. O Post utiliza também JuLiA, um sistema inteligente baseado em algorítimos que ajuda os moderadores a navegar por esse oceano de mensagens postadas.

Trabalho do LER na ANPEd

Trabalho intitulado Materiais Didáticos Digitais em Rede e Aprendizagem : Reflexões Críticas em torno do Conectivismo, de autoria de Eduardo S. Junqueira e Ofélia de A. Mesquita, foi apresentado hoje no GT16 da 35a Reunião Anual da ANPEd, com comentários do professor Nelson Pretto, da UFBA. O artigo apresenta uma visão crítica do conectivismo e, à luz dessa perspectiva teórica, analisa dois projetos de aprendizagem em desenvolvimento na UFC - um deles é o Cibercultura.

Link para o GT e os trabalhos de 2012 -- http://35reuniao.anped.org.br/trabalhos/123-gt16

Ofélia, by MeaSantos

Pretto, by MeaSantos

Udemy também lança plataforma para montagem de cursos online

Seguindo movimento do Google, que criou um plataforma gratuita para o desenvolvimento de cursos online, agora a Udemy (que também é uma empresa privada norte-americana) lança uma interface que permite que insteressados montem (apenas a partir de um deisgn e de funcionalidades pré-definidas) um espaço de aprendizagem na web. Importante notar que esses pacotes tecnológicos trazem embutida uma dada perspectiva educacional fechada dos cursos, o que nem sempre é recomendável dependendo do tipo de conteúdo e dos objetivos almejados pelo professor.

+20 Anos de Internet Brasil

Website interessante, e muito bonito, com informações sobre a história de desenvolvimento da Internet no período de 1979 a 1992 -- vale conferir pelas informações disponibilizadas, como também pelo design e funcionalidades utilizadas na apresentação das informações.

Inovando a Pedagogia

A Open University da Grã-Bretanha acaba de lançar uma publicação aberta intitulada Innovating Pedagogy abordando tópicos da atualidade no campo da educação online. Na introdução da obra, os autores alertam para o fato de que as inovações hoje em curso não se resumem aos aspectos meramente da inovação tecnológica, pois podem provocar rupturas no campo da educação para além das fronteiras tradicionais do campo.Vale conferir!

Desafios de ensinar a pensar em tempos de dispersão

Importante entrevista da antropóloga argentina Paula Sibilia, que cursa pós-doutorado na Universidade de Paris 8, na França, sobre seu livro mais recente intitulado "Redes ou Paredes - A Escola em Tempos de Dispersão".

Um trecho de destaque das proposições da pesquisadora: [...] o problema ante o qual nos encontramos é bem mais complexo e profundo que uma mera atualização tecnológica incorporando as novas tecnologias, ou estimulando a capacidade de nos mantermos atualizados num mundo em constante movimento de renovação e descarte. Em vez disso, trata-se de ensinar às crianças algo que provavelmente ninguém saiba: como pensar, vincular-se com os outros e assentar a experiência num ambiente convulsionado por tamanho grau de dispersão. Esse é, creio eu, a questão primordial. Ou seja: um desafio e tanto!

Agradecemos à professora pesquisadora Edméa Santos por ter compartilhado o weblink.

Novos letramentos na China

No Brasil ainda pesquisamos pouco sobre os estudos de novos letramentos na China, cuja importância dispensa maiores elaborações. A editora Springer acaba de lançar um livro de autores chineses sobre a temática. Um capítulo em particular é de especial interesse, pois traz uma revisão histórica de praticas com TICs na educação e tendências futuras. O material está no formato de conteúdo fechado, não disponível para download gratuito.

A história dos MOOCs e o Conectivismo

Postagem recente do blog de Stephen Downes traz os materiais de um web seminário do qual participou sobre a história do que inicialmente era chamado de MOOC na perspectiva do Conectivismo -- uma visão distinta do que grandes universidades tentam articular hoje com novas interfaces virtuais e cursos pré-fabricados por "estrelas" da academia. Todo o material do seminário foi disponibilizado aos interessados, em inglês.

Nova edição do Learning, Media and Technology

O periódico traz nova edição, aberta com editorial de Neil Selwyn,  pesquisador britânico conhecido por adotar uma perspectiva um pouco mais crítica sobre o fenêmenos das tecnologias digitais na educação. 
Intitulado Ten suggestions for improving academic research in education and technology, o artigo está aberto para leitura, vale conferir.

Peter Sloep: aprendizagem continuada informal

Peter Sloep, professor do centro de pesquisas CELSTEC, da Universidade Aberta da Holanda, acaba de divulgar slides de uma apresentação recente, em inglês, realizada em conferência na Espanha, sobre aprendizagem continuada (lifelong learning). Vale conferir, com destaque ao poder das redes de apredizagem e arranjos informais de aprendizagem para o futuro próximo.

Terry Anderson e as tendências da educação

Ótima síntese de princípios, tendências e práticas articuladas por Terry Anderson em uma sequência de 65 slides  (em inglês) desenvolvidos a partir de três tópicos: Aprendendo,Vivendo e Pesquisando. Terry anuncia também o início de um novo curso sobre MOOCs -- na perspectiva mais interessante dessas experiências, a da educação aberta -- que será oferecido em breve por George Siemens. Muito recomendado aos interessados.

[Atualização] - Anderson acaba de publicar um novo artigo sobre essa temática.

Nova edição da EducaOnline

Já está na rede a nova edição da revista EducaOnline com artigos de qualidade que valem a leitura. O periódico é editado pelo LATEC, da UFRJ, que também edita outros periódicos de qualidade.

O valor das pessoas

O engenheiro/professor/pesquisador brasileiro Paulo Blikstein leciona na faculdade de educação de Stanford, no coração do Vale do Silício norte-americano. Em entrevista recente, ele nos lembra que, em um mundo cada vez mais povoado pelas tecnologias, o que faz a diferença são as pessoas - e isso tem tudo a ver com a educação contemporâna.Vale ler a breve entrevista de Blikstein ao site PorVir.