Se no Brasil um dos destaques no campo dos estudos da Inteligência Artificial foi o lançamento de um relatório sobre o uso da IA nas universidades intitulado "IA e Ensino Público Superior no Brasil Recomendações para políticas institucionais de governança" (link), fora daqui alguns pesquisadores repercutiram duas publicações importantes de colegas da área e que servem de contraponto ao que parece ser a naturalização da IA na educação formal.
Primeiro, o pesquisador James O'Sullivan publicou um ensaio provocador em sua página no Substack questionando se não seria o caso de as universidades serem iletradas em IA (link). Com isso, o autor quis chamar a atenção à falta de críticas à incorporação dessas tecnologias na universidade e o papel dessas instituições em atuarem como um espaço para crítica e reflexão sobre o fenomeno. Eles escreveu: "O ensino superior há muito se orgulha de resistir às demandas do imediatismo. Não produzimos estudos na velocidade da tendência; deliberamos, criticamos, contextualizamos. Se aceitarmos esse ethos, então certamente uma das posições mais valiosas que um acadêmico pode ocupar é a de desinteresse deliberado - uma recusa epistêmica de naturalizar o determinismo tecnológico. Não adotar imediatamente a linguagem de tokens e transformers é preservar um espaço no qual o significado, a metáfora e a crítica humanística ainda podem importar".