quarta-feira, 7 de novembro de 2018

As tecnologias digitais e a educação a distância no novo livro Reinventando Freire

O Instituto Paulo Frente lançou, em parceira com o professor Martin Carnoy, da Stanford University, o livro intitulado Reiventando Freire. A Práxis do Instituto Paulo Freire em celebração ao aniversário de 50 anos do livro A Pedagogia do Oprimido. A obra está disponível para download gratuito mediante cadastro e centra-se na atualidade das ideias e proposições do mais importante filosofo da educação brasileiro. Segundo Moacir Gadotti, organizador da obra e co-editor do livro, "a educação, no mundo, passa por uma crise grave, associada à crise civilizatória atual, e Paulo Freire pode ser uma inspiração para o surgimento de novas políticas públicas de educação [...] Sim, nós temos referenciais. Nós temos caminhos a seguir. Não estamos perdidos. Nós caminhamos por sendas de lutas e utopias, com um novo jeito de caminhar, juntos, na reinvenção de Freire, mantendo viva a luta por uma educação emancipadora. E somos apaixonados pelo que fazemos".


Além das discussões de temática geral a partir dos princípios da obra freireana, o livro contém capítulos que buscam dialogar mais especificamente com o campo das tecnologias digitais na educação e a EaD. Nesses casos, reforçam diversos princípios do pensamento e da práxis freireana, mas se fragilizam ao revelar dificuldades par abordar especificidades das práticas ciberculturais e dos sujeitos que atuam em redes, distanciando-se por vezes de problemáticas centrais do campo do ensinar e do aprender hoje. Paulo Blikstein (Stanford University), em capítulo intitulado Paulo Freire vai a Palo Alto: tecnologias e pedagogias ensinar progressistas, argumenta que a busca de uma real "educação personalizada" e da Cultura Maker nas escolas de elite localizadas no coração do capitalismo norte-americano abrem espaço para muitas ideias de Freire hoje naquele país, onde tradicionalmente já estão muito presentes nas iniciativas da educação progressista junto às camadas menos favorecidas economicamente.

Na seção da obra dedicada ao Ensino Superior, Paulo Roberto Padilha (USP) contribui com o capítulo intitulado EAD freireana como educação emancipatória e criativa, com base na colaboração com fins de formação crítica e construção criativa e coletiva do conhecimento em comunidades virtuais de aprendizagem, ainda que de forma pouco detalhada e sem tratar de muitas das especificidades de práticas atuais dos estudantes com tecnologias digitais em rede. Anderson Fernandes de Alencar (USP/UFRPE) é o autor do capítulo Lições do passado e educação do futuro: informática, software livre e compartilhamento do conhecimento em Paulo Freire. Com base em pesquisa para sua dissertação de mestrado, o autor apresenta aspectos da filosofia do software livre e menciona brevemente o que chama de Pedagogia da Migração, referindo-se a experiência de troca de software proprietário por software livre por uma ONG pesquisada. No tópico sobre compartilhamento do conhecimento,  relata a experiência do projeto “Paulo Freire Memória e Presença: preservação e democratização do acesso ao patrimônio cultural brasileiro. O autor aponta também para o papel das metodologias da sala de aula invertida, do ensino híbrido e da produção de conhecimento com liberdade e autonomia para o futuro da educação de base freireana.


Nenhum comentário:

Postar um comentário