Em editorial intitulado Why we need critical pedagogy in post pandemic interactive learning environments (Porque precisamos da pedagogia crítica em ambientes interativos de aprendizagem pós-pandêmicos), Pericles ‘asher’ Rospigliosi, pesquisador da Universidade de Brighton, destaca a importância global das ideias de Paulo Freire e do livro Pedagogia do Oprimido na mais recente edição do periódico Interactive Learning Environments (link). Rospigliosi enumera três elementos centrais das formulações do educador brasileiro para o campo dos ambientes interativos: abraçar a pedagogia crítica, identificar os riscos de uma cultura do silêncio e reconhecer as deficiências do modelo bancário de educação. Nesse sentido, o autor critica o fato de que "existem muitos ambientes de aprendizagem interativos onde o aluno é visto como um recipiente passivo no qual o conhecimento é colocado" e frisa que "o modelo bancário é bastante evidente em muitas abordagens de ensino vistas como treinamento, por exemplo, ao usar a gamificação para desenvolver a conformidade".
Rospigliosi também afirma que "muitos sistemas de aprendizagem, a inteligência artificial e os algoritmos podem (e o fazem) codificar e perpetuar padrões de injustiça racial e cultural" e alerta para o fato de que sistemas digitais podem desempoderar usuários através de práticas de vigilância em rede. E finaliza: "O uso de sistemas interativos de aprendizagem pode ser um imenso poder para o bem: ampliando o acesso e facilitando o compartilhamento de ideias e ideais, mas para que essas oportunidades sejam plenamente realizadas, precisamos incentivar uma pedagogia crítica em professores, alunos e aqueles que constroem, compram e gerenciar nossos ambientes de aprendizagem interativos".