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segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Relatório da Coursera traz indicadores de qualidade para a educação on-line

A plataforma educacional comercial Coursera acaba de publicar um relatório sobre referências de qualidade para a educação on-line baseadas na análise de dados das centenas de cursos e milhares de estudantes de todo o mundo atendidos pelo serviço on-line os últimos anos (link). A qualidade, no caso, é definida pela Coursera em termos de engajamento dos estudantes (percentual de conclusão dos cursos), satisfação (boas avaliações discentes), desenvolvimento de habilidades (notas nos testes) e impacto na carreira (conforme relatado pelos estudantes em enquetes da plataforma). 

As recomendações trazidas no documento não surpreendem profissionais engajados no aprendizado online: mantenha os vídeos curtos (máximo de 10 minutos cada), mantenha os cursos curtos (4 semanas de duração no máximo), forneça atividades e práticas envolventes e significativas para os estudantes e seus interesses e necessidades, e ajude os estudantes a aplicar suas novas habilidades, o que aprofunda o aprendizado deles. 

Sobre o ensino: "Projetos práticos e atividades de programação podem resultar em taxas 30% mais altas de desenvolvimento de habilidades, além de ganhos em satisfação e resultados na carreira", afirma o documento. Sobre a aprendizagem: "Os alunos que participam de fóruns de discussão desde o início do curso possuem 25% mais chances de concluir o curso. Envolvendo-se com um comunidade ajuda os alunos a alcançar seus objetivos". 

terça-feira, 2 de outubro de 2018

A "plataformização" da educação

No artigo intitulado Social media platforms and education, os pesquisadores holandeses Jose van Dijck e Thomas Poell descrevem e analisam o fenômeno chamado "plataformização da educação", ou seja, os novos processos -- geralmente ligados a interesses da iniciativa privada -- que utilizam plataformas digitais semelhantes às das mídias sociais para atividades de ensino e de aprendizagem. E que, ao faze-lo, geram milhares de dados sobre o comportamento de alunos e professores que, por sua vez, são analisados e utilizados para alimentar novas ações que, em tese, buscam aprimorar a aprendizagem massificada.
O fenômeno congrega elementos da arquitetura do software que sustenta o funcionamento dessas plataformas, os modelos de negócios dos cursos oferecidos e a enorme quantidade de dados gerados pelas ações dos usuários. Os autores indicam dois elementos que são cada vez mais relevantes em ambientes de educação on-line: a dataficação (processos intensivos de coleta e análise de dados, datafication no original) e a mercantilização (commodification no original), analisados através dos exemplos das plataformas AltSchool (usada na educação básica) e Coursera (usada na educação superior) . O texto foi originalmente publicado no Handbook of Social Media, lançado em 2018.

Dentre as diversas conclusões dos autores, destacam-se: "Primeiro, as plataformas educacionais tendem a subjugar seus princípios pedagógicos aos mecanismos de mídia social; segundo, a eficácia dos softwares educacionais e dos sistemas de rastreamento de dados nas escolas e universidades até agora foram mal testados, mas ainda assim são apresentados como soluções muito necessárias para instituições educacionais desatualizadas; e terceiro, a incorporação da educação on-line em um mundo global de plataformas comerciais de alta tecnologia pode transformar [no sentido de descaracterizar] a noção de educação como um bem público".

E finalizam: "Ao considerar as mídias sociais como plataformas em vez de apenas ferramentas, queríamos chamar a atenção para o poder de sua dinâmica subjacente. As plataformas on-line não afetam apenas os processos básicos de aprendizado e ensino, mas também afetam as formas pelas quais a educação é organizada em uma sociedade cada vez mais orientada a dados e baseada em plataformas".